terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ser autêntica

Uma coisa que tenho percebido é que, em geral, os europeus são bem mais diretos do que os brasileiros. Se ele te convida pra ir na casa dele, é porque ele quer que você vá à casa dele. Se ele marca um horário, é porque ele espera que você chegue naquele horário. E, se você pergunta pra ele "se ele quer alguma coisa", ele vai achar que a pergunta é genuína e pode querer, sim (vide o caso do holandês que respondeu com "sim, um belo tecido japonês para decorar minha casa").

Isso faz com que eles sejam bem menos simpáticos do que os brasileiros, claro. E é claro que tem brasileiros que são genuínos em seus convites e desejos. Mas eu acho que a gente tem toda uma cultura de "passa lá em casa" e "vamos combinar qualquer coisa" que é só palavrório. Tenho uma prima (adorável, por sinal) que, toda vez que a gente se encontra em uma festa de família, fala "vamos nos encontrar sem falta, eu te ligo esta semana". E nunca liga.

Então, como eu também nunca fui muito boa nesse jogo social, estou tentando trocar as palavras vazias por vontades verdadeiras. Até porque o "vamos combinar" é tão automático que eu não paro pra pensar se quero ficar mais próxima da pessoa. Se sim, tenho de fazer um esforço extra, né? Como ligar para a minha prima, em vez de ficar esperando que ela faça isso.

Enfim, esse papo todo é pra dizer que tenho tentado ser mais autêntica, mais em contato comigo mesmo. E ser direta com as pessoas é uma boa maneira de fazer isso. Ao mesmo tempo, quero também ter mais empatia, e acho que conhecer a mim mesma é um bom primeiro passo.

25 comentários:

  1. Olá, gostei particularmente deste texto, e embora esteja na Europa aqui em Portugal também acontece muito isso do "vamos combinar qualquer coisa" que sao só palavras sem intenção. Penso que isso deve ser diferente sim, e directo não precisa necessáriamente de ser mais antipático, tudo vem da maneira como se dizem as coisas, ver a entoação e as palavras, mas com a intenção verdadeira :)

    ResponderExcluir
  2. Eu sou bem autêntico e sincero quanto a isso, porém existem muitas ocasiões que a pessoa fala essas coisas pra mim, e eu sei que nunca vai acontecer, acabo balançando a cabeça concordando, somente.

    Eu acho o máximo essa sinceridade dos europeus e estadunidenses, quanto a marcar um horário, porque é um saco esperar horas por alguém.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se não for pra chegar na hora, então pra que marcar horário, né?

      Excluir
  3. Concordo muito Lud. Eu fiz um curso na Alemanha e em dado momento o pessoal foi marcar um jantar, um dos rapazes disse que não estava a fim, hehehe, na hora achei a maior grosseria, para mim, se ele não queria ir poderia dar uma desculpa, como fazemos. Até que percebi que ninguém se chateou, eles acham ofensivo você dar uma desculpa, é só dizer que não quer ir, ora.
    Achei sim mais honesto e autêntico, se alguém vai a sua casa é porque quer ir e não para cumprir obrigação social e não ser o chato.
    Ilka

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo inteiramente: tão melhor ser sincero em vez de ter que inventar que não está passando bem ou que surgiu uma emergência no trabalho...

      Excluir
  4. Marido e eu sempre conversamos sobre a aparente displicência que nós, brasileiros, temos com o idioma. A gente fala coisa que não sente, não pensa e muitas vezes que não precisava ser dita.

    Isso sobre não respeitar horário, eu já ouvi de conhecidos que a falta de educação era de quem chegava no horário marcado porque é de conhecimento geral que se deve acrescentar meia, uma hora ao início dos compromissos. Mundo bizarro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também já ouvi esta explicação. É mesmo bizarra.

      Excluir
    2. Sim, é aquela coisa de "ninguém chega na hora". No futuro, pretendo avisar: "eu chego na hora, então me digam que hora é pra chegar".

      Excluir
  5. Nos meus primeiros anos no Rio de Janeiro sofri muito com a falta de compromisso. Quando alguém me dizia que iríamos fazer alguma coisa num determinado dia, aquilo para mim já estava certo. Em poucas semanas aprendi que aqui não era bem assim.

    Já são oito anos nesta nova realidade. Tento não cometer os erros que (ainda) recrimino, mas já me peguei algumas vezes repetindo o "vamos nos ver" e depois não fazendo nada para tornar o encontro realidade.

    Única coisa que não mudei foi o compromisso com o horário. Se me convidam para algo às 20h, estarei lá às 20h. Os amigos já sabem que sou assim - tanto que quando marco algo em casa, praticamente todo mundo chega na hora agendada.

    ResponderExcluir
  6. Sou brasileira e amo o meu país , mas tem certas coisas que me irritam no mode de vida , atrasos, descaso com certas regras e principalmente essa obrigação de ser sociável e simpático o tempo inteiro, educação sempre é fundamental, mas acho que com naturalidade. Se for oferecer algo , ofereça porque realmente quer, se for aceitar algo, aceite porque realmente quer e não se ofenda quando alguém recusar sua proposta. Enfim, são questões culturais mas nesse pequeno ponto prefiro a naturalidade ! :)

    ResponderExcluir
  7. Hi. I really enjoyed my brief visit on your site and I’ll be sure to be back for more.
    Can I contact your through your email?

