quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A neurose do aproveitamento máximo em viagens

Viajar é ótimo. Conhecer lugares novos, entrar em contato com outras culturas, passear, comer coisas gostosas e diferentes. Delícia!

O problema é que muitas vezes, e acredito que todo mundo já deve ter passado por isso, a gente entra em uma ansiedade louca para não perder nada. Queremos aproveitar ao máximo! Faz sentido, já que pagamos valores altos, sabemos que nosso tempo ali é limitado e não vamos querer revisitar o lugar sendo que tem tantos novos no mundo.

Aí entramos naquela ânsia de ver todos os pontos turísticos, ir em todos os museus, visitar todos os parques, tirar todas as fotos e aaaaah! Desespero! A gente acorda cedo e dorme tarde para aproveitar melhor. Organizamos um roteiro com o máximo de cidades possível. Ficamos morrendo de medo de voltar e de alguém falar "Você foi em tal cidade e não foi em tal museu? Não acredito!".

Em 2006, eu e uma amiga fizemos um semi-mochilão (a gente ficava em albergues, mas com malas de rodinha) pela Europa. No meio da viagem, depois de ter passado por várias cidades, chegamos em Veneza completamente estafadas. Não aguentávamos mais ver igreja, quadro renascentista, estátua, ruína... A gente resolveu então que não íamos em nenhum museu e igreja na cidade.

Além disso, ao chegar na cidade, não conseguimos comprar passagem de trem pra Paris barata nos próximos dias, e acabamos "tendo" que ficar em Veneza por 3 dias (a ideia era ficar só 1). Foi a melhor coisa que podia ter acontecido. Ficamos aqueles dias, passeando com calma pela cidade, tomando sorvete, lendo no parque, conversando com os moradores... A gente fazia uma brincadeira de entrar no barco que funciona como transporte público e descer em um ponto aleatório.

Foi a cidade que conhecemos melhor naquela viagem toda, além de termos os momentos mais agradáveis, pois não ficamos enfurnadas em museus e igrejas, e nem correndo pra um lado e pro outro como baratas tontas.

A cada viagem, tenho tentado ficar mais tempo em cada lugar e me desobrigar de ter que esgotar a cidade. Foi todo um esforço mental para não me sentir obrigada a ir em todos os museus de Berlim, por exemplo, mas eu consegui e valeu muito a pena.

Relaxando em Veneza.

19 comentários:

  1. Oi, sinto que esse post foi para mim rssss. Eu também detesto quando a gente conta de uma viagem que fizemos e outra pessoa fica falando se você foi em algum lugar e não visitou tal coisa sensacional. Inclusive eu pensei bem antes de lhe enviar o comentário sobre a ida ao museu Vasa. Mas como foi o melhor museu que já visitei e eu achei que vocês ainda estavam na cidade para aproveitar a dica (só no outro dia vi novos posts que vocês não estavam mais lá), e ainda considerei que se fosse eu que estivesse lá eu gostaria que me dissessem isso, achei que valia a pena a dica. Mas acho que o silêncio costuma ser a melhor pedida mesmo...

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    1. Ei, Mayris. Acho que você deu a dica do museu foi para a Lud, e não para mim, certo? Mas dicas são sempre boas. Eu, no lugar da Lud, teria adorado a dica. Além do que, ir em museus é legal sim. Eu continuo querendo ir. É só não exagerar e ficar o tempo todo indo de um para outro. Hehe...

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  2. Viajar com calma, comer devagar, curtir os lugares realmente, sem correrias...perfeito! Devagar é sempre a melhor pedida. É o ritmo natural do ser humano.

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  3. Viajar com calma, comer devagar, curtir os lugares realmente, sem correrias...perfeito! Devagar é sempre a melhor pedida. É o ritmo natural do ser humano.

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  4. Oi Fernanda! Engraçado como há cerca de dois meses quando viajei a França com uma amiga a gente corria de manhã pra acordar bem cedo e ir para Paris, mas depois assim q chegavamos a Paris começavamos só a curtir o Starbucks, grandes caminhadas, Moulin Rouge e mais coisinhas assim. Basicamente a gente tentava não perder tempo com preguiças e sonos em demasia, mas ficavamos curtindo a cidade, tanto no momento de passeio como no momento de procurar trabalho. Não me arrependo de nenhum momento sentada no jardim, beira rio, esplanada do Starbucks ou de boulangerie... =) Seu post é bem importante!

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    1. Sono em demasia é ruim até quando a gente esta à toa na própria cidade. Hehe... Acho que é questão de equilíbrio mesmo. É preciso dormir um quantidade o suficiente para não ficar caindo de sono durante o resto do tempo. E está de bom tamanho. Muito legal sua experiência. É isso que eu estava querendo dizer. Obrigadinha! Beijo!

