quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Meus pontos fortes

Ontem eu falei sobre prazeres e gratificações, tratados no livro "Authentic Happiness" (Felicidade Autêntica), do Martin Seligman. A ideia é que, nas atividades que geram gratificação, a gente usa nossos pontos fortes - as características positivas mais intensas que possuímos, entre as 24 que existem. Para descobrir quais são os da gente tem, tem o teste no livro e, em inglês, aqui (é o VIA Survey of Characters Strenght ).

 Acho bacana o fato do Seligman acreditar que a gente não deve esquentar muito em melhorar nossos pontos fracos, não. Ele acha que a gente deve gastar nosso precioso tempo explorando os fortes, isso sim.

Fiz o teste e o resultado é que meus 5 pontos mais fortes são:
1) amor à aprendizagem
2) curiosidade e interesse no mundo
3) pensamento crítico e cabeça aberta
4) cuidado, prudência e descrição
5) criatividade, engenho e originalidade

Infelizmente (e sem nenhuma surpresa), ternura e generosidade ficaram lá no fim, junto com modéstia e humildade, só perdendo para espiritualidade e fé. Então eu não só tenho um coração peludo como sou pretensiosa, como já disse uma leitora que andou por aqui (é, perdão e misericórdia também não ficaram bem classificados).

Mas isso não é problema, porque o Dr. Felicidade disse que eu devo me concentrar nos meus pontos fortes! Então eu tenho mesmo que continuar lendo loucamente, criticando a humanidade e tendo ideias estapafúrdias. Basicamente, ele me deu permissão para ser eu mesma (o que é o primeiro mandamento do "Projeto Felicidade", lembram?).

Só que meus mandamentos também incluem "Seja generosa" e "Pense em seus amigos". Porque ser eu mesma seria um prazer, mas não uma gratificação, não é?

Brincadeira. É claro que o Seligman não quer que eu deixe de desenvolver vários aspectos positivos da minha personalidade. O conselho dele é que, no meu trabalho e no meu tempo de lazer, eu busque atividades nas quais eu use principalmente meus pontos fortes, não os fracos. Desse jeito, vai ser mais fácil me sentir realizada e feliz.

Achei que faz todo o sentido.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Prazer x gratificação, segundo o Dr. Felicidade

O Martin Seligman é um pesquisador em psicologia positiva, o ramo dessa ciência que estuda felicidade, prazer, virtudes, talentos (só coisa boa). Ele é conhecido como Dr. Felicidade, por razões óbvias, e escreveu alguns livros para leigos bem interessantes.

Em "Authentic Happiness" (em português, "Felicidade Autêntica", da editora Objetiva),o Dr. Felicidade fala que emos dois tipos de emoções positivas no presente: prazeres e gratificações. O prazeres são momentâneos e fortemente sensoriais: comer chocolate, sentir um aroma gostoso, deitar em uma cama macia. Eles são passivos, envolvem pouco ou nenhum raciocínio e muita emoção.

Já as gratificações são ativas, como ler um bom livro, dançar, fazer um gol, ter uma conversa ótima com alguém. Elas nos absorvem totalmente, duram mais que os prazeres, envolvem bastante raciocínio e interpretação, e usam nossos pontos fortes (falo mais disso no post de amanhã). Durante a atividade, a gente se concentra, temos sensação de controle e o tempo pára.

É bom ter prazeres E gratificações. Uma vida só de prazeres, embora confortável (e o sonho de muita gente), não é tão boa quanto parece. Depois de um tempo, a gente fica indócil. As gratificações exigem esforço, mas valem a pena.

Sabe aquelas épocas da vida (geralmente nas férias) em que está tudo muito bem - a gente está se divertindo e saindo e vendo filmes e comendo pipoca -, mas começamos a nos sentir meio desconfortáveis? E não conseguimos entender a razão, já que estamos fazendo coisas legais o dia inteiro? Pode ser isso - prazeres demais e gratificações de menos (ou nenhuma!).

Sei que isso aconteceu comigo no sabático. Achei que era por causa da minha chatice intrínseca, mas agora acredito que seja por causa desse desequilíbrio aí. Agora que na minha rotina tenho meditação, gratidão, exercício e posts analisando o que ando lendo e pensando, não deixo de aproveitar os passeios e viagens e estou mais feliz.

