terça-feira, 7 de maio de 2013

Carreira: seguir o sonho X buscar segurança

Eu não tive dúvida: busquei segurança. Porque eu sempre achei que um dos ingredientes da felicidade é ter autonomia financeira - isto é, independência dos pais, do cônjuge, da família - e é difícil ser feliz morando com o pai e com a mãe, mesmo tocando em barzinhos toda noite. Só tendo o próprio dinheiro a gente é livre para fazer as próprias escolhas - e são bem poucos os catapultados dos barzinhos para a fama.

Dito isso, vamos explorar o conceito de autonomia financeira? Pra mim, já foi ganhar muitos milhares de reais por mês - ter grana para comprar um apartamento bala, um carro bacana e roupas da moda, ou seja, "ser um sucesso" aos olhos dos outros. Depois percebi que as minhas vontades eram outras. O desejo de ser proprietária de imóvel passou rápido depois que casei, faz anos que eu não dirijo, e ficar acompanhando os lançamentos dá um trabalho sem fim.

Pra mim, autonomia financeira é ter grana para se manter com um pouco de conforto, comprar chocolate e livros e viajar. Não dá pra fazer com o salário mínimo, concordo, mas também não preciso ser presidente de empresa ou juíza. Depois que eu e o Leo decidimos não ter filhos, então, ficamos mais tranquilos ainda.

Um dos objetivos do nosso sabático é pensar o que queremos das nossas carreiras. Se vamos continuar optando pela segurança - e sendo felizes ao fim do expediente e nos fins de semana - ou vamos partir para outras opções, menos estáveis e mais divertidas.

Tipo seguir o sonho.


21 comentários:

  1. Lud, concordo com você. A sociedade coloca um certo peso na gente de que se você não sonha em ser sócio, chefe, dono de um negócio você é medíocre e acomodado. Eu discordo dessa "filosofia de sucesso" e acho que a vida tem que ser vivida plenamente, temos que trabalhar sim, mas temos que saber aproveitar esses frutos também, como viajar, ter momentos de lazer e etc. E ninguém precisa ganhar rios de dinheiros para isso.
    Parabéns e continue com a sua busca!

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Digamos que juízes ganhem o que ganha um superintendente ou, no máximo, um diretor de uma grande empresa. E isso não é mau, na minha opinião. Ou vc acha que é?

      Excluir
    2. Depois dessa "reclamação" fui até ver quanto ganha um juiz federal e olha que surpresa: R$ 21.766,16!
      Quando isso for um salário para se ter uma "vida bem controlada"...
      Por favor, né? Menos choro, mais realidade...

      Excluir
    3. E depois de quase 20 anos como juíza do Trabalho, com certeza ganha muito mais que isso...puxa, essa foi sem noção, moça, desculpaí, mas acorda para a vida...quem tem vida controlada de verdade nesse país não são os juízes.
      Mariana

      Excluir
    4. Lud, exclui meu comentário em razão de que o contexto definitivamente não foi entendido e não sei porque pensei que seria... beijos

      Excluir
  3. Oi Lud, sim a sociedade tem está ideia de sucesso! Mas penso que sucesso aos olhos dos outros é algo bem superficial. Creio que a satisfação pessoal e os objetivos que se tem na vida são mais profundos e nos levam a fazer escolhas. Fiz como você, também optei pela segurança, sou funcionária pública, e isso me satisfaz porque viver um amor numa cabana não é o suficiente. Mas o que é o suficiente para se viver? Tão relativo né? Parabéns pelo ano sabático e pela coragem que vocês tiveram ao deixar o seguro e ir atrás do sonho! :)

    ResponderExcluir
  4. Complicada essa relação. Faz um tempão que estou meio sem rumo de que faculdade fazer só pela pressão do 'ganhar dinheiro'. Sou doida pra fazer letras, mas fico insistindo em outros cursos que (teoricamente) 'tem mais fututo' só pelo medo. Cursei um ano de administração e quase me parto ao meio, de tanto desgosto. Ainda bem, larguei!
    Mas ainda estou em dúvida quanto a engenharia (carreira de $ e sucesso) ou letras (o que eu realmente queria fazer).
    Quando converso com outras pessoas sobre isso elas sempre me dizem pra seguir meu sonho, o engraçado é que são todos: engenheiros, advogados e médicos; quando desejavam ser: cuidadores de cavalos, ter uma loja de roupas ou fazendeiros.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. lais, eu fiquei entre comunicacao e engenharia e por varias razoes acabei na engenharia. la' dentro, ja' sabia que nao queria trabalhar com isso, mas tambem nao queria trabalhar com nada - eu queria era nao trabalhar! :) nao amo meu trabalho, mas sinceramente nao sei se amaria muito mais trabalhar com comunicacao ou criacao. e outra - acho que voce sempre pode largar a engenharia e abrir uma loja de roupas, apesar de que se comecar a ganhar bem 'e dificil abrir mao da seguranca :D
      bom, tudo isso pra dizer que, mesmo nao trabalhando com engenharia, achei o curso muito bom, e acho que faz voce 'virar gente', se nao deixar o ambiente machista/preconceituoso/filhinho-de-papai te afetar demais.

