quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Inventando necessidades

Dia desses fui ao shopping acompanhar o namorado, que precisava comprar um sapato. Chegando lá, já fui pensando em aproveitar a viagem e me perguntando: "Será que eu não estou precisando de alguma coisa não?".

Impressionante como, mesmo sabendo das armadilhas do consumismo, ele me pega desprevenida às vezes. E que lugar melhor do que um shopping pra isso.

Já estava pensando que aquele meu tênis de corrida está meio velho, e quem sabe não acho um novo em promoção e... Epa! Não. Eu não preciso de um tênis novo e nem de nada mais. Se eu realmente precisasse de algo, eu saberia. Eu não precisaria tentar lembrar.

Fiquei lembrando então das minhas aulas de publicidade (acabei optando depois pelo jornalismo) e de como eles falavam em criar necessidade. E eu fico pensando em como eles são bons, porque mesmo eu sabendo que eles estão inventando necessidades, eu mesma acredito. Ai ai...

E promoções, então? A gente fica super feliz achando que se deu bem, e quem se deu bem na verdade foi o cara que está vendendo, porque eu comprei algo que não preciso e que não compraria, só porque estava um pouco mais barato.

Tem coisas que a gente realmente tem necessidade de comprar, mas é importante não nos enganar, tentando racionalizar de alguma maneira (o meu antigo está velho, está na promoção então na verdade eu estou é economizando, estou investindo em mim etc.). A nossa capacidade de justificar para nós mesmos é um dos nossos maiores inimigos, viu?

10 comentários:

  1. Eu fico dividida... comprar só o que realmente preciso e nada do que quero? Isso parece chato, pois eu quero coisas que teoricamente eu não preciso. =/ Dia desses vi uma correntinha de caveira numa loja e eu queria muito, mesmo não precisando. Comprei.
    Beijos!

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    1. Bom questionamento, viu? E só quem pode responder é cada um.
      Eu só acho que a gente se engana muito. A gente tenta justificar as compras por N motivos. Acho que é melhor ser sincera consigo mesmo e falar "comprei sim porque quis" e pronto. Lembra um post em que a Lud fala que não só de pão vive o homem? Acho que por aí. :)
      Beijos!

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  2. Acho que fazer um jejum de compras por um período é bacana porque a gente aprende do que precisa mesmo e aquilo que só ambiciona. O meu período sem comprar termina em janeiro, mas estou pensando em instituir um mês sem aquisições todo ano, só para lembrar como é que é!

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    1. No jejum, você deve ter começado a entender o que é essencial, não? Acho que esse aprendizado você não perde não :)

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  3. Promoções (ou falsas promoções) é um assunto bem interessante. E como tem gente que cai. Inclusive nós que eventualmente questionamos tais promoções ou necessidades.

    É bem o que tu falou de comprar o que não precisa só porque está um pouco mais barato. Pode ser que realmente precise e está em promoção, mas isso é a exceção da exceção. Na maioria absoluta das vezes o benefício é da loja e não do cliente, pois se está em promoção alguma coisa tem por trás, ou é porque saiu de linha e logo lançam o negócio novo (e dai cria-se nova necessidade), ou roupa que fica fora de moda ou que nem vai usar, etc. Ninguém faz promoção de bonzinho!!!

    Lembro de algumas promoções imperdíveis que já cai embora ache que agora esteja vacinada.

    - compra de pizza em um site de compra coletiva. Atenderam tão mal, mas tão mal que só faltou nos obrigarem a comer na cozinha. Por uns reais a menos.

    - compra num restaurante que o dono fazia questão de vender sobremesa e ficou muito brabo pois não aceitamos pagar, ficando só no cupom. No fim ele queria fazer uma venda casada e ganhar dinheiro com aquela venda da sobremesa que custavam mais que o prato principal que estava na promoção.

    Fora isso já comprei coisas de qualidade duvidosa só porque estava barato. Aprendi que com isso perdia mais dinheiro do que comprando algo realmente bom. Acho que não caio mais nas armadilhas, ao menos se cair vai ser mais porque quis mesmo do que por ter inventado necessidade.

    Mas é um comportamento quase que repreendido, as pessoas não gostam disso e acham que é um erro não aproveitar a promoção. Se assim for, prefiro errar e ter paz e o que eu quero, e não o que querem me empurrar!

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    1. Também tenho umas histórias horrorosas de compra coletiva pra contar, Adriana. Desde tele pizza que eu comprei e o telefone só dava ocupado eternamente, até escova progressiva que queimou minha cabeça. Quero isso mais não. Hehe... Mas já tive casos bons, como revelação de fotos e restaurantes que deram certo. Mas é arriscado, viu?

      Eu já comprei muuuuuito umas coisas nada a ver só porque estava barato. Eu não entendo até hoje porque eu comprei A Era do Gelo 1, 2 e 3 só porque estava na promoção, se nem quando tava passando na TV eu quis ver. Olha que coisa sem sentido!

      Eu vivo bem assim também. E é chato como as pessoas querem empurrar a gente pro consumo o tempo todo mesmo. Não basta que elas consumam, a gente tem que comprar também.

      Mas sejamos fortes. Não estamos sozinhas :)

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  4. Para mim a questão nem é comprar. Hj em dia compro muito menos coisas, nem sinto falta. O bicho pega é em relação a experiências de consumo. Tipo restaurante e barzinho novo: mal abriu, já fico louca pra provar, tenho q ir lá e tal. Amo sair pra comer e beber e no fim do mês vejo q uma mini fortuna literalmente virou bosta(hahaha)pq gastei uma puta grana em situações q no fim das contas, não fazem a menor diferença.
    Então essa coisa de inventar necessidade nem sempre se aplica a coisas, e por isso a gente acaba se enganando só pq não chegou em casa com uma sacola.

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    1. Bem pensado, Fer. Tem toda razão. E quando a gente sai, perde um pouco o controle, né? Tipo: "Ah.. Já estou aqui mesmo. Desce o vinho de 50 reais".

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    2. Com certeza. E o mecanismo da auto-justificativa tb é o mesmo, só muda a situação. Pode ir de "preciso conhecer esse lugar", passando por "ai q tédio de ficar em casa" e terminando no "Vou pagar caro nesse vinho pq eu trabalho muito e então eu mereço".

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  5. Isso acontece muito com minha família no supermercado, mais especificadamente comigo e com minha mãe, as pessoas que se encarregam por 95% das compras alimentares. "A necessidade" acontece justamente pq uma falha no controle de estoque aconteceu. A gente vem de uma cultura pós-guerra que prega a estocagem de muita coisa, principalmente comida. As vezes nem ela nem eu se atem ao fato de que moramos a quadras de vários supermercados. Então, pq comprar para prevenir a falta?

    No mais, na minha humilde opinião, esse argumento "eu mereço/trabalhei demais por isso/etc" é a destruição do autocontrole no minimalismo. Claro que um tico de autoindulgencia é interessante, pq tudo que se amarra ao perfeito estado das coisas tende ao fracasso, justamente pq Minimalismo é um processo.

    A gente precisa trabalhar as permissões (Alô Marina!), mas não a ponto de se tornar escrava delas nos 8 ou 80. Se realmente vc não jogou fora teu tenis (pq tenis velho de corrida não se doa, ou não?), é pq não precisava de outro.

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