* * *

Vou ficar uma semana com internet meio errática. Programei posts para esse período, mas vou ficar um pouco ausente dos comentários. Assim que eu puder, eu volto 100%!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O que eu faço eu mesma

No último post, recebi um comentário do Washington perguntando minha opinião pessoal sobre o faça você mesmo. Bem... Eu acho mesmo que não há uma resposta que seja certa para todo mundo sobre o que se deve fazer sozinho, mas vou contar então o que funciona para mim.

Resolvi que lavar meu carro eu mesma não vale a pena. Eu demoro demais e o resultado é péssimo. Mas o motivo mais importante é que eu lavo o carro pagando com o cartão de gasolina que eu ganho no trabalho. 

Eu tenho feito faxina no apartamento novo e as outras tarefas domésticas. A gente já se mudou há 2 meses e por enquanto tem funcionado bem. No entanto, eu tenho pensado em contratar uma faxineira uma vez por mês para fazer uma faxina mais pesada, lavando janelas e debaixo dos móveis. Talvez...

Todos os móveis que eu e o namorado compramos, a gente montou sozinhos (fora as mesas do escritório, que vieram com montagem grátis). Vou confessar que o rack deu um trabalho do cão. Se fosse para fazer de novo, dependendo do preço, talvez eu tivesse contratado alguém.

Eu não gosto de cozinhar. Eu tendo sempre a comer o que for mais fácil possível de preparar, como frutas e saladas. Mas algumas refeições eu tenho feito em conjunto com o namorado. Ele conduz a preparação dos pratos e eu fico lavando e picando coisas. Vez ou outra a gente pede coisa para comer. Então no quesito alimentação eu acho que fica meio a meio.

Sobre reparos e customização em roupas, eu tenho sorte de ter uma avó e uma sogra que costuram bem, e eu me aproveito disso. Eu tenho muita vontade de aprender a costurar, mas ainda não comecei.

Pequenos reparos na casa a gente tem feito também. Quando tivemos um problema com a descarga, que era mais complicado, chamamos um bombeiro. Eu tinha medo de tentar mexer nessas coisas - como consertar tomadas e chuveiro, colocar prateleiras etc. - mas o namorado tem me ajudado a superar isso.

Outras coisas que eu mesma faço: declaração de imposto de renda, investimentos financeiros, lavar e passar roupa, engraxar sapato, organizar viagens (não compro pacotes).

E algumas coisas que eu pago para fazer: refeições muito específicas ou durante viagens (não vou perder tempo), consertos no carro, lavagem de roupas de festa, unhas no salão.

Por enquanto, é o que eu estou lembrando, mas com certeza tem outras coisas. Lembrando que são escolhas pessoais e que dizem respeito unicamente às condições da minha vida. Cada um tem as suas e deve tomar decisões se baseando nelas.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Quero ter um gatinho

Quando eu era criança, era louca para ter um animal de estimação. Minha mãe não gostava nem de bicho de pelúcia ("só serve pra juntar poeira!"), quanto mais de bicho de verdade. O máximo que consegui, durante pouco tempo, foi um coelhinho branco, que ficava no sítio e morreu rapidinho.

Já o Leo sempre teve cachorro em casa. Ele adora, e vive parando na rua para brincar com os cachorros alheios. Pensamos em ter um, mas concluímos que dá bastante trabalho e é complicado para quem gosta de viajar. (Consta que, se você deixar comida suficiente para uma semana para um cachorro, ele vai comer tudo, passar mal, e depois passar fome nos dias restantes. Sem falar que eles não gostam de ficar sozinhos).

Quanto aos gatos, eu achava um bicho bonito, mas independente demais. Eles não dão muito bola para desconhecidos, né?

Aí conheci os gatinhos da Turquia, da Grécia e dos Bálcãs. Eles são muito afetuosos e fofinhos. Estão pra todo lado, bem cuidados e alimentados. E se esfregam na gente e se esticam todos para ganhar um carinho.

Em Ohrid, na Macedônia, este gatinho gostou tanto da gente que ficou brincando conosco um tempão. Morremos de dó de deixá-lo para trás.


Li um livros sobre gatos e estou desconfiada de que sejam meu bicho de estimação ideal.

* * *

Aí fico pensando em como animais de estimação se encaixam em uma vida minimalista. Eles dão trabalho e despesa, ocupam espaço e criam obrigações. Mas, por outro lado, são justamente uma das razões que fazem com que as pessoas desejem ter mais tempo livre!