      Excluir
    2. Isa, eu nunca imaginei que você tivesse outra opção senão engenharia! E olha, jornalismo (ou letras) e ABI tão me matando aqui.
      E tbm queria era não ter que trabalhar!!!
      Mas voce agora não trabalha com engenharia? Achei que fosse.
      Acho que no fim das contas, o que eu vou fazer é me matricular no que tiver nota, e se tudo der errado, eu tranco e parto pra outra.
      Adotando seu lema em 3...2...

      Bj e brigada pela resposta ;)

      Excluir
    3. Lais, tem carreiras mais faceis que outras pra ganhar dinheiro, mas minha opiniao é que carreira de sucesso é a gente que faz... nao importa qual. eu estou correndo atras do sonho. venho de uma familia que priorizou a estabilidade acima de tudo e pagou um alto preço por isso. muito alto. a minha opiniao é que a gente passa tempo demais trabalhando pra fazer uma coisa que nao gosta, mas tb a gente tem talento pra mais de uma coisa, né? eu seria feliz sendo veterinária do mesmo jeito que sendo tradutora e interprete - e nao sou nenhuma das duas coisas. se eu soubesse o que sei hoje, teria feito ciencias sociais - isso nem passou pela minha cabeça quando eu era mais jovem. mas passou pela minha cabeça largar o direito e continuar só a faculdade de adm publica... e hoje é exatamente trabalhar na área de adm que eu gosto... acho o direito um saco. devia ter feito o que eu pensei aos 18 anos de idade - deixei varias oportunidades pra tras porque eu achava que tambem queria segurança, mas era mentira - era o que os outros queriam, nao eu. . pensaí. e tem isso... nunca é tarde pra mudar de ideia! :)

      Excluir
    4. Concordo demais contigo, Emilia.

      Excluir
    5. Obrigada Emília!
      Eu sempre esqueço que "nunca é tarde pra mudar de ideia", apesar de dizer isso em voz alta algumas vezes.

      Mas sim, eu realmente tenho que pensar um tiquinho. Ou parar de pensar um tiquinho, já que minha tendência é sempre pensar demais em algo antes de fazer!
      E já que vc citou, eu não preciso muito de segurança não! O namorido ganha bem, não se importa com a profissão que eu escolher e a gente gasta pouquinho dinheiro por mês com as despesas. Repensando... até que estou bem, ruim seria se achasse, ou de fato precisasse, de bastante $ e escolhesse uma carreira que não paga muito bem!

      Adorei esse negócio de expor problemas! Vou adotar mais!!!

      Muito obrigada!

      Bjs

      Excluir
  5. Estou vivendo esse mesmíssimo dilema. Passei os últimos 10 anos vivendo na relativa segurança e até hoje não foi suficiente. Acho que vou correr atrás do sonho. Já é hora.

    ResponderExcluir
  6. É verdade, nunca é tarde para mudar e acrescentar outras coisas na vida! De fato, eu busquei a segurança e abri mão de outras possibilidades. Mas, sempre dá para fazer outras coisas e trazer mais prazer para vida! Eu fiz análise de sistemas, concluí. Comecei Direito, e deixei. Comecei Psicologia e deixei porque não consegui seguir trabalhando o dia todo e com filhos pequenos. Cheguei à conclusão que seria bem feliz fazendo Psicologia e trabalhando na área. Hoje ainda náo posso realizar este sonho, mas logo mais ali na frente, sei que poderei fazer.
    Sonhos realmente alimentam a alma. É sempre bom tê-los e acho que nenhuma profissão é definitiva, se começar algo e ver que não é isso, podemos mudar e procurar outro rumo.
    Acho também que se olharmos o trabalho atual de outro ângulo, quem sabe não dá para ver coisas boas nele também?

