quinta-feira, 25 de abril de 2013

As revistas do meu pai

Desde que eu me entendo por gente, meu pai colecionava revistas Veja. Não vou nem entrar no mérito da qualidade (ou falta dela) da revista. O fato é que ele assinava a revista e guardava todas.

Lembro de inúmeros trabalhos de escola em que a professora pedia para a gente recortar alguma coisa de revistas, mas eu não podia cortar das Vejas do meu pai. Ele tinha que guardá-las intactas, oras! Eu queria o quê? Que ele estragasse a coleção mantida há anos por causa de um trabalhinho de escola. Então ia eu pedir para os tios, os vizinhos...

E os anos foram passando, eu crescendo, e meu pai encaixotando as revistas e mandando para o sítio da família, onde elas ocupavam já um quarto inteiro. A revista é semanal. Ele assinava há mais de 20 anos. Façam as contas.

Um belo dia, precisaram usar o tal quarto do sítio ocupado pelas caixas. Foram então descobrir que elas estavam tomadas por traças e outros bichinhos e que muitas das revistas estavam destruídas.

As revistas do quartinho foram então sendo jogadas fora aos poucos, porque eram muitas e estavam no sítio. Meu pai tentou doá-las, mas ninguém quis (tentamos bibliotecas e amigos). Em eras de internet, para quê?

Todo fim de semana, meu pai voltava do sítio com uma caixa de revistas para colocar junto com o lixo da casa. Ainda hoje tem algumas traças e revistas lá no sítio.

A Veja ainda chega lá em casa, mesmo meu pai não morando mais lá. Na maioria das vezes, elas ficam dentro do plástico. Ninguém tem interesse nem de abrir. Algumas vezes, minha mãe as leva para a escola onde dá aula para os alunos recortarem. Meu pai nunca perguntou das revistas, nem cancelou a assinatura.

16 comentários:

  1. Bem acho que é coisa de "colecionador" mesmo! Complicado isso! Que bom que de alguma forma ele está se livrando dessa montanha de revistas, está fazendo um declutter de verdade! :)

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    1. Pois é, Andreia.
      Mas eu fiquei pensando no quanto essa coisa dele de colecionar foi inútil e, no fim das contas, só deu trabalho. Ele não jogou fora porque viu que era bobagem guardar, mas porque as revistas foram sendo destruídas. Eu não sei os motivos dele direito. Eu só fiquei pensando em como ele teve trabalho, nos privou de recortar as revistas, e isso tudo à toa. Hehe...

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  3. Fernanda,

    As revistas podem ser dadas para reciclagem. Aqui na minha cidade tem uma empresa de reciclagem e eles sempre recebem revistas, papéis e papelão para reciclar. Desse jeito, os dois lados ficam felizes: o reciclador e você, que se livra de um monte de pilha de revista.

    Abraço

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    1. Ei, Rafael!

      Tem toda razão. Isso é muito importante. Aqui em BH tem coleta seletiva. Foi um dos motivos de o meu pai não ter simplesmente jogado no lixo do sítio ou botado fogo nas revistas. Ele deixou no lixo de coleta seletiva, que acontece toda quarta.

      Mas vou te contar que eu desconfio um pouco dessa coleta seletiva da prefeitura. Não sei se eles aproveitam bem o material e reciclam direito. Talvez seja melhor buscar empresas ou ONGs de reciclagem mesmo.

      Um abraço!

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    2. Olha, eu também sou meio desconfiada. Mas aqui são as grandes empresas que me deixam com o pé atrás. inclusive um grande shopping (que tem unidade em quase todos os estados do Brasil) que tem posto de coleta, mas que eu já vi juntando todo o lixo num saco só pra descartar!

      Fiquei traumatizada!

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    3. Pois é, Laís.
      Eu comecei a desconfiar também quando vi que isso acontecia na empresa em que eu trabalhava.