Ou seja, eles enriquecem a vida, e é isso que a gente quer.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quando que o "faça você mesmo" vale a pena?

Nessa vida em que temos que tentar balancear a todo tempo os nossos gastos de tempo e dinheiro, a decisão de fazer você mesmo ou pagar alguém para fazer por você é muito frequente. Vai desde a comida, a limpeza da casa e do carro, a declaração de imposto de renda, consertar o chuveiro, customizar um móvel, remendar uma roupa... Muitas coisas.

Infelizmente, eu não tenho resposta pronta para essa pergunta. E nem acho que exista uma. A gente precisa refletir caso a caso, e pensar em um monte de coisas, para tomar as decisões que são melhores de acordo com as circunstâncias de cada um.

Você gosta de fazer a coisa? O tempo que leva para fazer compensa em comparação com o gasto? A qualidade final é melhor quando você faz ou compra pronto? E o quanto a qualidade é importante? Você tem tempo para fazer a coisa agora? Se não, pode esperar um pouco? Existe um meio do caminho interessante?

Não tenho a resposta, mas acho que as perguntas são importantes. Agir sem pensar antes leva a gente a fazer muitas escolhas erradas. Mesmo pensando antes, é normal cometermos alguns erros. Mas com o tempo vamos nos conhecendo melhor, e as respostas começam a vir com mais facilidade.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Onde não vale a pena pão-durar

O título deste post era "Onde não vale a pena economizar", mas eu mudei. Porque sempre vale a pena economizar! Economizar é pesquisar o preço mais baixo e abrir mão dos supérfluos. Pão-durar é deixar de gastar no necessário.

E eu sou a rainha do pão-durismo. Não, eu não sei gastar dinheiro. Se dependesse de mim, jamais teríamos comprado um sofá novo e abandonado os antigos, que haviam sido doados pelos parentes, não combinavam e tinham um rasgo no braço (devidamente disfarçado por um paninho de crochê). Quando comprei uma jaqueta de couro, depois de muito pesquisar (foi num outlet e custou metade do preço), achei tão caro que fiquei até tonta na hora de pagar. (E foi uma ótima compra: uso muito, ela é bonita e impermeável.) Minha irmã mais velha faz piadinhas sobre o escorpião que tenho no bolso. Minha irmã mais
nova disse que adotei o minimalismo para pão-durar mais à vontade. Etc etc.

Tem horas que o pão-durismo vem muito a calhar. Quando quisemos reduzir despesas e deixar de comprar, foi uma beleza. Mas tem momentos em que, óbvio, ele atrapalha a vida. Quando como deixei de comprar um remédio de sinusite porque achei muito caro (e no fim acabei comprando, depois de sofrer em vão por dois dias).

Pensei em trabalhar essa característica, mas concluí que eu não quero deixar de ser pão-dura: quero deixar de ser pão-dura nas áreas que importam. Assim, não prejudico a mim mesma, mas também não traio minha natureza (nem deixo sem casa meu escorpiãozinho de estimação, coitadinho).

Tenho pensado, e até agora as áreas que importam são:

1) saúde. Dá pra economizar (ter um plano de saúde co-participativo, comprar remédios genéricos), mas não pão-durar.

2) instrumentos para o que você faz muito ou gosta muito. Eu e o Leo compartilhamos um netbook e um tablet, e o tablet é bom para uma série de coisas (fazer ligações, usar mapas), mas não é bom para outras, como digitar posts e organizar fotos. A gente administra, mas tenho achado que eu escreveria muito mais se cada um tivesse seu próprio computadorzinho. Uma das razões de não ter é que a gente carrega tudo nas costas (quer dizer, nas malas). Ano que vem, estamos planejando ficar mais tempo em cada cidade e aí fica mais fácil ter um segundo "instrumento de trabalho".

3) refletindo...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A chaleira mágica, opa, elétrica

Os minimalistas adoram um objeto multiuso, aquele que tem várias utilidades. Eles são uma ótima maneira de economizar espaço e, às vezes, dinheiro, pois não precisamos de comprar vários itens separados.

Dito isso, objetos muito específicos podem ser uma mão na roda. Se são usados com frequência, a gente ganha tempo (além de conforto!), e não há bem mais precioso.