    ResponderExcluir
  7. Lud, se fosse vcs, que decidiram não ter filhos, não teria a menor dúvida em partir para opções "menos estáveis e mais divertidas"...!
    Eu, como detestei trabalhar com jornalismo e sempre quis ter filhos, optei pela segurança e por ter um trabalho de 6 horas, que me desse tempo de me dedicar aos filhos, então fiz um concurso e adoro meu trabalho, mesmo sabendo que profissionalmente não estou fazendo as grandes coisas que sonhava fazer aos 17 anos. Foi a melhor escolha que fiz na vida e hoje as "grandes coisas" que estou fazendo são educar duas menininhas da melhor forma que posso :)
    Agora, no seu lugar, decidida a não ter prole, eu provavelmente estaria pronta pra ser voluntária na África, escrever livros e cuidar de jardins na Toscana ou ser trapezista na Escandinávia... ;)

    ResponderExcluir
  8. Ai Lud, pareço a voz dissonante entre os que comentaram, mas eu segui o sonho. Podia ter feito muitas coisas que dariam mais grana ou podia ser uma psicóloga que trabalhasse com RH numa grande empresa, que dá muito mais dinheiro. Mas eu quis fazer Psicologia e trabalhar no SUS. Eu tive oportunidade de trabalhar com consultoria e também com consultório particular que dá muito mais grana, mas resolvi que ficaria no SUS mesmo. Às vezes eu acho que valeu à pena, às vezes fico olhando pra grama dos vizinhos e ela parece bem mais verde que a minha... Moro num bairro simples, tenho um carro simples, compro roupas simples, etc. Se tenho coisas caras é porque ganhei de presente ou abri mão de muuuuita coisa pra comprar. A maior parte das coisas bonitas que me rodeiam fui eu quem fiz ou então comprei usado. O sonho é lindo sim, eu me sinto feliz com meu trabalho e tenho certeza de que faço uma grande diferença na vida de muitas pessoas e que já impactei centenas de famílias. É recompensador, com certeza. Mas aí eu vejo meus amigos que ganham mais viajando sem ter que abrir mão de tantas coisas, podendo sair com mais frequência, tendo grana até o dia 30 com relativa tranquilidade... e não consigo evitar a comparação. E às vezes me sinto um fracasso por não ter correspondido a esse "chamado" da grana, da segurança. Todo mundo esperava que eu tivesse pelo menos um mestrado e estivesse dando aula e atendendo no consultório nessa altura do campeonato. Eu não quis... estou feliz e tentando ficar em paz com a minha escolha... mas lidar com a pressão e a pouca grana não é fácil!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Marina...parabéns. É difícil de vez em quando não olhar para a grama do vizinho, mas este vizinho tb olha para a grama do mais rico na esquina...se a gente entra nessa, não fica contente nunca. O que você tem de verdade, ninguém tira de você. Não duvide de sua escolha: ela é admirável e o que realmente vai ficar nesta vida são as tantas vidas que você ajudou. E a graninha a mais não vai fazer a menor diferença...

      Excluir
    2. Marina,
      eu te entendo - e também te invejo, rs. Ter um trabalho que faz sentido e diferença no mundo? Queria muito.
      Agora, a pressão dos outros é danada, né? Meu emprego (do qual eu estou de licença) me deu muitas oportunidades, foi desafiante e o salário era bom, mas minha família esperava/queria que eu tivesse um belíssimo (e bem remuneradíssimo) cargo jurídico. Gastei anos pra perceber que eu é que tinha de querer, né?
      Nessas horas morar longe faz um bem danado, rs.

      Excluir
  9. "Se vamos continuar optando pela segurança - e sendo felizes ao fim do expediente e nos fins de semana - ou vamos partir para outras opções, menos estáveis e mais divertidas."
    .
    nossa, muito bom isso... no momento estou nessa de ser feliz só ao fim do dia ou nos finais de semana, mas pretendo mudar, mesmo tendo que aceitar que vai ser aos poucos, estou planejando várias coisas, mas vou demorar uns 2 anos para me livrar de vez... mas depois terei uns 30 ou 40 anos de felicidade, rsrsrs.
    .
    um abraço e parabéns por este blog genial

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada pelo elogio!
      Conta pra gente como vai ser essa mudança? É tão ver pessoas perseguindo a (sua própria) felicidade.

      Excluir