    Please email me back.

    Thanks!
    Kevin
    kevincollins1012 gmail.com

    ResponderExcluir
  8. Eu tenho pavor de gente que gosta de conversa fiada e não vejo nada de simpático nesse comportamento. Pra mim é só descompromisso, desleixo, falta de consideração e, em alguns casos, falsidade mesmo.

    E como eu sou extremamente autêntica, também levo tudo ao pé da letra, exceto quando a interpretação literal resulta em um fato impossível.

    Com horários não é diferente. Sempre chego alguns minutos antes do marcado. Se há atraso reclamo de um jeito que a pessoa quase chora de constrangimento e nunca mais me convida pra nada. kkk

    ResponderExcluir
  9. Também acho chato quando as pessoas dissimulam suas intenções com um palavreado vazio e também costumo ser muito sincera e direta, mas por outro lado, acho que esse falatório bobo tem o trunfo de dar uma certa leveza às situações mais complexas e delicadas.

    ResponderExcluir
  10. Já passei por um apuro por conta dessa diferença cultural. Morei na Alemanha e frequentei uma escola de lá. Quando fui me despedir da turma em abril (ia deixar de ir às aulas), a professora disse "vamos comemorar seu aniversário com você" (que só seria em outubro)... concordei, mas claro que sem levar minimente a sério... nunca mais falei com ninguém... e não é que, no dia do meu aniver, estamos eu e mae em casa tranquilonas (eu nem lembrava mais do assunto) quando ouvimos uma galera chegando.... adivinhem?!! a turma toda lá... foi um desespero só para improvisarmos uma mesa para recebê-los... por sorte, minha mae tinha feito um bolinho para a familia... impressionante como o povo é sério e comprometido... aprendi muito por lá...!

    ResponderExcluir
  11. Apesar de nada ter a ver com o post, gostaria de de dizer: Gosto muito de tudo que vcs escrevem!!! além de instrutivo tem uma dose de humor muito boa!!! Estes dias li que uma atriz, a Emma Watson, tem apenas 8 pares de sapatos... Daí pensei que seria legal ler um artigo a respeito, feito por vocês, afinal pq temos tantos pares, pensei tb que seria legal ter o "cantinho dos leitores" do tipo antes e depois do minimalismo, pq eu AMO qdo vcs colocam fotos aqui... bjkas

    ResponderExcluir
  12. E isso me lembra aquela coisa de oferecer comida. Às vezes, a gente oferece coisa que nem dá pra dividir, só por "educação". E se a pessoa aceita mesmo, como faz? Hoje, só ofereço o que posso dividir.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se eu estiver com fome eu SEMPRE aceito. :)

      Excluir
    2. Já fui chamada de mal educada várias vezes e nem ligo mais. Eu trago um iogurte de lanche para o trabalho, como vou dividir? Então não ofereço, ora! Pois uma colega já disse "a gente oferece para ser educado". Ok, então sou mal educada assumida.

      Ilka

      Excluir
  13. Excelente post e ótima observação sobre os hábitos dos brasileiros.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  14. E quando a pessoa - com a qual vc nem quer estreitar os laços - se convida para sua casa? E NÃO APARECE? Você já está contrariado em receber a pessoa na sua sagrada casa, fica esperando, prepara o ambiente, comida etc e a pessoa não aparece! (ou seja, era chance de livrar do problema de uma vez, e nunca mais ouvir indireta de que não convida a pessoa, que vc nem quer convidar mesmo) Como faz?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Puxa, que difícil! Se você gostasse da pessoa, eu diria para ser sincera e explicar que ficou chateada. Mas, no caso, se você disser isso é capaz dela se sentir culpada e aparecer, o que é justamente o que você NÃO quer!
      (A propósito, que pessoa folgada, hein?)
      Acho que é isso mesmo que você falou: aproveita para se livrar do problema de vez!

      Excluir
    2. Pra pessoa inconveniente, só sendo mais inconveniente ainda: marcou um dia? Diga que tenha compromisso. Pessoa apareceu de surpresa? Diga, mas oh que pena estou de saída!

      A vida já é muita estressante pra gente perder tempo com gente folgada! :P

      Excluir
  15. Acho que sou uma adepta do "vamos marcar alguma coisa essa semana" e acabar nem me esforçando para que de fato aconteça o encontro. Eu sempre me lembro quando eu falo ou falam isso, mas tenho certa preguiça dessa socialização forçada. Se falamos sempre que temos que marcar e nunca marcamos, é porque ambas as partes não estão tão interessadas, sabe? Têm outros planos, estão ocupadas, sem tempo... quando queremos mesmo nos encontrar, sempre damos um jeitinho. Mas é bem isso o que você falou, brasileiro gosta demais de fazer isso hahaha beijo

    ResponderExcluir