quinta-feira, 10 de julho de 2014

Cortar aqui para ganhar lá

No dia 30 de junho, eu e o Leo completamos 1 ano e meio de sabático. Foram 18 meses de alegria, descobertas, momentos mágicos e alguns perrengues. E de despesas, claro. Todo mês, sai um monte de grana e não entra nada. (Tecnicamente não é verdade: as economias que estão no banco rendem um dinheirinho todo mês. Mas ele está bem longe de cobrir os custos. E, claro, diminuem com o passar do tempo, pois o principal está sendo gasto.)

O interessante é que, consultando nossas planilhas, descobrimos que tudo o que a gente gastou até agora (do ínicio de 2013 ao meio de 2014) foi exatamente igual ao que conseguimos economizar no ano de 2012. Ou seja, um ano de cinto apertado financiou um ano e meio de viagens. Nada mal!

Falando assim parece que somos milionários, né? Mas não somos, não. 2012 foi o ano em que mais ganhamos dinheiro, e em que mais guardamos, na vida INTEIRA. Primeiro porque nós dois estávamos trabalhando (houve uma época no nosso casamento em que o Leo se dedicou totalmente aos estudos). Segundo porque a gente vendeu um monte de coisas, inclusive o carro, e cortou despesas sem dó.

Foi um sacrifício? Bem, alguns cortes doeram mais que os outros. A gente nunca foi muito de sair mesmo, então não sofremos demais com isso. Já a mudança foi mais dramática: o apartamento anterior era bem bonito e confortável. Mas, como a gente estava focado no resultado (três anos de viagem!), as medidas de economia não doeram tanto assim.

O que eu quero dizer é que, embora as pessoas esperem da gente um certo "padrão de vida" (ô expressão odiosa!), no fim do dia quem arca com as consequências das nossas decisões somos nós. Não há nada errado em consumir, mas se todos os nossos esforços e objetivos estão concentrados na aquisição de novos bens, se a nossa definição de sucesso se resume a um carro novo e a um apartamento maior, tem alguma coisa errada aí, não? (Ou não. Você decide.)

11 comentários:

  1. Concordo plenamente. Temos que pensar na nossa definição de sucesso e principalmente na nossa qualidade de vida, mas o mundo parece exigir um padrão silencioso. O caminho é aprender a equilibrar e seguir o que você quer fazer

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    1. E é difícil, né? Bom que hoje em dia a gente tem a internet e consegue alcançar as comunidades que pensam parecido com a gente.
      Beijos

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  2. Vixe, essa história de que as pessoas esperam um certo "padrão de vida" da gente é brabo mesmo... mas é verdade, existe isso sim! eu sinto fortemente da família e dos grupos de amigos, trabalho, e etc... O duro é que se a pessoa ficar trabalhando para ter esse suposto padrão exigido, ela nem sabe ao menos quem é, o que gosta, não sabe o que quer da vida... sabe, acho que o bom é ser fiel aos próprios princípios, e hoje (ainda bem) tem muita gente que faz esses questionamentos que você fez, assim temos amigos com ideais comuns! :) eu detesto a ideia de ficar sozinha! :)

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    1. Acho que é mais fácil a pessoa fazer o que todo mundo acha que traz felicidade do que parar pra pensar se é isso mesmo. Dá trabalho, né?

      Também acho fantástico ter amigo com os meus ideais. Remar contra a maré não é fácil, e sozinho é mais complicado ainda!

      Beijos

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  3. Gostei muito desse texto, me deu ainda mais força pra viajar sem ter dinheiro.
    Só gostaria de ressaltar algumas coisas quanto ao consumo. É claro que precisamos adquirir algumas coisas para sobreviver, mas devemos tomar muito cuidado com isso. Estamos destruindo o planeta e a humanidade, precisamos consumir conscientemente, sem criar pobreza nem destruindo o planeta.
    :)

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    1. Concordo! Não é questão de parar totalmente de consumir (acho que água encanada, energia elétrica, um teto, comida, roupa e produtos culturais são importantes pra todo mundo), mas consumir conscientemente.
      Beijos

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  4. Ótimas perguntas, Thais!

    O que valeu mais a pena cortar foi o apartamento. Mudando para um lugar menor e mais barato, a gente economizou mais de metade do aluguel, que era a nossa maior despesa. E tem outra: a gente se acostumou a viver em lugares pequenos e menos confortáveis,

    Cheguei a cogitar em eliminar o meu consumo de chocolate, rs, mas fiz as contas e vi que o impacto financeiro seria muito pequeno, e a diminuição de alegria em minha vida, muito grande. Então deixei quieto.

    Estou pensando aqui, mas acho que não mudaria nada na preparação. Se a gente tivesse se mudado mais cedo, economizaria mais, mas estávamos esperando o prazo mínimo do contrato de aluguel do primeiro apartamento vencer.

    Beijos

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  5. meu sonho e conseguir fazer um sabatico tambem. Mas nao tenho a minima noçao dos custos disso, nao tenho a minha ideia se o que eu economizei ate agora e suficiente ou nao....
    Como voce fez esse calculo?

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  6. Anon,

    como a gente já tinha viajado para o exterior, tínhamos uma ideia do valor necessário para viver no dia a dia. Tudo depende dos lugares que você quer conhecer: na Europa mesmo, há países bem baratos (Bulgária, Bósnia), médios (Portugal e Espanha), caros (França, Inglaterra) e caríssimos (países nórdicos). Turismo no sudeste asiático é barato; no Japão, é caro. Se você ler o blog www.ludleopelomundo.blogspot.com, vai ver que sempre colocamos o que gastamos em cada cidade.

    Pra calcular o valor necessário, some:
    1) o preço da passagem. Tem de pesquisar, porque há muita diferença entre épocas diferentes.
    2) a estadia. A gente acha que o Airbnb oferece alugueis a preços interessantes (é claro que também tem estadias caríssimas).
    3) o dia a dia. A gente economiza muito cozinhando em casa e não faz extravagâncias. Esse é o básico, mas já dá pra ter uma ideia.

    Antes de tudo, defina o objetivo do seu sabático. Descansar? Viajar? Estudar línguas? Todas as acima? Sabendo o que você quer, fica mais fácil definir destinos e começar a pesquisar valores.

    Mais dúvidas, é só perguntar - mas dá uma olhadinha no outro blog, tem muita informação.

    Boa sorte nos seus planos!

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  7. A "receita" do bem-estar é individual, sempre. A Andreia aí em cima colocou com precisão: tem que ser fiel aos próprios princípios. Sucesso certamente não é ter o carro do ano nem um apê maior, mas também não é o número de países que já visitamos. Adoro viajar, é um dos prazeres da vida. E pra mim, pessoalmente, um momento mágico em cada viagem é quando volto pra casa, e me sento em minha poltrona preferida, com uma taça de vinho na mão, olhando o horizonte familiar...Adoro ir...e adoro voltar para o meu lugar.

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  8. Vania, eu também adorava voltar pra casa. Agora, "casa" é cada lugar onde a gente fica por mais de 5 dias, rs.
    Beijos!

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