quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sobre o transporte público

O aumento no preço da passagem de ônibus na cidade de São Paulo deu início a uma onda de protestos em todo o país. Não só o preço do transporte público no Brasil é absurdamente alto, mas a qualidade é horrível. Prometeram que iam melhorar esse cenário para a Copa, mas nada (ou quase) saiu do papel.

O modelo baseado prioritariamente em ônibus não funciona para grandes cidades. Gera engarrafamentos e é afetado por eles. Mas metrô é caro e demora para fazer, então não é atraente para os políticos. Em Belo Horizonte, uma das maiores cidades do país, tem UMA linha de metrô, com tecnologia do século passado, que fica sempre lotada.

O transporte por ônibus, pelo menos aqui em BH (mas suspeitos que seja assim no resto do país também), é de péssima qualidade. As informações sobre as linhas e sobre como ir de um lugar a outro são mínimas e difíceis de entender. Eu moro aqui há 25 anos e toda vez que preciso ir pra algum lugar de ônibus, é uma luta tentar descobrir qual linha pegar (ainda bem que existe o google maps). Sem contar que não há integração, então na maioria dos casos eu tenho que pegar um ônibus até o centro da cidade (onde passam quase todos os ônibus) e outro de lá até o destino final, pagando duas passagens.

Os ônibus não têm hora pra passar, demoram pra caramba pra chegar no destino, estão sempre lotados e ainda são caros. Realmente fica difícil depender deles. Mesmo para quem tem baixa renda, vale mais a pena dividir em mil vezes e comprar um carro (coisa que o governo incentiva) do que depender de ônibus. Só que  aí é trânsito, poluição e tudo aquilo que a gente já comentou aqui.

A cidade em que eu gostaria de morar daria prioridade para o transporte público. Para isso, é preciso investir em metrô, em informação e mexer no lucro das empresas que monopolizam e faturam milhões com as concessões atualmente. Estou torcendo (e manifestando).

12 comentários:

  1. Oi, Fer!

    Sobre o modelo baseado em ônibus, não é de todo ruim. Um dos problemas, em São Paulo, é que os projetos de urbanização desde o século retrasado priorizaram avenidas - primeiro para os palacetes e em seguida tendo em vista os recém chegados automóveis, e o transporte coletivo de passageiros ficou em segundo plano.

    A cidade cresceu demais, realmente os governos não investiram em metrô no ritmo necessário. Falta ainda integração entre o transporte individual, principalmente em bicicletas, mas também em carros e motos, e o coletivo.

    ResponderExcluir
  2. Ei, Juba!
    Eu acho que ônibus deve ser transporte complementar, nas grandes cidades, já que eles ajudam a aumentar o trânsito e ainda não atrapalhador por ele. Além disso, tem o problema da dificuldade de integração das passagens e da poluição.
    Concordo demais sobre a lentidão do investimento no metrô e a falta de integração de carros, motos e bicicletas. É preciso melhorar isso.
    Beijo!

    ResponderExcluir
  3. Se as secretarias de habitação parassem de emitir alvarás aos montes, talvez as melhorias do transporte público e vias atuais fossem o suficiente. O problema é que eles continuam a emitir e, com isso, mais e mais pessoas vão precisar dividir o mesmo espaço e lidar com graves problemas de locomoção.
    O protesto deveria ser, acima de tudo, contra a corrupção... Essa sim destrói qualquer possibilidade de se oferecer uma boa qualidade de vida aos habitantes de qualquer região brasileira.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Protestar contra a corrupção é muito inócuo, pois a corrupção não é uma lei ou algo palpável que podemos exigir. A corrupção é uma consequência, um comportamento, que na estrutura da nossa sociedade brasileira atual é premiada. A solução, neste caso, é protestar por reforma política e por transparência nos gastos públicos (um programa que o governo federal, por exemplo, já implantou). Aí é dever da população vigiar e se envolver politicamente para que as coisas mudem. Dá trabalho, mas não tem outro jeito.

      Excluir
    2. Concordo super, Fernanda, com tudo! Sobre os protestos contra a corrupção, sempre fico com a sensação de muito vazio. Especialmente quando vejo, muitas vezes, aqueles que protestam dando maus exemplos, desrespeitando uns aos outros, sendo "espertos" no dia a dia. Para mim, todas essas posturas são formas de corrupção, aquela que é premiada na nossa sociedade. Sem falar que os políticos, na minha opinião, são um retrato da sociedade. A corrupção está na nossa cultura (até por uma questão histórica) e consequentemente nos nossos políticos. Por isso as reformas e as mudanças de atitudes no nosso dia a dia, na educação dos nossos filhos, são mesmo o caminho. Sou servidora pública e tenho acompanhado bem essa questão da transparência no Governo Federal. Tem acontecido. Agora quero ver a população fazer a sua parte, se envolver, lutar para acabar com aquilo que condenam...

