sexta-feira, 7 de junho de 2013

Gente bagulhenta? Tem em todo lugar

Eu já falei aqui no blog sobre como eu achava que os europeus, em geral, menos consumistas do que os brasileiros em relação ao vestuário. Que o povo tem um casaco de inverno só, de boa qualidade, e o usa durante anos. Que eles não ficam seguindo modinha.

Também falei que os apartamentos pequenos forçam os europeus a serem seletivos nas compras - não cabe muita coisa em casa, então o jeito é ter menos objetos.

Vamos retomar o tema? Porque eu acho que estava enganada.

A teoria sobre o bom e único casaco de inverno eu mantenho, por enquanto. Mas quanto ao consumo...

Temos ficado em vários apartamentos nesta viagem. Alguns são preparados especialmente para os viajantes: neles tem o necessário para uma estadia (roupa de cama e banho, equipamentos de cozinha) e só. Mas, algumas vezes, os apartamentos são habitados pelos donos, e eles os alugam de vez em quando para ganhar um graninha.

E aí pode ser na Irlanda, na Inglaterra ou na França: tem europeu que não joga nada fora, nunca (ou pelo menos é o que parece). Nos apartamentos habitados, a gente encontra gavetas, estantes, armários, prateleiras e mesas repletos de roupas, livros, garrafas, estátuas, revistas, cds, velas, cestas, caixas, brinquedos. Paredes - inclusive do banheiro - recobertas de quadros, pôsteres, retratos, desenhos. Em cada maçaneta tem uma guirlanda, uma enfeite ou uma sacola. Some-se a isso paredes coloridas, tapetes estampados, móveis de diversos estilos e lustres variados.

Acho engraçado e excessivo. Como passamos poucos dias em cada lugar, o bagulhismo alheio não chega a incomoda muito (só quando não há uma única superfície livre pra botar a mala. Botamos no chão, paciência). Talvez, antes de adotar o minimalismo, eu nem percebesse o exagero de objetos.

Mas hoje eu percebo e fico perplexa. Não só acho difícil relaxar em ambientes com tanta informação, como penso na dificuldade que é fazer a limpeza. Ai, o pó que se acumula em cima de tanta superfície em exposição.

O Leo diz que essa é uma preocupação que muita gente não tem. Que a nossa mania de limpeza é bem brasileira. De fato, talvez seja algo cultural. Em Portugal, ficamos em apartamentos limpíssimos; na Irlanda do Norte, encontramos os banheiros mais imaculados do mundo. Já nas casas bagulhentas, nem sempre a higiene é proporcional à acumulação.

É aquela coisa: quanto mais posses, mais tempo e esforço são necessários para manutenção e limpeza. Se a pessoa não tem tempo...
A vida do dono-de-casa.../É uma luta danada

11 comentários:

  1. Na verdade, eu como descendente de holandeses posso te falar, eles acumulam sim, mas continuam não sendo consumistas. A questao é realmente nao jogar nada fora. Países que passaram por guerra mantém esse hábito, pois há o medo (até inconsciente) de que um dia possam passar necessidade novamente. Sendo assim,tudo que eles ganham, herdam (principalmente) eles guardam. Garanto pra voce que a maioria das tranqueiras que voce viu na Europa são coisas mais antigas, que vão repassando, e não como nos USA (onde tb morei) que eles guardam coisas novas sem nem tirar da embalagem (que compraram só pelo consumismo mesmo), isso sim é muito triste! Adoro o blog de voces, sou "freguesa" há tempos rsrsr ;)

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  2. Oi Lud,

    Eu já li que o brasileiro tem uma exigência maior de limpeza, principalmente de classe média para cima, porque tem quem limpe para ele. E que o europeu não liga tanto para isso, já que são eles mesmos que limpam. Mas isso é fato, casa cheia de coisinhas dá um trabalhão para manter limpa. Já li também que pessoas introspectivas preferem ambientes sem muitos detalhes, e que pessoas mais extrovertidas gostam de decorações mais cheias de detalhes. Não sei se é verdade, mas eu achei que isso vale para mim, já que eu não gosto de muitas coisas espalhadas pela casa e também me sinto sufocada em ambientes muitos rebuscados.

