quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um assunto delicado: emprestar dinheiro

Depois que a gente atinge a meta de viver abaixo dos nossos meios, começa a sobrar dinheiro no fim do mês. Quem tem dívidas vai quitá-las. E quem não tem, ou quem já as pagou, começa a ter - ou aumentar - economias.

E isso é ótimo: é a grana para emergências e oportunidades. Tanto nossas quanto das dos chegados. Há mais de 10 anos, quando meus pais trocaram de apartamento, eles precisaram de dinheiro líquido até vender o antigo e eu fiquei toda orgulhosa de poder ajudar com minhas economias de estagiária. Quando a minha irmã mais nova foi trabalhar em uma estação de esqui nas férias da faculdade, eu teria emprestado a grana da passagem com o maior prazer.

Mas às vezes as coisas não são tão claras. Tenho uma amiga que estudou durante três anos para passar em um bom concurso público. Tomou posse na fronteira e ficou lá mais de um ano antes de conseguir voltar pra mais perto de casa. Ela está ganhando bem, e agora uma irmã pediu uns dinheiros emprestados para comprar um apartamento.

A questão é que minha amiga não tem nem um apartamento pra ela (não é como se ela tivesse um patrimônio gigante e estivesse amarrando mixaria). E que a irmã vai juntar o empréstimo e um financiamento para comprar o imóvel. Ou seja, é uma grana que minha amiga só vai ver de volta daqui a muitos anos, depois que a dívida com o banco for paga.

Se fosse um problema de saúde ou a irmã estivesse desabrigada, não tinha nem dúvida: minha amiga até dava o dinheiro. Só que não é o caso. É mais financiar-o-estilo-de-vida-alheio mesmo.

Eu não tive uma sugestão para dar à minha amiga. Vou ficar aqui quebrando a cabeça até pensar em algum bom conselho.

18 comentários:

  1. A amiga podia dizer que tá juntando pra comprar, quando chegar na comarca que quer.

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    1. Ótima ideia, Camila! (Só que não é comarca, é unidade mesmo. A amiga não é juíza, rs.)

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  2. Assunto muuuuito complicado.
    Eu evito ao máximo emprestar, pois já tive uns problemas por isso. Não problema de não receber de volta o que emprestei (apesar de já ter tido esse também), mas da relação nunca mais ser a mesma. Acho muito complicado mesmo.
    E é mais ou menos o que você falou. Se a pessoa não tem dinheiro agora pra pagar ela mesma, o que garante que terá em um futuro? Além disso, financiar o estilo de vidas dos outros é complicado mesmo. Se, como você falou, fosse questão de saúde ou então o valor fosse mais baixo, ainda podia ser pensado.
    Mas, na situação, eu no lugar dela seria honesta mas firme, falando que o dinheiro guardado é que lhe garante segurança no caso de um imprevisto e que ela está guardando para o seu próprio apartamento. Se a irmã realmente gostar dela, vai entender.
    Beijo!

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    1. Fê, eu nem tinha pensando nisso - na mudança na relação. Outro problema!
      O melhor é explicar a situação mesmo.

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  3. Poisé, chato isso, não dá para evitar que a parentada ache que quem passou num concurso público virou automaticamente um BANCO CAMARADA (experimenta falar de emprestar com juros E POR MEIO DE CONTRATO para ver como eles ficam aviltados). Acho que sua amiga não deve emprestar. Eu sigo o seguinte lema: NÃO EMPRESTE AQUILO QUE VOCÊ NÃO PODE DOAR. Eu encaro o empréstimo como doação (opa, claro que não falo isso para os donatários né?), mas eu não empresto aquilo que não me faria falta. Eu já encaro o empréstimo como doação, considerando a hipótese de eu nunca mais ver esse dinheiro ou não vê-lo tão cedo. Esse lema é adaptado do velho ditado "não contrate quem você não pode demitir", entre outras versões, mas no fundo trata-se de uma política de tudo-ou-nada.

    Se a irmã da sua amiga não tem como comprar o apartamento por si só, isso significa que ela não pode comprar esse apartamento. As pessoas têm que ter noção do que elas podem ou não. É igual contar com o crédito do cartão: você conta com um dinheiro que você NÃO TEM. Se ela não pode agora comprar um apartamento, terá que morar de aluguel por um tempo e economizar mais. É como você disse, ela não está sem teto ou passando necessidade, ela quer dar um passo adiante utilizando as pernas dos outros. Assim ela nunca vai crescer por si mesma, a irmã dela vai ser sempre "um banco" de onde ela pode arranjar dinheiro a perder de vista. Porque é que quem teve sucesso e se dedicou tem que servir de escada para os demais que não tiveram o mesmo emprenho? Não se trata de sorte, ela se dedicou para passar num concurso e ter um padrão de vida melhor, mas de repente ela vai ficar responsável por financiar os desejos EXTRAS dos outros? Se ela emprestar esse dinheiro, vai perder um capital importante para os seus próprios desejos futuros, como ter um período sabático como o seu, Lud. Ela irá minar futuras oportunidades e sempre ficará pensando "se eu não tivesse emprestado aquele dinheiro..."

    Ademais, sua amiga não tem obrigação de virar sócia num empreendimento da qual ela não vai tirar nenhuma benesse, sem contar que esse dinheiro vai deixar de estar rendendo alguma grana para a sua amiga, ela vai estar com um prejuízo, vai deixar de ganhar. E esse rendimento poderia ajudá-la no pagamento dos eu próprio aluguel.

