terça-feira, 11 de outubro de 2016

Meu minimalismo é devagar e sempre

Uma das perguntas que mais escuto ao falar sobre minimalismo é: como adotar esse estilo de vida sem gastar mais? Minha primeira reação é sempre um estranhamento até eu lembrar que há uma ideia de que é preciso se livrar de todas as suas coisas e adquirir outras ditas minimalistas.

Essa pergunta apareceu novamente na entrevista que dei para o jornal Zero Hora, para a matéria Talvez você não precise de tudo o que tem, da Paula Minozzo. Desta vez resolvi organizar melhor as ideias sobre o assunto.

Primeiro há uma confusão normal entre o estilo de vida minimalista e o movimento estético minimalista. Não são exatamente a mesma coisa. O que têm em comum é a ideia de buscar o que é mais importante e eliminar aquilo que não é. Tem tudo a ver com foco. Isso pode se expressar de maneira estética ou não.

Para mim, buscar o essencial não quer dizer usar só branco e preto. Nem ter um armário cápsula ou um macbook. Focar no mínimo tem a ver com prioridade. Porque sabemos que não dá para ter tudo. Então eu quero ter na minha vida aquilo que é mais importante para mim. É questão de escolha.

Desde que comecei minha caminhada neste estilo, venho aos poucos avaliando o que eu quero manter, e o que é supérfluo. Não joguei meu armário todo fora e comprei outro. Não fiz isso com meus cosméticos, eletrônicos e nem com meus livros. Fui aos poucos consumindo o que eu já tinha, doando o que não queria e refletindo sobre minhas posses e seus usos.

Mas o mais importante é que, na hora de comprar algo novo, faço com muita consciência. Então meu armário e minha casa estão cada vez mais próximos do que eu considero ideal. E não gastei nada a mais por isso. Pelo contrário, gastei menos. Já que aproveitei o que eu já tinha e não adquiri inutilidades.

19 comentários:

  1. Gosto muito da forma como você escreve! Eu estou nessa caminhada também, acabando com os produtos a mais, usando tudo que tenho, desapegando do que não uso e não tenho gasto nada a mais por isso, pelo contrário tenho economizado bastante nesses últimos meses.Acho que conforme você tem noção do que tem em casa, quando sai e vê inúmeras novidades, não se sente tão impulsionada a comprar coisas que não precisaria.

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    1. Obrigada, Drevys! :)
      É o que tem acontecido comigo também e acho maravilhoso! É muito bom e importante a gente saber tudo que tem em casa e o valor de cada coisa. Desconhecer isso é o que faz muita gente consumir por impulso. Tem toda razão.

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  2. É isto que estou fazendo... Consumindo o que eu já tenho, e não trocando uma aquisição por outra. Perfeito! Um abraço Fernanda.

    Maria

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  3. Olá Fernanda!
    Gosto sempre tanto de a ler. Os seus temas dizem-me muito, e é sempre inspirador ler os testemunhos de quem vive com o que nos identificamos.
    Estou neste caminho, e cada vez tenho mais a certeza que ao libertar-me de coisas e de sentimentos vou praticando o desapego e a focar-me cada vez mais no ser e não no ter!
    Beijinho enorme e obrigada pela sua partilha!

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    1. Muito obrigada, Catarina! Esse caminho não é fácil, mas é tão recompensador, não é? Vamos juntas... Agradeço demais o comentário e a companhia :)
      Beijinho!

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    2. Vamos pois:) Eu é que te agradeço pelas tuas partilhas!
      Beijinhos*

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  4. Fernanda, concordo com o seu ponto de vista, se a ideia é manter apenas o necessário, por que ter que gastar?
    Mas também entendo a necessidade de gastar com alguns produtos substitutos daqueles adquiridos de forma equivocada. Uma das coisas que eu percebo é um processo de autoconhecimento para descobrir o que te é essencial. E nesse processo descobri que precisava trocar os produtos que eu tinha por outro que atendia melhor a minha necessidade. De forma alguma abriria mão deste gasto, mas ele foi completamente consciente e me fez deixar de gastar com outras tantas coisas. Da mesma forma este é um processo lento, a compra que venha a ser feita não deveria ser por impulso.
    Abraço, Clara

