quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Minimalinda

Aprendi com o feminismo que eu não preciso ser bonita. Posso ser feia e, mesmo assim, mereço respeito. Mereço ser amada. Meu valor não está na minha aparência.

Para mim, foi uma grande revolução, porque achava minha aparência um fator importantíssimo. Parei com um monte de "cuidados de beleza". Acho que foi meu primeiro passo na direção do minimalismo: abri mão de várias coisas que o povo prega que são essenciais para a felicidade/sucesso das pessoas, e não é que fiquei mais feliz e mais bem-sucedida? Deixar de me preocupar em ser a pessoa mais atraente e bem-vestida do ambiente liberou minha atenção e energia pra ser mais interessada e mais esperta e mais legal.

Antes eu me preocupava em ser uma mulher linda. Hoje me preocupo em ser uma pessoa linda (inteligente, bacana, risonha. E modesta, né?).

Sabe a mala que vou levar para o meu sabático? Mesmo achando que no início, que vai ser inverno, a gente vai alugar um apezinho e usar como base para viagens próximas, continuo firme no propósito de levar muito pouca coisa.

Minha mala já foi bem maior do que a do Leo, porque eu "tinha" de levar vários sapatos e acessórios e cosméticos. Hoje ela é menor, rárárá.

Cada um tem a sua receita de minimalismo, mas acho que o campo das vaidades físicas pessoais merece uma boa exploração. Você precisa mesmo do produto fulaninho? Acha mesmo tão bom frequentar salão de beleza? Acredita de fato que é essencial ter a roupa da estação? Prefere gastar dinheiro em uma cintura fina ou em uma mente afiada?

(Dito isso, também tenho meus pontos fracos. Não dou conta de ter espinhas no rosto - elas ferem minha dignidade pessoal. Desenterrei um corretivo e o uso alegremente.)

Leve em vários sentidos

21 comentários:

  1. Pois, o grande problema é a nossa auto-estima, o pensar que temos que ser aceites na sociedade... o ser magra, linda e fashion.. quando o mais simples e bonito é sermos nós próprias.
    E principalmente ser fiel a "mim".
    :)

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  2. Nossa, tanto a falar sobre isso né?
    Resumindo, estou tentando ser mais fiel às minhas vontades e tentando ignorar as cobranças externas com relação à vaidade.
    Unhas pintadas só quando EU estou a fim de brincar de pintá-las (as cutículas parei de mutilar desde o natal/2011), maquiagem só SE eu quiser e o QUANTO eu quiser e tenho tentado aplicar a mesma regra a todo o resto, respeitando sempre o decoro rsrsrs

    Mas o que me revolta é que essa cobrança vem, na maioria das vezes, das próprias mulheres que são capazes de crucificar a "desleixada" que teve a pachorra de aparecer em público sem salto e cabelo escovadíssimo!
    Vou dar um exemplo absolutamente real: se vc for a um casamento (ou outro evento "de gala") com as unhas ao natural provavelmente 99,9% dos homens não notarão, porém grande parte das mulheres não só notará como tb comentará esse absurdo com indignação máxima.

    Sinceramente, as vezes acho que estamos regredindo nesse quesito...

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    1. Concordo, MS. Mas se eu e voce pararmos com a cobranca, ja' e' um comeco, ne'? E quando estou em uma rodinha e algue'm critica a aparencia alheia, eu aproveito pra fazer uns comentarios do tipo: mas sera' que isso e' tao importante? Por que os homens nao tem de fazer essas coisas? E ai' vai...

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    2. Acabei de lembrar desse post.
      Uma amiga estava cogitando não sair pra jantar com um cara q ela está super a fim só pq não deu pra fazer as unhas no feriado...
      Dei a maior bronca e falei q se ele não gostasse dela com as unhas naturais, sinceramente não servia nem pra amiguinho!


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    3. MS, eu faria a mesma coisa que você: bronca nela! É por isso que as "vaidades" que o povo impõe às mulheres são danadas: elas viram "obrigação" em um piscar de olhos.

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  3. Sabe, eu entendo seu processo de mudança, do desapego da vaidade e eu acho isso fantástico, pq no fim é sempre maravilhoso se sentir bem, qualquer que seja a situação.

    Eu passei por um processo parecido, mas foi inverso. Eu sempre fui menina sem qualquer vaidade, não ligava pra nada mesmo, nem roupas me interessava em comprar. Tive problemas de auto-estima na época do colégio, mas mudei de cidade pra fazer faculdade e resolvi mudar o foco com relação a minha pessoa.

    Me ajudou muito. Eu não uso saltos (detesto), só tenho uma mochila que uso com qqr roupa que eu coloque, raramente uso maquiagem (apesar de que eu gostaria de pelo menos dominar modos de aplicá-la, sou super noob com isso), mas eu me considero vaidosa, gosto muito de ganhar elogios nos dias em que tudo que estou usando é jeans, camisa e sandália. Meu ponto fraco é meu cabelo, detesto salões de beleza, mas adoro perder umas horinhas com ele em casa, cuidando, hidratando, gosto mesmo. Gosto de sentir que estou cuidando de mim. E te juro, foi tão libertador pra mim, quanto abrir mão da vaidade foi pra você.

