segunda-feira, 14 de outubro de 2013

No pain, no gain

Essa expressão, que pode ser traduzida como "sem dor, não há ganho", foi populariza na década de 1980 nos vídeos de ginástica da Jane Fonda, mas sua origem é incerta (veja aqui, em inglês). De qualquer maneira, ela é muito usada no mundo dos esportes e dos exercícios físicos.

À primeira vista, a ideia de que é preciso sentir dor para ganhar alguma coisa parece bem pessimista. Parece ainda uma desculpa para incentivar excessos destrutivos nas dietas, nos exercícios e em outros esforços. Mas, pensando bem, faz sentido.

Em todos os aspectos da nossa vida, temos uma zona de conforto, que geralmente é onde estamos. Quando a gente quer mudar alguma coisa, evoluir, precisa se esforçar para sair dessa zona, e isso causa incômodo e também, em diferentes graus, dor.

Nos exercícios físicos, se você quiser ter ganhos de desempenho - correr mais, levantar mais peso, ter uma batida mais forte no tênis, sacar melhor no vôlei, aumentar sua flexibilidade etc. etc. - você vai ter que forçar um pouco o seu limite. Ir puxando e se ajustando continuamente, ou você continua sempre no mesmo lugar. A cada quebra de limite, vai um período de dor, de esforço excessivo, até o nosso corpo se acostumar. Para ser sincera, é justamente essa superação que me atrai tanto nos esportes.

Na vida, e no minimalismo, acredito que o caminho é o mesmo. Uma das bases do minimalismo é minimizar o consumo, o que para mim foi muito fácil, já que eu nunca fui consumista mesmo. Mas, ao mesmo tempo que é fácil, os resultados são insignificantes, afinal, eu já era pouco consumista. O ganho real vem quando eu supero as minhas dificuldades.

Para mim, sempre foi difícil desapegar. Primeiro porque eu sou muito controladora, então me sinto confortável tendo vários objetos que podem ser úteis um dia. Segundo porque eu não gosto de comprar, e cada desapego abre a possibilidade de eu precisar fazer uma compra no futuro. Então, para mim, é muito difícil desapegar. Tanto que é meu principal assunto aqui no blog. Eu falo pouco de não consumir porque não é um desafio para mim. Mas é justamente o desapego que me faz ter mais resultados.

Não vou negar que é doloroso algumas vezes jogar coisas fora, doar. É todo um esforço psicológico e emocional. Por isso vou aos poucos, forçando os meus limites. Enxergar os resultados me dá forças e motivação para forçar um pouquinho mais.

Se você quer mudanças reais na sua vida, vai ter que vencer desafios, se superar, forçar seus limites, aceitar o desconforto e a dor. Vá aos pouquinhos e vá se motivando com os resultados. Vale a pena.

12 comentários:

  1. Adorei sua reflexão! Também sou muito apegada as coisas, mas tenho melhorado e aprendido a deixar "ir" coisas que não são tão importantes em minha vida e passar a focar no necessário! :)

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    1. Ei, Bruna. Acho que essa é a ideia: ir melhorando. É o que eu tento também.

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  2. Desde pequena eu tenho certa facilidade em desapegar de coisas. Quando eu era criança, várias vezes ao ano meus pais pediam que eu e minha irmã escolhêssemos brinquedos, livros e roupas que seriam doados para um orfanato do bairro, acho que isso foi fundamental para que eu não crescesse apegada demais a itens materiais.

    A parte mais complicada pra mim é consumir menos e melhor. Ultimamente tenho feito compras mais inteligentes e evitado gastar muito. Minha última decisão é a de não comprar mais livros. Estou usando o Skoob para trocar os que eu já tenho e também baixei o aplicativo Kindle no meu celular.

    Acho que só vou deixar aqui em casa alguns dos meus favoritos de todos os tempos mesmo :)

    Beijos e boa semana!

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    1. Tá vendo como cada pessoa é diferente.

      O kindle foi uma revolução na minha vida. Desde que o comprei, não comprei mais livros de papel e ainda doei e troquei vários. Ah... Eu também guardo os meus favoritos de todos os tempos. Hehe...

      Beijo e boa semana para você também ;)

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  3. Eu me identifico muito com a situação de achar que não se está "evoluindo" por já ser pouco consumista desde sempre.
    É preciso refletir muito sobre consumo e necessidades materiais para se enxergar os passos dados em direção ao minimalismo.
    Acho que uma das maiores contribuições que trouxe para minha vida é sobre o consumo de qualidade. Parei de querer consumir os artigos mais baratos, de procurar as "melhores oportunidades". Seguindo o velho raciocínio de que se consumo pouco posso me dar ao luxo de consumir um artigo superior, que vai durar mais (e gerar uma pegada ecológica menor), um produto que vai me agregar mais por ser melhor e que eu realmente vou gostar de possuir. Não vai ser aquele "vai esse mesmo que é baratinho".
    Ando refletindo cada vez mais sobre como posso evoluir ainda mais em diferentes aspectos da minha vida seguindo o minimalismo, não só em relação à matéria, mas também a relações, atividades, foco etc.

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    1. Muito bem pensado, Cândida. Essa questão do consumo não apenas em menor quantidade, mas também com mais consciência e senso crítico é fundamental. Também tenho pensado o minimalismo nesse sentido mais amplo :)

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  4. Querida Fê: para mim, o mais engraçado do teu post foi que ao lê-lo eu estava sobretudo a reviver... as minhas aulas de yôga! É verdade, sim, que, para mudarmos, temos mesmo de sofrer. Custa-me um pouco aceitar isso, porque me parece muito judaico-cristão, mas se mudar para melhor fosse assim tão fácil, estaríamos todos há muito a viver já o paraíso na terra! Bj grande.

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    1. Hahahaha... Adorei você ter falado sobre a culpa judaica-cristã. Tem razão. Mas, no caso que a gente está falando, a "dor" nem é pela culpa, mas sim pela superação de um limite. Mudar não é fácil mesmo. O paraíso na terra é difícil de alcançar, mas dá para se manter cada vez mais longe do inferno. Hehe... Beijão!

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  5. É isso mesmo! Se queremos as coisas teremos que sempre nos sacrificar mas lá na frente a gente vê que aquele sofrimetozinho valeu a pena =)

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  6. Oi Fer, então acho que para avançar é preciso se desafiar e sair da zona de conforto. Eu era consumista, e quando eu decidi parar de comprar foi doloroso. Porque todo e qualquer stress que eu tinha resultava numa compra. Eu tirei a compra e o stress continuou existindo, e aí o que fazer? Estou aprendendo a lidar com isso e aos poucos vou evoluindo. beijos

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    1. Isso mesmo, Andreia. Eu lidava com stress comendo e tenho tentado controlar isso, porque excesso de comida também não é bom. O que tem mais ajudado bastante é praticar esporte, porque tem o exercício físico em si que já ajuda a liberar as energias e tem também o jogo que diverte. Mas há outras opções também: meditação, dança e até mesmo terapia (eu fiz por anos e amava). Beijos!

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