      Excluir
    3. Concordo com tudo que você disse, Evelize. Eu tento fazer a minha parte, me envolvendo e tentando conversar com as pessoas mias próximas que se mostram abertas. Espero que as coisas melhorem, viu?

      Excluir
    4. Eu também acredito que, por menor que seja, fazer a nossa parte é essencial... com exemplos ou mesmo com conversas, posturas... meu marido tenta me convencer a não tocar em assuntos polêmicos (especialmente quando tratamos de política, já que minha posição é contrária à da maioria com quem convivo). Ele diz que não adianta, que ninguém muda ninguém e que ninguém está nem aí para o que os outros pensam... de certa forma, ele tem razão, mas eu não desisto (ahaha)! Com quem vejo possibilidade de diálogo, eu converso mesmo e costuma ser muito legal a troca de ideias... e também "uso o Face" para tanto... acho que é um dos melhores usos pro bichinho! rsrs

      Excluir
    5. Ah... Eu acho que adianta sim. As pessoas podem não concordar na hora, mas na maioria dos casos elas vão pensar sobre aquilo em algum momento. E se outra pessoa falar também, aquilo vai se juntando na cabeça da pessoa. Então eu acho importante falar. Claro que tem horas que eu não tenho saco pra isso e tem outras vezes que não adianta mesmo. Hehe...

      Excluir
  4. Quando eu estava no colégio, nos anos 90, os ônibus de SP eram péssimos. Mas péssimos mesmo. Eram ônibus sucateados e fora de circulação da frota do RJ. Os bancos eram de plástico, soltos, o piso do veículo tinha furos de onde podíamos ver o asfalto e nem sempre tínhamos a cordinha para puxar e poder descer.

    Por conta dessa situação, surgiram as vans ilegais. Já que não tínhamos uma frota em condições de transportar passageiros, as vans vieram preencher o vácuo deixado. Foi então que na gestão da Martha Suplicy que houve uma reorganização do sistema, com a implantação do Bilhete Único, com a troca da frota por ônibus novos, a criação dos corredores e a organização de cooperativas para a operação das vans.

    Isso certamente ajudou a melhorar um pouco o caos dos ônibus, mas o Bilhete Único injetou mais gente em um sistema que não tem para onde crescer. E isso cria um efeito bastante visível: o passageiro que não aguenta mais andar de ônibus, que estão sempre cheios e presos no congestionamento, se endividam para comprar um carro para terem autonomia e mais conforto, porém é mais um veículo nas ruas e avenidas, que não conseguem mais suportar o volume.

    Ou seja, a situação dos ônibus aumenta o trânsito paulistano. Quem não tem outra opção, anda em veículos super lotados e pede mais ônibus nas ruas, que não podem ser colocados, ou piora o trânsito... É um sistema que se retroalimenta e a menos que um planejamento de transportes seja feito, com investimentos em metrô, estamos fadados a viver travados pelas ruas. Metrô demora e é mais caro, claro, mas quanto mais demoramos para construir novas linhas, pior fica a situação e a mobilidade urbana.

    Infelizmente sabemos que esses aumentos não são usados para investir no sistema de transportes. E a população tem mesmo que reclamar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Análise muito boa, Sybylla. Concordo que não tem mais como colocar ônibus nas ruas e que a solução passa por metrô. Vamos torcer para que as reclamações tenham efeito.

      Excluir
  5. Está mesmo insuportável usar o transporte público em BH. Eu passei a voltar a pé do trabalho todos os dias, uns 6km que estão me fazendo muito bem, rsrs. Estou estudando possibilidades para ir a pé também, mas aí preciso encontrar um trecho com menos ladeiras. Desisti de esperar por melhoras significativas no transporte e, como não suporto nem a possibilidade de te rum carro, terei que usar ônibus ao menos nos finais de semana. Meu plano é comprar, em breve, um apartamento em uma área mais central de BH... Mas às vezes também penso em me mudar, enfim... uma pena!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estou com o mesmo plano que você, Leonardo! Morar em uma área central e ir a pé pra tudo quando é lugar, recorrendo eventualmente a táxi e ônibus. Teve uma época em que eu trabalhava a 6km de casa, como você, e o melhor é que era reto e um trecho bem movimentado (não era perigoso, sabe?). Era ótimo. Acho que, nas circunstâncias, é melhor a se fazer mesmo. Sobre mudar, teria que ser para um lugar que não tivesse os mesmos problemas. É algo a se pensar mesmo... Boa sorte pra gente!

      Excluir