terça-feira, 18 de junho de 2013

Açúcar, sal, gordura

Tô lendo um livro interessante no Kindle: Açúcar, Sal, Gordura: como os gigantes da indústria alimentícia nos pegaram (Sugar Salt Fat: How the Food Giants Hooked Us), do Michael Moss.

O livro fala sobre a realidade americana, mas tem dados que eu posso aproveitar, já que muitos produtos são mundiais (batatas chips, sorvetes, biscoitos, pizzas congeladas). Em suma, o autor explica que as empresas de alimentos estão aí pra vender, e que a melhor maneira de vender é fazer comidinhas que têm gosto bom. E que quanto mais açúcar, sal e gordura, melhor é o gosto!

Não é achômetro: eles têm laboratórios e cientistas e fazem testes de sabor. E descobriram que as pessoas gostam de coisas doces, mas chega um ponto de doçura que elas deixam de gostar. Já com a gordura não é assim: as pessoas gostam de mais gordura, sempre! E se você mistura gordura E açúcar, as pessoas tem impressão que tem menos gordura na comida. Aí já viu, né?

Quanto ao sal, as crianças não nascem gostando (ao contrário do açúcar e da gordura). Mas, se você começar a dar sal para os bebês a partir dos seis meses, eles começam a gostar. E, gradativamente, vão aceitando (e querendo) cada vez mais sal nos alimentos.

Em suma, comidinhas industrializadas são feitas pra você querer comer mais e mais. E, se no Brasil já faz anos que a legislação comanda que os alimentos processados todos venham com lista de ingredientes, calorias, quantidade de açúcar, gordura, sódio e fibras, isso não é verdade para os Estados Unidos e para a Europa. Então, mesmo que a pessoa queira fazer escolhas informadas e conscientes a respeito do que ela está comendo, muitas vezes não dá.

Eu e o Leo ganhamos uns quilinhos nos últimos meses, mesmo caminhando loucamente para lá e para cá. Foi porque comemos mais do que estávamos acostumados, claro. E muita coisa industrializada, que já está pronta pra consumir e é tão fácil de comprar, né? Em retrospectiva, lembro que esses produtos de fato são tão gostosos que a gente perde um pouco a noção da hora de parar.

Tem solução, é claro: comer o menos processado possível. Quanto menos industrializado o alimento, melhor - menos conservantes, menos dificuldade para avaliar o que é fome e o que é vontade de comer (eu nunca terminei uma maçã e corri para pegar outra. Ou devorei meio pacote de pão de forma integral).

Dá um pouco mais de trabalho, é verdade: se eu não sair de casa com uma fruta na mochila, não é no aeroporto que eu vou encontrar. Lá vai ter redes de fast food e lojinhas vendendo chocolate, biscoitos e refrigerante. Também não quer dizer que eu não vou comer mais os processados - mas vou comer menos, e com consciência que um pacote tem várias porções. Também vamos tentar cozinhar em casa a partir dos ingredientes, em vez de pratos prontos congelados - a não ser que eles sejam Picard!


10 comentários:

  1. Já faz um tempo q venho tentando diminuir a quantidade de alimentos processados na minha rotina. A passos lentos acho q tenho alcançados grandes vitórias. Faz um ano q parei de beber refrigerante e uns 6 meses q tb eliminei sucos prontos (de caixinha) depois de descobrir q o que menos tem alí dentro é suco!! Tb diminuí a quase zero os temperos industrializados nas refeições q preparo. Nada melhor q alho, sal e pimenta do reino pra temperar QUALQUER alimento!
    Sei q pra mim é mais fácil, pois faço praticamente todas as refeições em casa, mas acredito q mesmo comendo na rua dá pra fazer ótimas escolhas. Mas tem q se esforçar, pq o mais prático normalmente é menos saudável.