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    1. Ei, Clara! Sim sim... A gente não deixa de comprar, simplesmente consome menos e de forma mais consciente. No meu caso, eu preferi que esse novo consumo fosse aos poucos. Para poder ir avaliando se eram necessidades reais ou só uma desculpa que eu dava pra mim mesma para consumir (a gente faz essas coisas... hehe..) Mas cada um tem seu processo, suas necessidades e sua realidade também. Abraço ;)

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  5. Fe, adorei a entrevista! estava pensando aqui e tenho uma pergunta pra você. o que você faz com os hobbies ocasionais? por exemplo, todo ano no natal eu faço cartões postais pros amigos. então tenho um lindo conjunto de canetinhas, lápis de cor, carimbos, tinta e pincel. uso também uma vez ou outra quando tenho uma idéia mais artística, mas é bem pouco mesmo. tenho hobbies mais ocasionais ainda, por exemplo pintar camisetas. o que você faz com esse tipo de tralha? porque não é só esse hobby, tem o ukelele guardado em cima do armário que eu nunca toco, as saias de dança do ventre e o uniforme do balé que eu entro e saio da aula... como lidar? :) beijo!

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    1. Oi, Isa! Gostei tanto do seu questionamento que vou escrever um post sobre o assunto, ok? Hehe... Obrigada. Mas vou responder aqui falando especificamente sobre o seu caso. Sobre os conjuntos artísticos, se você gosta mesmo, acho que seria o caso de torná-los menos ocasionais, não? Praticar mais. Ou então você podia guardá-los em um lugar que não acessa tanto, como no maleiro. Quanto ao ukelele, você mesma já respondeu. Se não usa nunca, para que guardar? Não seria melhor vender ou doar para alguém que vá realmente usar? Por último, se você sai e volta da dança do ventre e do balé, talvez seja um bom momento para se decidir se você quer realmente praticar essas atividades ou não. Se te trazem alegria e você consegue conciliar com sua rotina, incorpore na sua vida. Se não, desapega :)
      Sei que não são decisões fáceis, mas vale a pena fazê-las.
      O que você acha?
      Beijo!

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  6. Amo sempre os seus textos.

    Eu nunca curti fazer compras, e nem acumular coisas em excesso, mas não tinha muita noção do conceito de minimalismo.
    Em 2013 comecei a ler o blog, e desde então as coisas começaram a ficar bem claras pra mim. Comecei a me esforçar pra ir diminuindo cada vez mais meus pertences (por questões ambientais, por paz de espírito, e pra doar a alguém que precise e vá fazer melhor uso).

    No final de 2014, após voltar de uma estadia de 6 meses no Haiti (sou militar), percebi quanta roupa eu tinha! (mesmo considerando "pouco" quando comparado a maioria das mulheres que conheço). Fiz uma limpa geral.
    Como trabalho uniformizada, uso muito pouco as minhas roupas
    "civis". A maioria delas estava muito bem conservada, por isso eu tinha pena de doar. Pensava que poderia guardar, pra usar futuramente... Mas percebi o quanto esse pensamento não faz sentido. Por que esperar a roupa ficar velha pra doar? Quem receber, iria preferir receber uma roupa velha ou uma roupa nova? E aí vi que se formos dar algo pra alguém (presente ou doação) é bem melhor dar algo que eu gostaria de receber, do que algo em más condições, que eu não iria querer pra mim. Óbvio, né?

