domingo, 11 de janeiro de 2015

Minimalismo e conforto

Eu sempre me surpreendo quando eu mudo de ideia, mesmo sendo uma pessoa bem mudadora de ideias. Isso acontece porque eu sempre acho que a última ideia é a melhor de todas, a resposta para todos os problemas, o sentido da vida. E nunca é, né?

Eu entrei no minimalismo de cabeça e virei uma minimalista espartana. Daquelas que tem o mínimo de objetos, só compra o estritamente necessário e acha que está acima de necessidades materiais tolas como, por exemplo, conforto. Precisei de vááários meses para perceber que, pra mim: 1) conforto é muito bom e 2) dá para ter conforto sem ser uma consumista desenfreada. A virtude está no meio, como dizia Aristóteles, mais de dois mil anos atrás.

O que também não quer dizer que conforto é tudo na vida, e que a gente não deva fazer nada porque vai ficar um tanto desconfortável (literal e metaforicamente). Muito antes pelo contrário: passar uns perrengues ajuda demais a valorizar o que temos. É fácil se habituar ao conforto e achar que aquilo ali não é nada demais.

Quando morei no mini-apê de 25 metros quadrados, o que mais me incomodava era a mesinha quadrada meio bamba - nenhum calço resolveu - com suas cadeirinhas anti-ergonômicas. Era a única mesa da casa, o lugar de comer e de estudar, e não tinha posição que fosse confortável. Hoje, eu acho que pode ser interessante ter uma única mesa na casa (em oposição a uma mesa de jantar, mais uma mesa na cozinha, mais uma outra no quarto de estudos/escritório, digamos) mas gostaria que ela fosse como a do apartamento em que estamos ficando agora: o tampo é largo, os pés são firmes e as cadeiras são excelentes.

E a mesa e as cadeiras ainda são em preto e branco, meu esquema cromático preferido! 
Foi muito bom termos (eu e o Leo) morado seis meses no mini-apê, para além do aspecto econômico, porque ele nos preparou para diversos tipos de estadia. Sabe, às vezes encontramos gente de férias reclamando da dureza da cama, do tamanho do travesseiro, da pressão do chuveiro. E elas não estão ficando em albergues ou em hotéis baratos - muito antes pelo contrário. E eu entendo: às vezes, as pessoas estão tão acostumadas ao conforto de seus lares, onde é tudo adaptado aos seus hábitos e vontades, que tudo que é um pouco diferente incomoda.

Então, a lição do episódio do He-man de hoje é esta: conforto é bom, mas a gente é que manda nele, não ele que manda na gente.

6 comentários:

  1. Adorei o post! Achei bacaníssimo esse lance de viver em um espaço pequeno e tomar a consciência, em um espaço maior, de que não precisamos acumular porque temos mais espaço!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Allan! É isso mesmo! As vezes em que eu morei em lugares maiores, no passado, achava muito natural mobiliar tudo e guardar um montão de objetos. Depois é que fui ver que, na verdade, não precisava...

    ResponderExcluir
  3. Me identifiquei MUITO com o primeiro paragrafo!

    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é fácil, né, Tati? Mas pelo menos a gente se diverte! =D
      Beijos!

      Excluir
  4. Comigo aconteceu deu ficar viciada em espaços vazios. Meu maior orgulho é ter gavetas vazias no armário.
    Nesse ano vou tentar dar um jeito no escritório, mas já sei que uma das 4 estantes que temos será doada porque depois que comprei o Kindle, além de parar de comprar livros físicos, me desfiz de vários outros e ainda pretendo doar pelo menos um terço do que sobrou.
    O problema é sempre convencer o marido acumulador a colaborar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bem, pelo menos ele não invade suas gavetas vazias, né? =D

      Quem sabe seu exemplo, com o tempo, vai convencendo? Ou você pode tentar o método da caixa. É assim: digamos que ele não queira se livrar dos objetos X. Você propõe colocar os objetos X em uma caixa durante um certo tempo. O que ele precisar/sentir falta, ele tira de lá. O resto você fica autorizada a dar fim. De repente esse destralhe em dois tempos funciona, hein?

      Beijos!

      Excluir