    Pq ao mesmo tempo que eu virei os olhos pra mim, passei a desprezar qualquer desvalor que fazem as minhas roupas, até meu cabelo que eu adulo tanto, qnd acorda desgrenhado e de mau humor, eu aceito e vou feliz pela rua. Não sei se eu consegui me fazer entender, mas foi isso.

    Um dia escrevi sobre isso no meu blog: http://dedaleo.wordpress.com/2012/10/18/o-caso-da-auto-estima/

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    1. Carolina, eu te entendo, sim. E aposto que voce nao fica criticando gente que nao faz a unha, ne' nao?
      Beijos!

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  4. Lud, menina, que vontade de conhecer vc. Penso tudo isso que vc escreve, um dia já escrevi algumas coisas (ex-jornalista, hoje redatora no serviço público e mãe de duas). Moro em BH e infelizmente não dei a sorte de conhecer pessoas assim por aqui (apenas uma em quase 8 anos!).
    Já pus o blog no meu favoritos, vou tentar sempre dar uma espiada. Vcs me ajudaram a me sentir menos chata, menos doida, menos diferente, menos radical...bom saber que não estou sozinha remando contra a maré de gente que não reflete, só repete.

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    1. Renata, eu também sou de BH e também sou jornalista não praticante. Hehe...
      É bom saber que não estamos sozinhas mesmo.
      Um abraço!

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    2. Renata, se você vier à Brasília, me avisa que a gente marca!
      Eu acho muito importante descobrir "a nossa turma", mesmo à distância. Principalmente quando se é "do contra"!

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  5. Lud, fico feliz de coração que você já tenha descoberto isso... eu estou "tentando descobrir" isso agora. Eu estou acima do peso e lutando contra estrias novíssimas que surgiram (me sentindo um ser humano listrado! Rsrsrsrs). Eu ainda me cobro ser magra e ser bonita. Estou tentando mudar isso porque sinto, lá no fundo, que só depois de mudar vou conseguir me cuidar direito e sair dessa coisa maluca de não me cuidar porque não me sinto bonita mesmo. É horrível, mas eu acredito sinceramente que é uma chance pra eu aprender a lidar melhor com meu corpo e a aprender que as pessoas tem que gostar de mim por quem eu sou e não em função da minha aparência.

    Nunca fui muito perfeccionista com isso, não ando maquiada, não tive esse hábito de frequentar salão sempre ou de usar salto ou de alisar o cabelo... mas ainda sinto um resquício desse raciocínio machista dentro de mim. Espero conseguir me libertar disso de verdade e totalmente. O feminismo não é um fato dado, né?, ele pra mim tem sido uma caminhada, uma construção constante, assim como a simplificação da vida, o destralhamento, a busca por uma vida mais significativa, etc.

    Bjo

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  6. Obrigada pela divulgação, Thais!

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  7. Marina,
    uma vez vi um comentário ótimo a respeito de estrias: que os tigres também têm listras - e que eles são lindos!
    Essa questão da aparência é complicada mesmo. Desde criança as pessoas cobram beleza das mulheres. E a mídia, e a literatura (com poucas exceções)...
    Uma coisa que me ajudou foi pensar nos homens. A maior parte deles não está nem aí para o próprio visual. O valor deles está no que eles fazem, não no que eles são.
    Tento botar o meu valor no que eu faço, também.
    Beijos!

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  8. Só não abandone o protetor solar, que esse é mesmo fundamental. :)

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  9. tenho um longo caso de amor com a beleza e sempre admirei tudo que há de belo no mundo: paisagens, objetos e, é claro, pessoas bonitas. mas percebo que hoje em dia as pessoas fazem a associação (absurda!) entre beleza e consumo.

    para ser um mulher linda não é preciso gastar rios de dinheiro em produtos cosméticos, ir ao salão de beleza ou comprar roupas de grife. Isso é apenas o que a nossa amiga (só que não) publicidade impõe todos os dias.

    maquiagem da farmácia do centro, roupas daquela loja baratinha de departamentos ou a falta de um salão de beleza não fazem um efeito tão diferente se a pessoa é do tipo que provoca suspiros. Isso só será um incômodo se a preocupação real for performance, status social, etc.

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    1. Anônimo,
      eu sou totalmente a favor da beleza. Dos outros, rs.
      O problema é que as mulheres são cobradas para serem bonitas. Mesmo a maquiagem da farmácia ou a roupa da loja de departamentos e são despesa, são preocupação. Eu quero andar de cara lavada e de roupa confortável e que ninguém me considere "menos" por causa disso.

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  10. Lud:

    Nossos caminhos são parecidos.Já fui como vc era.Hj larguei mão dessas obrigações.
    Era ultra super fresca. Comecei a minha desfrescurização por volta de 2006, e um dos pontos cruciais foi ter tido uma crise de lombar poucos DIAS antes de passar uma temporada de 3 meses na Nova Zelandia .Fui obrigada a ir só com uma malinha de bordo.Foi um período sensacional, apesar de eu me sentir alternando a roupa do Mickey com a do Pato Donald.Uma americana, moradora da NZ, disse mais ou menos o que vc disse: ter poucas roupas me " liberou" para ser o meu melhor, além da aparencia, e atrair pessoas pela minha personalidade/ idéias, e não pelo meu visual.

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    1. Ana, que bom que a gente ficou mais esperta, rs.
      Conta mais sobre a sua experiência na Nova Zelândia? Eu visitei em 2008 e me apaixonei.
      Beijos

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