Nas casas em que a gente aluga, sempre tem uma chaleira elétrica. As cozinhas podem ser minúsculas, mas a chaleira está lá. Para mim, que tomo chá todo dia de manhã e muitas vezes à noite, é só alegria. Boto água na chaleira, aperto e botão e em pouquíssimo tempo tenho água fervente para o meu chazinho (ou para o macarrão instantâneo. Ou para o purê de batata em pó.)

Sim, dá pra esquentar água em uma caneca no fogão. Mas a chaleira elétrica ferve água tão rápido, e o aquecedor já é o próprio recipiente!

Investiguei na internet e descobri que tem pra vender no Brasil, a partir de 35 reais. Tão útil e não custa uma fortuna!

Vou querer uma para minha futura casa, e não tem conversa.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Eu não gosto de decoração minimalista

Apesar de a gente usar o termo minimalista para falar de um estilo de vida, o termo veio mesmo das artes, tendo uma grande presença na arquitetura e na decoração (veja mais na wikipedia).

Só que, apesar de eu adotar o minimalismo para um monte de coisas, devo confessar que não gosto muito da decoração minimalista.

Primeiro, que não curto o branco. Geralmente suja fácil, mancha e dá trabalha para limpar, o que me consome tempo e paciência, que eu prefiro usar para outras coisas. Além disso, uma decoração toda em branco não me transmite paz, mas me oprime. Parece hospício, ou aquele quarto branco do BBB cujo objetivo é deixar as pessoas meio loucas. Não, obrigada.

O que eu gosto da decoração minimalista são as superfícies lisas, os ângulos mais restos e a falta de enfeites. Não sou muito fã de enfeites sem utilidade a não ser enfeitar. Principalmente na minha casa, gosto de coisas práticas, fáceis de usar e de manter, mas nada disso me impede de encher a casa de cores.

A sala da minha casa. Tem ainda um rack vermelho que não está aparecendo na foto.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Mala minimalista para 4 meses (primavera/verão na Europa)

Dessa vez, fizemos as malas para a temporada de maio até setembro. Começamos no leste europeu (Bulgária, Romênia), passamos pelos países da ex-Yugoslávia (onde havia previsão de muito calor e paradas garantidas em praias e lagos), demos um pulinho pela Áustria e Hungria e vamos terminar em locais definitivamente friozinhos (Copenhague, na Dinamarca, e Islândia).

São quase cinco meses. Que passei com duas calças jeans, dois shorts, dois suéteres, três sapatos (incluindo chinelos), uma jaqueta de couro, seis blusas, um bíquini, um maiô e uma saída de praia (que nem usei).


O segredo é, claro, lavar roupa com frequência (a gente sempre aluga casas com máquina de lavar) e dar preferência às peças que não precisam de serem passadas a ferro (damos uma boa sacudida antes de colocar para secar e elas se comportam bem). Troco de meia todo dia e encho os sapatos de talco do Dr. Scholl. Quando paramos mais tempo em um lugar, aproveito para lavar os sapatos também. Andamos limpinhos e cheirosos por aí.

Os sapatos são um tênis preto de couro, uma sapatilha "comfort" preta (muito linda ela não é, mas engana) e chinelos Havaianas. A camisa azul e branca é minha saída de praia, mas andei usando meus shorts em cima do biquíni/maiô. Na mala também tinha pijama e um conjunto de ficar em casa: calça de moletom preta e blusa confortável.

Quando esfriar mais, o jeito vai ser fazer camadas: camisetinha de alça + camiseta + suéter + jaqueta de couro + cachecol. Na Islândia, onde as temperaturas devem estar abaixo de 10º C, vou usar também roupa de baixo térmica e luvas.

Em retrospectiva, a única mudança que eu faria seria trocar a camisa-saída-de-praia por um vestidinho fresco para usar nos dias mais quentes.

Todas as peças combinam com todas (até o short roxo com a blusa verde: não teve uma moda aí que botava peças coloridonas juntas?), mas o principal é que elas são confortáveis. Dá pra sentar no chão, subir em muros e cruzar as pernas feito índio sem pensar duas vezes. E, em viagem, conforto é importante, né? Mas, se eu quisesse sair mais arrumadinha, escolheria a calça jeans escura + blusa de alça preta + cachecol (e jaqueta de couro se estivesse frio).

Atualização: a previsão do tempo disse que as temperaturas na Islândia iam estar bem baixas, e o país é bem úmido, então acabei comprando um casaco preto impermeável, com capuz, na Dinamarca. Custou menos de 20 euros e não era nenhuma lindeza, mas quebrou o galho legal!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Gratidão


Já li em vários lugares que praticar a gratidão é bom para a saúde física e mental. Um bom exercício é listar várias coisas pela qual você se sentiu grata naquele dia. Ando fazendo isso todo dia na hora de dormir.


