segunda-feira, 10 de março de 2014

Um elogio à tristeza

A felicidade se tornou de tal maneira um valor na nossa sociedade que a tristeza é inconcebível. Para lutar contra ela, há remédios, terapias e várias recomendações, tudo muito bem intencionado.

Felicidade é legal sim, acho que acima de tudo é uma consequência de uma vida vivida de acordo com o que se acredita. Mas a nossa existência não precisa ser essa loucura esfuziante eufórica acima de tudo todo o tempo. É normal um pouco de tristeza, às vezes, por um tempo.

Coisas ruins acontecem. Conflitos, perdas, dificuldades. A gente fica triste. Normal. É porque nos importamos, ou porque é difícil mesmo. 

Há também aquelas tristezas sem motivo aparente, como aconteceu comigo na última semana. Pode ter sido uma baixa física de energia ou sei lá o quê. Eu tinha uma amiga que brincava que ela confundia gripe com crise existencial. Pode ter sido falta de sono.

O preocupante é se a tristeza começa a tomar conta e vira uma coisa duradoura, o que pode ser um sinal, como uma febre que nos avisa que há algo errado no nosso corpo. Nesse caso, é preciso investigar e tentar resolver o problema. Mas, até que isso aconteça, ficar se angustiando demais ao menor sinal de tristeza pode nos fazer é inventar preocupações.

É preciso cautela, além de um pouco de respeito ao sentimento. Estou aproveitando para ficar mais quieta, mais introspectiva... Como disse a Daniela nos comentários do outro post, é um bom momento para recarregar as energias. Se eu continuar assim por muito tempo, aí começo a me preocupar.

12 comentários:

  1. Concordo contigo Fernanda. Acho que a vida é um ciclo que intercala alegria e tristeza. A tristeza tambem é necessária para a nossa evolução! Faz com que identifiquemos o que não nos faz bem, que nos conheçamos melhor e procuremos a felicidade. Só devemos, como você disse, parar de achar que precisamos ser felizes 24hs por dia. Problemas sempre aparecerão em nossas vidas. Precisamos aprender a lidar com eles e transformá-los em aprendizado nesse caminho em busca do que nos faz felizes!

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    1. Exatamente, Bruna. Aprender com esses momentos é algo muito importante mesmo. Bem pensado. Obrigada!

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  2. Fernanda, seu post merece ser colocado num quadro rsrs... sério, essa cobrança pela felicidade, pelo bem estar só faz gerar culpa quando algo não vai tão bem assim. E convenhamos, a vida é mesmo de altos e baixos, acho que é o que você falou mesmo, quando os baixos ficam muito corriqueiros, ai é para se preocupar.

    Beijos e que essa fase traga novos aprendizagens e sirva para você conseguir olhar para o que precisa ser mudado.

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    1. Obrigada, Rô. Realmente a cobrança pela felicidade quando você já não está bem, só faz você ficar pior ainda porque adiciona a culpa. Péssimo isso, não? Beijo!

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  3. Oi, Fernanda!

    Ótimo texto. A felicidade tem sido exigida de todos nós. E com a exigência da felicidade, somo bombardeados por outras exigências: "seja magro, bonito, rico, bem-sucedido..." Quem dá conta disso, meu Deus?
    Que bom entrar aqui e perceber que nem todo mundo está na mesma pegada (rs). Na semana passada, recebi um texto do Alex Castro que fala sobre a prisão da felicidade. Preciso citar um trecho:

    "Em muitos países, o cumprimento inicial é uma pergunta neutra: 'how are you?', '¿que tal?', '¿que pasa?', 'ça va', etc.

    No Brasil, a pergunta é bem mais agressiva:

    'Tudo bem?'

    Não existe espaço para não estar bem. A pergunta já presume que você não apenas está bem, mas completamente bem, e busca apenas uma confirmação. Afinal, o normal é tudo estar sempre bem. Se não está tudo bem com você, hmm, então você está fora da regra, desviante do esperado, incorreta & inadequada."

    É isso, Fernanda.

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    1. Ei! Eu já li esse texto do Alex muito tempo atrás. Gosto dele, só acho que ele confunde um pouco as coisas quando começa a discutir a diferença entre ser "uma boa pessoa" e ser feliz, como se um fosse oposto ao outro, quando eu acho que é justamente ser uma boa pessoa conforme suas próprias crenças que faz com que a gente seja feliz. Só uma ideia... Hehe...

      Realmente a pressão é muito grande, e acaba deixando a gente pior ainda quando já não estamos tão bem, criando uma bola de neve. Desnecessário isso, né?

      Obrigada pelo comentário :)

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  4. Gostei muito do post. Em tempos de facebook, as pessoas ficam anunciando uma felicidade que na verdade não sentem, e os outros se sentem obrigados a fazer o mesmo. Todo mundo vai a festas incríveis, tem uma família maravilhosa, as férias são sempre no paraíso, o jantar é sempre um arraso. As pequenas alegrias, tipo uma tarde no sofá, observar a planta da varanda florir, aquele ótimo café com pão e manteiga de todo dia - essas pequenas alegrias andam desmerecidas. Bom, na minha vida não há essa "felicidade esfuziante e eufórica todo o tempo". Desconfio que isso não exista pra ninguém...

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    1. Ei, Vania! Essa felicidade até que existe sim, e acho até humano querer compartilhar (e até exibir) com os outros os momentos bons, sublimes e felizes da nossa vida. Mas todo mundo tem também momentos não tão sublimes e felizes, só que esses não valem a pena serem compartilhados, às vezes são mais íntimos. Então acho normal a gente só ter acesso ao lado bom da vida dos outros, e até legal isso. A gente só não pode achar que esses são os únicos momentos das vidas das pessoas, porque aí nos comparamos e achamos que estamos vivendo de maneira errada, ou pior, o que não necessariamente é o caso, não é?
      Beijo!

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  5. Outro dia mesmo estava pensando sobre isso. Você tem de dizer que está é feliz, mesmo vivendo situações de tristeza, caso contrário, você é um ser humano ingrato, menor... Uma coisa é alegria; outra, felicidade. A felicidade engloba inclusive a tristeza. Faz parte!

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    1. Faz sentido, Viviane. É até melhor não demonstrar sua tristeza, para não passar por essa pressão toda.

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  6. Dia desses uma amiga me contou que havia tomado café da manhã com a sogra e que as duas haviam discutido e que foi super chato.
    Tive uma surpresa quando cheguei em casa à noite e vi no facebook uma publicação dessa mesma amiga, onde ela aparecia toda feliz tomando café da manhã... com a sogra !
    Gente, se foi uma coisa ruim, por que publicar como se tivesse sido boa ?
    Seria mais fácil simplesmente não publicar, não é ???
    Mas, além dessa busca doida pela felicidade, o facebook meio que "obriga" as pessoas a mostrarem ao mundo que estão felizes ! (Mesmo quando não estão.)

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    1. Hahahaha.. É, Mônica. Talvez ela tenha publicado como uma tentativa de apaziguar a sogra, talvez para mostrar para a família que elas se dão bem ou talvez ela esteja querendo projetar uma imagem mesmo. A questão é que a gente nunca vai saber e nem importa muito. O que a pessoa conta para os outros, seja pessoalmente ou mesmo via redes sociais, não necessariamente é toda a verdade. Sabe quando você conhece um casal que está sempre bem quando vocês encontram e um belo dia você descobre que eles terminaram porque tinham vários problemas, mas você nem imaginava? Tipo isso... A rede social só difunde mais esse tipo de comportamento. E realmente há essa opressão para demonstrar felicidade mesmo, o que mascara ainda mais as coisas.

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