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  3. É isso aí, tem gente de todas as nacionalidades que gosta de ter a casa entupida de coisas, sejam novas ou antigas. Concordo plenamente com a Daniela, também me sinto sufocada, não conseguiria viver assim. Beijo. Alexandra

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  4. A melhor coisa de ter poucos objetos é o tempo e o trabalho economizado em limpar, inclusive eu adoro um bibelo, quadros,etc mas quando penso que tenho q tirar o pó desisto na hora em comprar.Agora eu estou numa fase de apreciar museus, arquitetura e a natureza em vez de ir ao shop ficar olhando para as vitrines e sair com uma sacola de compras, me sinto muito mas feliz assim do que antes toda endividada e com um monte de coisas inuteis em casa.

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  5. Também gosto de quinquilharias de enfeite, mas não dentro de minha casa, já que sou eu que cuido. Uma ótima maneira de ter coisas pra admirar sem ter que cuidar delas é usar o Pinterest. É bom colecionar moda, imagens bonitas, objetos de decoração, mas que não ocupam espaço, nem dão trabalho pra cuidar... Amo teu blog. Parabéns. Aprendi muita coisa aqui.

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  6. O problema parece mesmo não jogar nada fora. Dessa maneira, mesmo se a pessoa não for consumista, vai acumulando uma quantidade de objetos absurdos. E junto com eles muita poeira para limpar, muito espaço para guardar e energia acumulando tornando a casa carregada. Conheço casas lindíssimas com poucos objetos e sempre optei para que na minha não tivesse muita coisa mesmo. Um dos segredos é a ter a casa pequena porque esta vai denunciando quando tem coisa em exagero, por exemplo, na minha cômoda de sapatos, que é pequena, se compro mais um, tenho que tirar outro. Isto é ótimo pois vira um hábito e compro realmente quando algum sapato ou está bem velhinho ou quando não está sendo usado. Adoro o blog!!!

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  7. Não vou comentar exatamente sobre esse post, mas só para dizer que fiquei muito contente de descobrir que existem pessoas como vcs!
    Também penso bastante sobre o que é necessário para viver e sonho em viajar muito mais!Quando li sobre a alergia a níquel.. foi a cereja em cima do bolo. Também sou alérgica e renunciei às bijuterias há bastante tempo.

    Uma dúvida: como vcs lidam com os sapatos? Tenho um par de tênis e um de botas para o inverno, e uma sapatilha para o verão. Algumas opçoes para saídas à noite ou um compromisso especial.
    Essa situação que poderia assustar muitas mulheres, para mim é o mais prático, inteligente a ser feito. Não entendo as críticas... de verdade. Acabo achando que falta reflexão para os que criticam.

    Onde vou parar? Estamos perdendo muita coisa, muita vida por ser assim? Ou, ao contrário, ganhando tempo e por isso vida, experiências além do consumo?
    Qual é a vantagem para isso tudo?

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  8. Nada a ver com o post mas tudo a ver com o blog esta matéria do Gilberto Dimenstein:
    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/2013/06/1292570-universitarios-fazem-experiencia-contra-inflacao.shtml

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    1. Adorei a ideia! Eu já faço isso com as minhas primas há alguns anos, mas só trocamos roupas. Expandir para mais pessoas e mais produtos deve ser ótimo. Tomara que isso pegue. Eu queria muito trocar livros, por exemplo. Eu tenho tantos que eu nunca vou reler e aposto que muita gente idem. Seria ótimo...

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  9. Fernanda:
    Então, se não for pedir muito, espalhe o link entre seus conhecidos, ou, quem sabe, faça um mini-post no blog sobre ele.

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    1. Vou dar uma pesquisada maior e fazer um post sim :)
      Obrigada

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