Fazer isso é uma das maneiras de combater a adaptação hedônica, aquela grande capacidade que o ser humano tem de se adaptar às coisas boas (e, portanto, logo ficar insatisfeito e querer mais). Focando na gratidão, a gente se lembra que tem muita alegria/conforto/oportunidade em nossas vidas.

Comecei com três motivos de gratidão, e foi facinho. De uns dias pra cá passei pra cinco, e aí tenho de pensar um pouco mais - mesmo assim, é coisa rápida. Sim, eu (e acho que todas nós) temos muitas razões para sermos gratas.

Parece bobo, mas tenho percebido que ando mais alegre ultimamente.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Projeto Felicidade ou felicidade para chatonildos

A autora do livro "Happiness Project", Gretchen Rubin, tinha uma vida normal e feliz, mas ela queria ficar MAIS. Aí ela passou um ano lendo tudo o que conseguia sobre felicidade e sobre as áreas que importavam para ela (relacionamentos, trabalho, lazer, dinheiro, espiritualidade) e, mais importante, aplicando o que aprendeu no dia a dia. E (o pulo do gato) controlando com planilhas.

Eu chamo o livro de Felicidades para Chatonildos porque: 1) a autora mesmo admite que ela tinha tudo para
ser feliz (família, amigos, segurança financeira, trabalho que ela ama) mas era menos do que devia; 2) ela não está disposta a fazer nada de muito diferente da sua rotina (como adotar o minimalismo ou buscar aventuras. Ou meditar).

Como eu me classifico entre os chatonildos (embore eu tope meditar), gostei muito do livro. Também achei muito prático: não é todo muito que pode/quer fazer mudanças radicais. Mas o mais legal foi a parte do controle: as tais planilhas. É muito bom ler textos de psicologia positiva sobre o que nos deixa mais felizes, mas quando é que a gente aplica aquilo mesmo? Pois a Gretchen escolheu um tema para focar a cada mês do ano, determinou 4 ações práticas para cada, e marcava todo dia se ela tinha atingido ou não aquele item. Funcionou!

E ela incentiva todo mundo a fazer seus próprios Projetos Felicidade, voltados para as vontades e necessidades de cada um. No site dela tem as planilhas que ela criou, para quem quiser se inspirar (em inglês).

Outra parte interessante do livro foi que, para ajudá-la durante o ano, ela criou 12 Mandamentos:

1. Ser Gretchen
2. Desapegar
3. Agir da maneira que eu quero me sentir
4. Fazer agora
5. Ser educada e justa
6. Apreciar o processo
7. Gastar o máximo
8. Identificar o problema
9. Ser leve
10. Fazer o que deve ser feito
11. Não calcular
12. Existe apenas o amor

Acho que todos nós temos "princípios internos" que nos ajudam a agir e a tomar decisões. O legal de fazer uma lista é que a gente pode incluir nela princípios novos - que não temos, mas queremos ter! Eu fiz a minha:

1. Seja você mesma
2. Seja generosa
3. Escolha a vida mais rica
4. Pense em seus amigos
5. Esqueça o ontem. Foque no amanhã
6. Viva o momento
7. Exercício é remédio
8. Nunca é tarde demais
9. O ótimo é inimigo do bom
10. Não se preocupe, se ocupe

Como o Projeto Felicidade é um apanhado de um montão de outros livros que foram escritos sobre felicidade (e trabalho, e lazer, e dinheiro...), ele levanta um montão de pontos interessantes. Acho que ele vai aparecer de novo por aqui...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A questionável ligação entre viver e gastar dinheiro

Volta e meia essa mensagem abaixo aparece em alguma rede social. Se ainda não leram, cliquem para ampliar:


Não deve ser surpresa para ninguém que eu não me identifico nada com o texto, além de achá-lo uma bobagem e um tipo de mentalidade muito perigoso. 

Logo no título, mas também ao longo de todo o texto, já fica clara a associação que a pessoa faz entre gastar dinheiro e viver, o que é lindo para o capitalismo, mas péssimo para todas as pessoas, porque gera uma compulsão por consumo que nunca é satisfeita, criando pessoas eternamente infelizes e frustradas, sem contar o desperdício e o esgotamento dos recursos naturais e não naturais do planeta.