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  5. Eu me identifiquei tanto com esse post! Eu tenho - tinha? - essa neurose de querer conhecer tudo, ver tudo. Voltava das viagens cansadíssima, até porque minhas viagens favoritas são pra metrópoles com trocentas coisas pra fazer. Percebi o problema há 3 anos e, de lá pra cá, tenho tentado diminuir o ritmo e aumentar o tempo das estadas. Mas é tooooodo um trabalho consciente pra me conter e desacelerar.

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    1. Nem me fala, Lu. eu também tenho que fazer todo um trabalho mental. O namorado me ajuda muito, já que ele não sente isso. Quando eu começo a ficar ansiosa, ele me chama para a razão. Hehe...

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  6. Eu nunca senti isso. NUNCA! E sempre achei tão curioso quando alguém falava sobre essa preocupação de ver tudo, fazer tudo, ir em todos os marcos, etc. Eu sempre viajei e fiquei basicamente relaxando. Ok, bati muita perna, mas sempre do meu jeito, de forma muito espontânea, curtindo o que estivesse por perto, conhecendo o jeito do lugar.... eu fui a Buenos Aires e não vi show de tango nem fui no Tortoni. E na Inglaterra eu não fui tirar a foto típica no Big Ben. Mas eu passei uma tarde de domingo numa pracinha chamosa tomando helados (múltiplos helados de dulce de leche!) e conversando... e descobri um restaurante que tinha comida chinesa misturada com brasileira em Londres. Sou daquelas que vai no café pequenininho e faz amizade com os funcionários e também do tipo que não sente angústia alguma em ficar simplesmente sentada num banco de praça. Na Escócia eu visitei um castelo que todo mundo visita e..... o museu de brinquedos antigos que quase ninguém conhece.
    Bjo pra vcs!

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    1. Você é mais evoluída espiritualmente do que eu, Marina. Hehe... Eu tive que aprender a tratar as viagens dessa maneira pela experiência mesmo. Mas é muito bom. Minhas duas últimas viagens já foram assim, apesar de eu achar que ainda visitei cidades demais na Alemanha. Da próxima vez, vou ser ainda mais tranquila, eu acho. Lendo o seu comentário, lembrei com muito carinho de um dia que eu e minha amiga resolvemos andar pelas margens do Tâmisa cantando músicas. Lembro da gente tentando lembrar a letra toda de Eduardo & Mônica, e Faroeste Cabloco. Hehe... Eu pretendo ir para a Escócia em breve. Te pedirei dicas ;)
      Beijão!

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    2. Hahahahha.... eu acho que tenho um ritmo diferente mesmo com essas coisas, só isso! Viagem que deixa a gente mais cansada do que descansada sempre me irritou. Talvez eu deva ser até mais animada, sei lá... talvez a estranha seja eu!

      Pode pedir dicas da Escócia, viu? Foi o país de que mais gostei... mas desconfio que a

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    3. Pedirei sim. E vou pedir pra Lud também :)

      Não acho que você seja estranha. Acho que é legítimo cada um aproveitar sua viagem como acha melhor. Eu fui percebendo que acho melhor ir mais lentamente também. Mas respeito quem curta sair como um louco fazendo tudo. Hehe...

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  7. Ih, foi mal... rs não prestei atenção, desculpe. Realmente, dicas que podem ser aproveitadas e fornecidas de coração(pq eu acho que muita gente fala só para mostrar como a viagem dele foi muito melhor hehehe) são mesmo boas. Eu acho que no fundo EU fiquei chateada por ter feito algo que EU não gosto que façam hehehe e fiquei "cega", não prestei atenção em quem escreveu o post...
    Bem, de fato, o slow travel é mesmo muito gostoso, mas sei lá, acho que às vezes dá aquela vontade de ver tudo, principalmente pela neurose de se pensar que podemos não voltar naquele local (eu sei, é preciso evoluir).
    Há algum tempo eu venho mudando e tentando equilibrar o tempo e as visitas nas viagens. Ainda mais agora que tenho um filho pequeno (1 ano e 3 meses), acho que essa forma mais tranquila de viajar vai ter que acontecer de qualquer jeito hehehe. Minha primeira grande viagem com ele será no final deste ano, mas já estou preparando o espírito para ir devagar, fazer o que der e respeitar o tempo dele (se ele precisar dormir, vai dormir ora). E mesmo assim acho que vai ser MUITO legal! :)

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    1. Vai sim. Vai ser uma experiência completamente diferente, o que é muito bom, eu acho. Tem um tio meu que viajou pela Europa inteira com as filhas de 6, 4 e 3 anos. Ele falou que não atrapalhou em nada, só mudou a rotina mesmo. E isso pode ser ótimo ;)

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  8. Me identifiquei muito com o texto.
    Odeio me sentir obrigada a seguir roteiros...

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    1. Obrigação, em um momento de lazer, é chato mesmo. Hehe...

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  9. Texto e experiência perfeitos. Também tento fazer das viagens algo de mais prazer do que apenas locais turísticos, além de que essa desaceleração torna a viagem totalmente diferenciada e muito mais interessante porque conseguimos sentir a cidade. Parabéns . Estou devorando seu blog . Márcia Gomes

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