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  2. Não acredito piamente em rótulos de alimentos. Desconfio que deve ter coisa muito pior que o descrito ali.E não é tão fácil se alimentar de maneira saudável.Se como frutas e legumes, como também agrotóxicos, se como carne, peixes ou aves são os hormônios de crescimento!Afffff!!!!!

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  3. Lud, li um livro interessantíssimo sobre comer de maneira compulsiva (The end of overeating, do David A. Kessler), que explica como a combinação de açúcar, sal e gordura - numa proporção "ideal" pra cada pessoa - é percebida pelo cérebro como recompensa, não mais como comida. A saciedade não é mais percebida e a quantidade consumida é bem maior do que a de comida não-processada. E os neurônios ativados são os mesmos que respondem a psicotrópicos. Em outras palavras, ao comer porcaritos e afins, o cérebro está sendo drogado.
    Por isso que é "impossível comer um só". :-(

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  4. Faz tempo que quero te recomendar, e agora tenho a oportunidade: http://lowcarb-paleo.blogspot.com.br/

    Minha vida mudou. E aí temos o paradoxo frances.

    Lilly

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    1. Lilly,

      agora é que tive tempo de ler o link que você me mandou. Você fala mais
      da sua experiência sobre o assunto?

      Beijos!

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  5. Lud:
    Fico feliz que vcs tenham percebido a tempo a bomba relógio das comidas industrializadas. Isso sem falar que, depois que vcs começarem a comer mais amiúde comida "naturalmente" feita em casa, perceberão que as comidas processadas (com raras exceções) são "um lixo", pois não têm o sabor que os ingredientes deveriam propiciar.
    De qualquer forma, parece-me que tão importante quanto à quantidade de gordura, vale a pena dar uma olhada no teor de sódio. A quantidade máxima de ingesta diária recomendada pela OMS é de 2g, mas o ideal é que fique abaixo de 1g. Dêem uma lida na tabela nutricional de alimentos processados e refrigerantes: é de cair pra trás!
    Marco Vieira

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  6. Sal-gordura-açúcar, a tríade que é o segredo por trás de toda comida gostosa... e o veneno quando ingerida em excesso! E tem um filme em que dois chefs de cozinha comentam que o segredo do sabor é "gordura, gordura, gordura". No fim das contas, a virtude está sempre no meio. Com o tempo - e a informação - fui abolindo trocentos industrializados que amava. Hoje, quando raramente como, não me dão o mesmo prazer e páro rapidinho.

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    1. Lu, e os franceses que dizem que "beurre est bonheur" (manteiga é felicidade)?

      Beijos

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  7. Oi, Lud!Nem fala, tenho lido a esse respeito e é isso mesmo...há toda uma ciência por trás dos alimentos viciantes da indústria..sabia que cientistas pesquisam exaustivamente para determinarem o ponto ideal de sal, gordura e crocancia pra deixar todo mundo fisgadinho? Sou cria dos anos 70 e fui criada com muito porcaritozitos, aqueles cujo slogan era justamente " é impossível comer um só"...sao muito levinhos, praticamente um isopor...a criatura consegue comer um pacote de uma vez, e não enche nem o buraco do dente! =/

    Hj em dia, depois de longa caminhada, aboli a porcariada toda e jamais me alimentei com tão poucos industrializados.E nunca me sento tão bem em toda a minha vida, meu organismo me agradece diariamente! ( mas não vou dizer que a caminhada é fácil ou rapida...essas coisas, além de viciarem quimicamente o cerebro, tb viciam emocionalmente! =(

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  8. Ana, não é fácil mesmo não. As embalagens dos industrializados são tão coloridas e atraentes, geralmente eles estão prontos pra comer.... Quem mora no Brasil tem uma imensa vantagem: pode ler a composição dos alimentos na embalagem. Aqui na Europa não tem isso - informa quem quer. Então é muito mais fácil a pessoa achar que tá fazendo uma boa (ou pelo menos não péssima) escolha nutricional.
    Fiquei chocada quando percebi isso. Brasil tá na frente de muito país na defesa do consumidor!

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