Mais abaixo, a pessoa distorce o exemplo didático da café - não sei se para justificar seu consumismo para si mesmo ou por má fé. É didático. Ninguém está falando para você nunca tomar café. A mensagem é que a gente perde muito dinheiro sem perceber com gastos pequenos por não considerar que a soma deles pode ser significativa. Ninguém está falando para você nunca mais tomar café, mas talvez deixar de tomar quando não está com vontade (quanta coisa a gente faz só por hábito e depois vai perceber que nem queria) ou fazer o próprio café no escritório e só vez ou outra tomar na rua. Enfim... A vida é cheia de escolhas, e a lição é que a menor delas, quando repetida continuamente, pode ter um grande impacto.

Logo depois, no final da primeira coluna, vem o argumento que me mostrou de fato que o texto não é para mim: o cara valoriza "comprar roupas caras". Vejam... Ele não está falando de roupas bonitas, de alta qualidade, confortáveis. O atributo que ele valoriza nas roupas é elas serem caras. Isso só faz sentido ser valor para quem que mostrar que tem dinheiro, se diferenciando dos pobres, em um contexto de desigualdade social, o que para mim é uma coisa desprezível.

Então ele fala mais de gastar com itens supérfluos (ele usa exatamente esta palavra) e que hoje é pobre, mas não se arrepende. Acho uma tremenda falta de respeito com quem realmente é pobre e passa necessidade na velhice. Ninguém que realmente enfrente dificuldades financeiras quando já está mais velho vai ficar faceiramente falando que está feliz de ter gasto com futilidades. 

Para fechar com chave de ouro (só que não), vem uma citação em que é vangloriado o valor (e não o preço) das coisas. Sim. Das coisas. Roupas caras, cafés, pizzas e itens supérfluos e descartáveis. Ele quer ensinar para o seu filho que isso é o importante na vida: as coisas que se compra. Complicado, não?

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Agora eu medito, sim!

Graças às dicas e ao incentivo que recebi aqui quando confessei que não conseguia meditar, faz duas semanas que eu medito (quase) todo dia.

Acho que o mais importante foi parar de ler e começar a praticar. No "Meditation for dummies", pulei um monte de páginas até chegar às instruções. Eu faço assim: sento de pernas cruzadas no chão, fecho os olhos e foco na respiração. Durante dez minutos. Quando eu me distraio, volto a focar na respiração. O livro ensinou a contar 1 para a inspiração, 2 para a expiração, até 10, e começar de novo. Usei durante uma semana, e agora penso "in" na respiração, "out" na expiração. E é isso.

Uma coisa importante foi aprender a controlar o tempo: como saber quando passaram dez minutos? Pesquisei na internet e descobri que não tinha problema abrir os olhos de vez em quando para checar o relógio, contanto que não fosse necessário mexer a cabeça ou o pescoço. Ou seja, o ideal é que o relógio fique bem na minha frente. Descobri também que existem aplicativos grátis para ajudar a tarefa, e baixei o "Meditation helper", que é basicamente um relojinho digital regressivo.

O que estou achando de meditar? Ótimo! Pode ser o efeito placebo (eu sou a pessoa mais impressionável do mundo), mas estou sentindo mais facilidade em me concentrar no momento presente, o que era meu objetivo. O horário que escolhi foi o fim do dia, e já fico mais relaxada para deitar (não que dormir seja um problema pra mim. Dormir é meu superpoder).

sábado, 9 de agosto de 2014

Mais de um caminho para a felicidade

É óbvio, mas às vezes nos escapa: existe mais de um caminho para felicidade. Ou seja, o que nos faz feliz não necessariamente faz o vizinho. E vice-versa.

Isso não quer dizer que vale tudo. Não sei se a pessoa consegue ser feliz com dívidas constantes, ou com a casa cheia de tralhas que demandam trabalho para limpar e conservar, ou correndo atrás da satisfação de ter o lançamento mais novo e mais caro. Mas, dentro de um espectro, há quem precise de muitos amigos, e quem precise de poucos; quem fique contente com uma casa bem vazia e quem fique satisfeito se eliminar os excessos; os que gostam de viajar e os que preferem curtir seus lares.