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  4. Hoje eu estava conversando com uma colega de trabalho que paga 20 reais mensais para ser sócia de um clube para servidores públicos do município. Essa colega mora há 1 hora e meia do clube e diz que ele é fora de mão. Ela também tem direito a usar uma academia que fica aberta num horário que não é prático pra ela e a mensalidade ainda dá direito a comprar medicamentos por um preço mais em conta em uma drogaria própria. Ela não desfruta de nenhuma dessas comodidades e diz que não pretende fazê-lo. Diz que não sabe porque continua pagando a taxa mas que pretende continuar, porque pode ser que um dia precise, porque são boas vantagens... enfim... parece com a assinatura de revista do seu pai!

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    1. Parece mesmo, Marina. Estranho, não é? Eu acho que as pessoas não percebem o valor do dinheiro. Por isso que eu acho tão importante fazer o controle de gastos, porque aí eles ficam reais para a gente.

      Se meu pai fosse rico, eu até entenderia ele deixar a assinatura lá, mas ele nem é... Aposto que com a sua colega deve ser do mesmo jeito. Vai entender as pessoas. Hehe...

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  5. O meu velho é com as clássicas SELEÇÕES, mas meu pai é um acumulador. E então ele enxerga vários propósitos e qualidades nas tais e ainda vem com a desculpa enrustida,visualmente ficam bonitas empilhadas,todas iguaizinhas,formam pilhas sedutoras de acúmulo...

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    1. Hehe... O ser humano é mestre em criar desculpas para si mesmo. Todos fazemos isso.

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  6. Eu já fui viciada em revistas, tanto comprava nas bancas, como tinha várias assinaturas. Conclusão: uma estante cheia e quase desmontando de tantas revistas. Decidi doar todas para meus conhecidos que sabia que gostavam do tema de cada uma: Para um amigo que faz arquitura, todas as Casa Claudia; para uma professora de gestão de pessoas, as Você s.a; para uma amiga que gosta de cozinhar, as de receitas; para o salão de beleza, as Claudia e Nova e para a clínica onde trabalho, as Saúde e Boa Forma... Sei muito bem como seu pai pensava, porque fazia o mesmo..rss, mas felizmente me desapeguei e hoje só tenho 2 assinaturas, as quais uma transformarei em digital assim que chegar a renovação e não compro mais na banca.

    Beijos,
    Josy Santos
    http://muraldajosy.blogspot.com.br

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    1. Ei, Josy!

      Doar para alguém que vai usar é sempre uma ideia legal. Revistas temáticas até que faz um pouco mais de sentido guardar, como é o caso das pessoas para as quais você doou, mas revista de atualidade, como a do meu pai, deixa de fazer sentido de uma semana para outra.

      Eu entendo assinar revistas também, apesar de eu não assinar nenhuma atualmente. Eu não entendo é essa loucura de colecionar as antigas, sem poder arrancar umas paginazinhas que seja...

      Mas, como você falou, acredito que o futuro é digital, então o comportamento das pessoas deve mudar bastante em relação a isso.

      Obrigada pelo comentário. Vou fuçar seu blog agora ;)

      Beijo!

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  7. Em tempos anteriores ao da internet, a coleção do seu pai era valiosa sim. Ele podia fazer uma pesquisa por data de lançamento da revista e descobrir o que tinha acontecido aquele ano. Agora não precisamos mais disso, basta googlar.
    Acho que a internet meio que obrigou as pessoas a desapegarem de muitas de suas coleções...
    Minha mãe tem uma coleção de revistas que eram de graça, ela pegava em uma rede de supermercado (hoje em dia essa revista é paga), e ela tem essa coleção desde 1986, não são tantas quanto a coleção do seu pai porque ela era lançada semestralmente, acho, mas como são uns 30 de coleção, são muitas, a ponto de incomodar. Eu já perguntei a ela por que guardar revistas de supermercado, ela disse que gosta muito, embora nunca tenha folheado nenhuma delas sequer, em todos esses anos.

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    1. Errei ali, provavelmente não era semestral, acho que era mensal mesmo, porque são muitas...

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    2. Ei, Christian! Meu pai mesmo achava que ia vender essas revistas no futuro, mas ficou irrelevante mesmo. E até para colecionadores, não se consegue vender se a revista não estiver perfeita. E imagina o trabalho pra transportar isso tudo? Realmente acho que não vale a pena. Hehe...

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