    Pra conseguir determinar o que deveria ficar, e o que sairia, separei as roupas em algumas categorias: roupa pra festa de noite, roupas pra sair de noite (barzinho/boate), roupas pra saidinhas/festas de tarde, roupas pra usar no curso, roupas pra uso geral (ir no mercado), roupas pra ginástica/passear com cachorros, roupas pra ficar em casa, etc... Depois de dividir em categorias, comecei a pensar na frequência de utilização.
    Festas de tarde, por exemplo, eu havia ido em umas 3 no último ano (festas de crianças). E eu tinha 5 vestidos pra essa finalidade! Fiquei só com dois, e os outros três, embora novos e lindos, foram doados.
    Roupas pra sair de noite, eu tinha várias, entre blusas (pra usar com calça jeans/social) e vestidos. Se eu sair uma vez por semana é demais, então mantive uns 5 conjuntos pra essa finalidade, e o resto foi doado. E assim por diante.
    No fim, acho que reduzi minhas roupas quase pela metade (doei quase 100 peças).
    Doei tudo em um centro espírita que faz um bazar, e vende bem baratinho: assim quem comprar - normalmente pessoas de baixa renda - vai poder comprar bem baratinho, e vai fazer bom uso (prefiro sempre vender bem barato a doar. Acho que quem paga pela coisa, por mais barato que seja, costuma cuidar melhor), e o Centro ainda ganha um dinheirinho pra ajudar na manutenção interna. E eu me livro daqueles montes de roupas guardadas.

    Agora, quase 2 anos depois, tenho visto como já acumulei de novo. Não comprei nenhuma roupa nova desde então, mas minha irmã, minha mãe e uma amiga me deram algumas roupas que elas não queriam mais e ganhei algumas várias novas de presente (principalmente da minha mãe, que SEMPRE me dá presentes). Está na hora de fazer uma limpa de novo. E acho que essa época de fim de ano é uma ótima oportunidade de recomeçar.

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    1. Ei, Anne!
      Adoreeeei seu depoimento! Posso publicar como post aqui no blog para mais pessoas lerem?
      Abraço!

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    2. Nossa, que bom que gostou!
      Pode sim, claro!
      :)

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  7. Olá, Anne!
    Estou seguindo, a proposta minimalista, e o seu blog. Adorei!
    Bjk...

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  8. Olá, sempre leio mas nunca comento. Adoro seus textos e gracas ao blog estou conseguindo passar pela crise sem sofrer muito.
    Tenho meus momentos de estravagancia, confesso mas estou muito mais controlada e tb sigo devagar e sempre, tinha estoque de cremes e cosméticos, dois anos se passaram e eu ainda não usei tudo. Roupas tive que comprar pois engravidei mas foi tudo de forma consciente, sem exageros. Ainda não doei tudo pois estou em processo de emagrecimento, conforme vou perdendo vou doando e descobrindo pecas "novas" no armário

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    1. Que coisa boa, Laís! Fico feliz de saber. A vida é assim mesmo. A gente vai se adaptando, de acordo com o que queremos, como nosso valores e com os recursos que temos. Aproveite o processo mesmo porque, além de ser gostoso, é um momento de muito autoconhecimento.

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  9. Desde que comprei casa própria, realmente meu consumo aumentou muito! Quando morava de aluguel quase não comprava nada, procurava doações, pois achava "se o móvel/objeto funciona, por que eu tenho que comprar?!" Logo era tudo descombinado e meu namorado ria muito ao saber que praticamente tudo era doado, apesar de eu ter condições financeiras para comprar. Mas agora está diferente. Na casa própria o sofá é de couro pois é a melhor manutenção, o bebê tem menos alergia além de ser bonito, os armários são planejadas pois fica muito mais limpo e compacto, o fogão de 1970 virou um cooktop que amo. Ou seja, a busca da simplificação dos hábitos e do ambiente (na casa própria) estão bem caras. Mas tudo muuuuito pensado e muuuiito amado! Acredito que depois dessa fase vou voltar a consumir o basal! Beijos

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    1. Ah, Julia... A vida é de fases mesmo. Quando a gente muda, tendo que montar a casa, faz sentido pensar em comprar algo mais permanente, que dê menos trabalho... Normal. Mas daqui a pouco as coisas se encaixam, e pode ser que esses gastos te gerem frutos na economia de tempo, e de dinheiro também. Fazer escolhas conscientes é bom por isso :)
      Beijo!

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