Então, o importante é se conhecer e agir com coerência. O problema é: como se conhecer, se não por meio de experiências? Não quer dizer que a gente precise testar tudo (só de pensar em bungee jumping, por exemplo, eu tenho arrepios), mas fincar o pé em tudo que acreditamos que somos pode empobrecer nossas vidas. Primeiro porque a gente pode não se conhecer tão bem assim. Segundo porque as pessoas mudam, por incrível que possa parecer.

Eu sei, é uma chatice: o segredo é ser fiel a si mesmo, mas não fiel demais.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Desapegando da necessidade de ser

A gente sempre vê por aí aquela máxima de que é mais importante ser do que ter. Até que concordo um pouco. Possuir e acumular objetos não deveria ser tão valorizado quanto é, o que só aumenta o consumismo e gera uma insatisfação constante.

O problema é que há hoje uma pressão por "ser" que também não me parece saudável. Gera tanta ansiedade e frustração quanto a pressão do consumo, e na maior parte das vezes também consome tempo, dinheiro e nossas energias.

A gente tem que ser feliz, bem sucedido profissionalmente, rico, saudável, magro, culto, viajado, falante de várias línguas, praticante de esportes, bem informado, engraçado, sociável, bem humorado... Bônus se a gente tocar um instrumento, saber dançar ou desenhar, cozinhar pratos exóticos... A lista é enorme. No caso das mulheres, temos ainda toda uma pressão para sermos bonitas.

Eu lembro da época da faculdade em que a Lud brincava que sempre estava na capa da revista que "fulana perde 20 quilos" e que a gente ficava se comparando e se sentindo mal, quando na verdade a gente conquistava várias outras coisas que não apareciam nas capas de revista, como passar no exame da OAB (ela tinha acabado de fazer o exame, na época). É um ponto válido. 

Mas não pára por aí. As exigências da sociedade não são apenas estéticas. Há toda uma lista de coisas na vida que você deve ser. É tão exaustante, e tão limitador. 

É preciso tomar cuidado para não entrar nessa neurose, e para não substituir uma compulsão (a de consumir) por outra (a de ser).

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Pra você é fácil

(Gente, me desculpem por não ter respondido aos comentários do último post. É que a internet está precária! Quarta-feira devemos voltar à normalidade e eu respondo.)

Uma vez uma pessoa deixou um comentário aqui no blog dizendo que para mim era fácil tirar um sabático, porque eu tinha conseguido uma licença não-remunerada e tinha emprego garantido na hora de voltar. Fiquei danada da vida, porque eu não achei o processo nada fácil: a decisão, o desapego, a burocracia, tudo isso deu um trabalho medonho, tanto interno quanto externo. Foi divertido, desafiador e eu estava cheia de esperança e expectativa, mas fácil não foi.

Em retrospectiva, consigo enxergar que, na verdade, ela quis dizer que para mim foi mais fácil do que seria para ela, ou mesmo para a maioria das pessoas. Ou, melhor dizendo, menos difícil.

E eu concluo que difícil, difícil mesmo, foi tomar a decisão. Foi dizer: "é isso que eu quero", e não aquilo outro. E decidir bancar as consequências da decisão, as boas e as ruins. E abrir mão do que não cabia nessa decisão (a casa montada, as economias da vida, os avanços no trabalho, a presença da família e dos amigos durante muitos meses).

De fato: tomada a decisão, o resto até que foi fácil.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Desapegando das roupas velhas, parte III

Depois da última reflexão, fui dar um jeito de desapegar de algumas peças de roupa velhas do meu armário. Por uma dessas coincidências da vida, uma prima minha me ligou dando a ideia de a gente fazer um novo encontro de trocas

Então, juntei todas aquelas coisas que eu queria doar e ainda algumas roupas que ainda estavam novas, mas que eu não gostava muito. Se as minhas primas gostassem, eu ficaria mais feliz de tê-las usando as peças do que se fosse eu. 

Encontramos, nos divertimos e trocamos muita coisa. Só que todas levamos mais coisas do que pegamos das outras (o que nos faz pensar no tanto que consumimos, certo?). Então tivemos a ideia de juntar todo o excesso e doarmos. Minha prima levou duas sacolas para doar na igreja dela e minha irmã levou mais um tanto de sacolas para doar na escola pública em que ela trabalha.

Foi uma ótima oportunidade de encontrar pessoas queridas, renovar o guarda-roupa, se livrar de coisas desnecessárias e ainda ajudar quem precisa. Só pontos positivos.

As sacolas que minha irmã levou para doação. Muita coisa!