quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Os perigos do minimalismo

Adotar o minimalismo nos faz correr um grande risco: depois que nos livrarmos do excesso de posses, que abrimos mão dos objetos que muita gente acha que confere status, que simplificamos nosso cotidiano, a gente dá te cara com o nosso "eu".  E nosso eu pode não ser exatamente o que a gente esperava.

Pra começar, acho que pode rolar um vazio. Sim, porque ter um monte de compromissos e trabalhar muito e ganhar mais dinheiro e consumir (e manter os objetos, e se preocupar com eles) ocupa um bocado de tempo e energia. Quando afastamos essa cortina de fumaça, precisamos decidir o que fazer com os recursos liberados.

Pode ser uma experiência angustiante. Porque sempre nos contaram o que a gente devia querer/ser, e agora estamos por nossa conta.

Já falei aqui que adotei o minimalismo por razões utilitárias: queria viajar pelo mundo, e a grana não dava pra manter uma casa no Brasil e o período sem trabalhar. Além disso, quem é nômade não tem como carregar muita coisa pelo caminho.

Como estou em constante movimento, sempre tenho o que fazer. Mas uma hora eu vou parar, sabe? E aí eu quero ver como vai ser.

10 comentários:

  1. Esse post poderia se chamar "As delícias do minimalismo", e ter o mesmo conteúdo!
    Sabe como vai ser? Como está sendo... Simplesmente sendo!
    A minha aposta é que, 'parando' (como você sugere que vai acontecer), você vai se deparar com uma companhia super agradável: descolada (literalmente e figurativamente), viajada e compreensiva com o diferente. Ah, e eu tô falando de você mesma, tá? E não do Léo, que tem a grande chance de encontrar dentro de si um cara pra lá de interessante também.
    Li outro post dia desses sobre trabalho quando vocês voltarem, é que não está sendo fácil comentar mesmo, mas pensei muito naquilo e ó... rsrs... que tal trazer a cabeça pro mesmo tempo/espaço do corpo? Pense bem, "não existe amanhã". Pode vir a existir e aí eu vou fazer isso e aquilo e zás e zás e zás... Mas a gente não tem ele. Só agora.
    Agradeço a oportunidade de escrever tais linhas, e sei o quanto vocês são maduros para compreenderem isso, eu mesma já li por aqui e 'pelo mundo' sobre a tênue linha consequência dos atos e querer viver o futuro (em geral, socialmente pré determinado).
    Grande abraço à Lud e Fê por esse espaço de constantes reflexões!
    Bia.

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    1. Bia,
      viver o hoje é um conselho tão sábio... e tão difícil de seguir!
      Eu sou daquelas pessoas que acha importantíssimo ter o futuro planejado - ainda que seja pra descartar o planejamento depois. Mas é claro que isso causa uma certa ansiedade.
      Tô tentando mudar.
      Beijos

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  2. Esse é um grande dilema. Esse encontro com o nosso eu que estava escondido debaixo de tanta tralha emocional é de fato um encontro transformador na nossa vida. Eu ainda tenho muita coisa pra destralhar do meu coração e da minha mente, mas tenho estado feliz com o que "eu" que estou encontrado.

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    1. Que bom, Bruna. Pode ser assustador mas é recompensador também.
      Beijos

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  3. olha, eu faço terapia há um tempão, sou super "analisada", e ainda me surpreendo, e tenho medo, e estou me descobrindo ao mesmo tempo em que estou me "criando". É louco isso. Eu to muito perto de chegar onde eu quero, e aí ontem depois de uma entrevista pra uma vaga incrível de trabalho, me deu medo. Me deu medo de não querer mais, de estar perseguindo a meta errada. Eu sou cada vez mais "descolada" também, como disse a pessoa aí em cima, em vários sentidos, e deu medo de me descolar demais. Mas ao mesmo tempo tenho uma enorme dificuldade de lidar com a rotina, com a burocracia, com tudo que é quadrado demais (e olha que eu sou de uma área bem quadrada, ainda sou careta perto de muita gente por aí). Enfim, acho que o processo é esse mesmo, e ele é ao mesmo tempo uma delícia e sofrido à beça. Mas a gente só pode ter a chance de viver a delícia se se aventurar e - eventualmente - cometer alguns deslizes no caminho!
    Beijos!

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    1. Primeiro de tudo: tomara que te chamem na vaga incrível!

      Mas então, a vida é isso mesmo, um processo. It kills me, rs. Porque eu vejo que tem gente que navega com muito menos ansiedade e sofrimento, sabe? Enfim, cada um é cada um.

      Beijos

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  4. Bem, estes dias eu estava conversando com uma amiga e terapeuta, e eu falava um pouco sobre gastar um tempo pensando no futuro e fazendo planejamentos. Quando faço isso, eu costumo deixar de viver o presente. E agora estou me dando conta que por ter ficado um tempão no futuro, deixei de ver coisas óbvias no presente, sabe? Estou me conhecendo, acho que é necessário no processo de amadurecimento e é sofrido sim! Acho que o futuro talvez me inspire um certo medo, porque é algo do que não sei, posso ter uma ideia, mas de fato não sei. Estou descobrindo que é bom seguir caminhando.

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    1. Andreia, acho que dá medo mesmo e ter um plano B é uma maneira de tentar controlar esse medo. E pode nos impedir de viver o presente. Por outro lado, "deixar a vida rolar", sem planejamento algum, não nos leva necessariamente aonde queremos, né?
      Como em tudo na vida, o equilíbrio é necessário. Mas é difícil esse equilíbrio...
      Beijos

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  5. Eu estou procurando um projeto ou atividade que me permita melhorar a vida de outras pessoas diretamente. O meu "vazio" pós minimalismo está vazio há algum tempo e ele não me angustia tanto quanto mo início. Na verdade, ele me soa muito mais como liberdade do que como espaço vazio. E eu posso escolher como usar essa liberdade ou preencher esse vazio. E não vai ser com outros objetos, o que é ótimo!

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  6. Quantas dúvidas e incertezas nos são geradas pela angustiante necessidade de um status quo desnecessário! Vivo exatamente essa necessidade de ter menos para viver mais e melhor!

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