terça-feira, 2 de outubro de 2012

Desapegando da perfeição

Muita gente acha lindo falar na entrevista de trabalho que seu defeito é ser perfeccionista, porque acham (e as matérias de revista e jornal reforçam isso) que é uma característica ótima, que as empresas vão adorar.

As empresas podem até adorar, mas só se elas não forem muito espertas, porque vou te contar que ser perfeccionista não é essa maravilha toda não. É um defeito mesmo.

A pessoa perfeccionista vive estressada e insatisfeita. Lógico. Porque ela quer ser perfeita e ninguém é perfeita. A pessoa perfeccionista presta mais atenção aos detalhes insignificantes do que no que realmente importa. A pessoa perfeccionista nunca arrisca, porque ela poderia errar, e ela não admite isso.

Sou uma perfeccionista em redenção.

Tudo começou quando me deram dois dias pra preparar uma apresentação e eu fiquei desesperada porque não ia dar tempo de fazer tudo perfeito. Estava tão preocupada que não sabia por onde começar. Fiquei paralisada, só pensando: "Não vai dar tempo. É muita coisa. Vai ser um fracasso". Saí da minha sala pra pegar café e encontrei com um colega meu, que me perguntou o porquê do meu estado e me deu um conselho que mudou minha vida:

"Não tem nada que você possa fazer pra mudar o prazo que tem. Então escolhe o mais importante e faz o que conseguir no tempo que tem. Se você escolher bem e fizer bem, vai ficar acima da expectativa deles. Você vai ver."

Parece bobagem, mas mudou minha maneira de lidar com o trabalho. Percebi que não adianta eu ficar desesperada que isso não vai mudar a duração dos dias. Mas uma coisa eu posso fazer. Escolher o que eu prefiro fazer nesse tempo limitado que eu tenho.

É tudo uma questão de definir prioridades. Eu posso escolher me preocupar com o conteúdo da apresentação ao invés de ficar checando se os espaçamentos entre os parágrafos estão todos padronizados. Se der tempo, eu checo os espaçamentos.

Depois que eu percebi isso, finalmente entendi aquela citação que diz: "O bom é inimigo do ótimo. Quando o tempo é crucial, você tem que fazer concessões inteligentes." do cardiologista e professor O. Wayne Isom. Simples, né? E é verdade. A gente nunca vai conseguir fazer tudo que quer. Tanto no trabalho quanto na vida mesmo. Nem adianta tentar. Então temos que escolher o melhor, o mais importante, e se dedicar àquilo com total foco e determinação.


PS: Eu acho que a tradução da citação que usei acima é inadequada, apesar de ser a forma mais usada no Brasil. O original é "The enemy of 'good' is 'perfect.' When time is critical, you have to make intelligent compromises.". Na perimeira frase, acho que seria melhor dizer: "O perfeito é inimigo do bom." Faz mais sentido, não?

PPS: Hoje é meu aniversário :)

12 comentários:

  1. PARABÉNS, Fernanda!!! :-)
    Eu não poderia concordar mais com o que você disse. Sou perfeccionista desde muito criança (nem sei como começou) e já sofri muuuuuuuito com isso. É uma característica que traz mais sofrimento do que qualquer benefício. Embora já tenha melhorado, ainda travo uma luta diária contra o perfeccionismo, viu...Tento seguir esse lema "o ótimo é inimigo do bom".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Elaine!
      Que bom que eu não sou a única! Hehe... É difícil se controlar, não é? Eu também travo uma luta diária, mas está cada vez menos difícil (ainda não posso dizer "mais fácil" porque estou meio longe disso).

      Excluir
  2. Fernanda, você tem toda razão. Eu sou perfeccionista tentando desesperadamente não ser, mas é difíciiiiiil! Quanto à frase, lá em casa sempre dissemos "o ótimo é inimigo do bom"! Para mim faz mais sentido.:)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. :)
      É difícil mesmo, mas vamos aos pouquinhos. O negócio é não desistir.

      Excluir
  3. Eba eba, feliz aniversário! Que nesse ano você consiga melhorar ainda mais na sua luta pelo desapego ao perfeccionismo! ;)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigada, Tatiana!
      E tomara, viu? Estou confiante. :)

      Excluir
  4. Aqui no meu serviço o bom é inimigo do razoável. Ou seja, não se faz nada, nem mais ou menos com a desculpa de "ah, mas assim não vai ser bom, tem coisa que vai ficar de fora, etc e tal". No final nada é feito e quem se ferra é o povo brasileiro. Planejamento no meu ministério só na placa que fica na porta de entrada...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Credo, Leo! Não sabia que era sim. Pelo visto, o seu ministério faz jus à fama que o funcionalismo público tem de não fazer nada.
      Que bom que você vai ser dessa.

      Excluir
  5. tem outra que ouvi e nunca me esqueci!

    "O perfeito é inimigo do feito!"

    haha, pra mim, toda perdida no detalhe, caiu como uma luva!

    Ok, nao é tão legal comentar um post de meses atrás. mas é que descobri o blog agora. Ele é ótimo!

    bjs e bjs

    viviane

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ei, Viviane!
      Claro que é legal comentar um post, sempre, mesmo que de meses atrás.
      Que bom que você gostou do blog! Seja muito bem-vinda!
      Adorei a frase! Vou usar! Hehe...
      Beijo!

      Excluir
  6. Seu post me lembrou um livro que li. Chama "Estilo 80/20".

    A ideia é obter 80% dos resultados focando em 20% das tarefas. Ou seja, ele prioriza as tarefas mais importantes para obter o melhor resultado possível primeiro. Caso ainda exista tempo, as tarefas menos importantes são realizadas também.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que ideia ótima! Vou procurar esse livro. Obrigada pela dica ;)

      Excluir