sexta-feira, 19 de abril de 2013

O meu (e o seu) verdadeiro eu

Uma das coisas boas do minimalismo é que a gente faz um trabalho de auto-conhecimento. Sim, porque para se livrar do que não é essencial, rola toda uma análise interna. E não adianta mentir para si mesmo, porque senão o propósito se perde.

Eu gostaria de dizer que tive uma revelação luminosa sobre o meu interior, mas basicamente o que estou descobrindo é o que eu já desconfiava:

- eu não sou timida, eu sou antissocial. Quer dizer que eu gosto das pessoas que eu gosto, e não tenho paciência de travar conhecimento com que eu nunca vi para eventualmente descobrir se ela é bacana ou não. (Nessa hora valem as recomendações de amigos, os blogs que as pessoas escrevem ou interesses em comum. Quer dizer, tem de ter um ponto de partida.)

- a principal razão pela qual eu gosto de aprender línguas não é me comunicar, é poder ler um monte de livros em outra língua. É, eu sou viciada em leitura. É, isso provavelmente reforça a antissocialidade. Paciência.

- quanto menos a gente liga para a opinião "das pessoas", mais independente e feliz somos. A gente recebe muito menos elogios/aprovação, mas se diverte muito mais. Não é fácil, principalmente para as mulheres, que são ensinadas a buscar que todo mundo goste delas, mas é possível. Coragem!

11 comentários:

  1. Lud, achei o máximo esse post, também me considero antissocial como você e não me anulo pra agradar as outras pessoas.
    Parabéns, continue com o ótimo blog!

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  2. Eu sou assim também. Tenho uma preguiça enorme de contatos sociais em geral. Mas acho que isso é um efeito da idade, de não ter muita paciência para lidar com coisas novas, a não ser que tenha uma motivação especial para isso.

    Uma vez eu vi uma frase sobre isso: o que você pensa de mim não é da minha conta, que reflete um pouco esse meu desapego da opinião alheia sobre mim, ou pelo menos, da opinião de gente que não importa para mim.

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  3. Muito bem Lud eu estou nesse caminho. Depois que comecei o processo de destralhar coisas, automaticamente destralhei pessoas. Minha terapeuta me disse que preciso me socializar. Logo penso, socializar com quem? O mundo está povoado de pessoas supérfluas e desinteressantes. Como posso me socializar num bar, restaurante ou até num templo religioso, com pessoas, cujos assuntos pouco me interessam? Então decidi: Só vou me socializar com as pessoas que eu amo e que me acrescentam alguma coisa e olha que são bem poucas, mas de uma qualidade imensa. Bjos pra vc e parabéns pelo blog (leio todos os dias).

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  4. Acho esse rótulo muito pesado...

    Para mim, uma pessoa antissocial é aquela que, por se achar melhor que os outros, evita se misturar com a "gentalha". Ela só perde o seu precioso tempo com quem, supostamente, esteja à sua altura, o que é um evento raríssimo, afinal, não é todo dia que surge alguém tão inteligente/bonita/interessante, né? Aí é fácil não se importar com a opinião das pessoas, porque elas não valem mesmo a pena. Ou então o antissocial só se cerca de bajuladores, de gente capaz de reconhecer quão "especial" ele é.

    Enfim, acho bem complicado assumir esse rótulo, até porque, você acredita mesmo em "verdadeiro eu"?

    Na minha opinião, nossa personalidade tem muito mais a ver com um conjunto de crenças a respeito de si e do mundo do que com características inatas.

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  5. Perfeito, passei anos me achando uma tímida sem volta. Ficava vermelhinha a toa.
    Depois fui me soltando, mas numa fui a extrovertida. Conheço muita gente, sei levar papos com desconhecidos, SE necessário. Mas não me esforço para parecer/ser simpática quando não quero, evito algumas companhias, convites e etc e assumo minha posição de antissocial.

    E eu justifico que sou preguiçosa para gente que não me interessa. As pessoas não me olho torto, raramente me criticam.

    Assim como a Carolina, tenho consciencia que preciso me socializar mais, algumas vezes, mas aí eu olho pra alguns e penso 'pra que?'.

    Prefiro me doar a quem eu amo, que me faz bem, e retribuir o mesmo sentimento que a mim é dispensado.

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  6. correção: nunca fui a extrovertida***

    correção: as pessoas não me olham torto***

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  7. LUd,

    Acho que a questão não é ser antissocial, isto vc está longe de ser, acho que vc, como eu, sente preguiça em criar vínculos com pessoas totalmente supérfluas. A gente tem que fazer o que gosta sem se importar se vão te olhar torro.

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  8. Muito bom ler este texto e saber que não há nada de errado comigo! apenas sou! prefiro ler um livro a conversar com certas pessoas.

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  9. Lud vc tem certeza q é antisocial ??pois pra mim n parece , vc tem dois blog onde leva conhecimentos e partilha opiniões com milhões de pessoas pelo mundo afora, como pode ser antisocial???

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  10. Oi Lud, você deve estar querendo dizer que é levemente misantropa ou reservada e não anti social. O anti social é aquele que tem desprezo a qualquer norma da sociedade. Homocídio, bullying, estes sim são comportamentos anti sociais.

    Também penso que a terapeuta da Carolina tem toda a razão. Socializar é um exercício importante para nossa saúde mental. Levar um pouco de reflexão a um grupo de comportamento fútil é gratificante, quando feito amorosamente.

    Uma vez assisti um documentário sobre Paulo Freire que ele aparecia dizendo o seguinte: "Eu tenho uma capacidade enorme de gostar das pessoas, e quanto mais diferente elas forem de mim, mais eu aprendo."

    As vezes eu também me sinto impaciente e com tendência ao isolamento, mas é importante socializar para não enrijecer as ideias ou se eximir de tentar tirar as pessoas do fundo da caverna. No mais eu sempre tento manter uma postura honesta comigo mesma. Sei de cada um dos meus defeitos de caráter e aí fica mais difícil julgar os outros.

    Abraço



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  11. Achei legal vc falar da análise que se precisa para fazer o destralhe. Eu comecei a fazê-lo, mas estou indo bem devagar, pois ando tendo efeitos colaterais. Por exemplo, sonho com pessoas e fatos do passado, lugares que frequentei na infância. Fora que o sentimento de desapego se confunde com o desprezo pelas coisas que vc conquistou ou ganhou de presente, um dia.
    Ás vezes soa como ingratidão, metidez ao dizer "Não quero mais."
    A análise acompanha bem isso. Temos o direito de mudar nossas vidas e o espaço onde vivemos. mas quando há outras pessoas, o respeito também prevalece.
    Beijo.

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