    E depois numa briga, como que fica? Com dinheiro no meio é muito mais complicado. Se você for cobrar ou precisar e ela não tiver como repor no momento? Enfim, é mais fácil falar quem está de fora né? Eu não emprestaria, mas porque sei por experiência que quanto mais você "ajuda" alguém, mais essa pessoa quer ser "ajudada" no futuro. Em toda família, sempre tem aquele primo ou irmão que recebe todos os apoios possíveis, enquanto que você, que se dedicou, ralou, sofreu, estudou, fica sendo taxado de insensível porque não dá apoio a quem não teve a sua "mesma sorte" (aka dedicação), mesmo tendo tido as mesmas oportunidades. Vivemos numa cultura de priorizar o coitadinho e desvalorizar o dedicado. Tiro isso no próprio trabalho: o preguiçoso é menos procurado, as pessoas descartam ele sempre, mas o dedicado só recebe trabalho extra. Aqui em casa, minha mãe pede tudo pra mim, quando eu pergunto porque ela não pede ao meu irmão, ela responde "porque ele não faz". Grande prêmio esse em que o esforçado recebe mais responsabilidade e o "descansado" fica com a sombra e água fresca.

    Desculpa a revolta, mas é que passo por situações parecidas (inclusive recentemente) que me fizeram usar o comentário como desabafo ... humph ;(

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    1. Concordo TOTALMENTE! Penso exatamente igual, Freetalker. Sobre tudo que você falou. Também passo pelas mesmas coisas e vejo da mesma maneira.

      Muitas famílias têm essa figura que você falou. Eu tenho reparado nisso. Quanto mais a pessoa é ajudada, mais ela quer ajuda e assim não fica independente nunca. Eu acho então que ajudar essa pessoa é até um desserviço pra ela, porque você acaba incentivando esse tipo de comportamento. Eu vejo isso acontecendo tanto na minha família, mas tanto! E abala todas as relações. Tem sempre um irmão sobrecarregado pra outro sugador. E o sugador acaba amargurado também por não ter realizações e conquistas. É complicado.

      E eu já tive exatamente o mesmo diálogo com a minha mãe em relação ao meu irmão. Igualzinho.

      Beijo!

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    2. Ai, Freetalker, tantas verdades. Da falta de noção das pessoas em relação ao que podem comprar até o funcionário folgado acabar sendo recompensado com menos trabalho.
      Outra coisa que eu não entendo é acharem compra parcelada a maior vantagem. Na minha cabeça, se você não tem dinheiro pra comprar a vista, você não tem dinheiro pra comprar, ponto. (Única exceção: casa própria.)
      De qualquer jeito, fique à vontade pra desabafar!

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    3. Ai gente, Fê e Lud, vocês são umas queridas. Obrigada por darem atenção ao meu momento reclamão :D SMACK! :*

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    4. Geeente, posso me entrometer? Esse foi o melhor texto/comentário/opinião que eu li nos últimos tempos! Fantástico!
      Concordo em gênero, numero e grau Freetalker!

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  4. Sou pão-dura assumida e toda a família sabe disso, além do mais não divulgo nada sobre renda extra ou valores investidos.
    Como estou desempregada e estudando para concurso, as pessoas pensam que não tenho um tostão furado (isso sim é a maior vantagem, como diz a Lud).
    Bem complicada a situação da sua amiga, mas eu tb diria que o valor guardado já tem destino certo: meu próprio imóvel.

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    1. Eu tb estou na mesma situação (estudando para concursos, desempregada e ESCONDENDO O MOCÓ DO DINHEIRO, vulgo, poupança, dos outros) :D O que eu acho chato é que a gente tem que ficar se passando por POBRE, ou COITADINHA, mentir sobre nossa situação financeira, porque se a gente disser que está bem, sempre vai aparecer alguém para sugar algo da gente. Aí tem que ficar omitindo ou mesmo chorando falsas pitangas... :/ meh!

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  5. Lud:
    Que amiga mais pão-dura e egoísta essa sua, não quer emprestar dinheiro nem mesmo para a irmã...Para ter irmãos desse jeito, melhor não tê-los, como eu.

    Bem, falando sério: fraternidade, fraternidade, negócios à parte. Como o assunto é sério, dê a idéia à sua amiga de tratar do assunto com seriedade: ela empresta o dinheiro, somente se a irmã concordar com os seguintes termos: faz um contrato de mútuo e exige para o empréstimo que a irmã grave no registro do imóvel comprado o direito real de hipoteca, de % proporcional ao valor do empréstimo em relação ao preço do imóvel. Para quem quer pagar a dívida, não faz diferença nenhuma. Quanto a confiança, a amiga pode usar a desculpa com a irmã: "em você eu confio, mas sabe como é, depois vc casa com um mau-caráter, coisas do coração a gente nunca sabe o que vai dar, e acaba tendo que vender o imóvel, blá, blá, blá.

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  6. NOssa, vc andou bisbilhotando minha vida? hahaha eu diria à sua amiga: nao de! pq ela vai pedir mts outras vezes, tds as vezes em que quiser fazer qq coisa pra qual sua renda não seja suficiente ela vai se achar no direito (e vc no dever!) de financiar a vontade dela. simples assim. nao empreste!

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  7. Eu desde de pequena guardo o máximo q posso, sem deixar o lazer de lado. eu guardava o $ do lanche de 2 dias na semana, os outros 3 eu comia. Sempre falei p minha mãe q qdo desse eu compraria um bike nova. Um dia minha mãe viu q o valor era considerável, uns 300 reais (o q p/ mim era uma fortuna rsrs) e me pediu emprestado p arrumar a moto do meu pai, resultado nunca mais me devolveu. Uns 2 anos depois meu pai comprou uma bike e me deu, mas não é a mesma coisa.

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  8. Eu tenho um conselho para qm quer investir: primeiro não conte a ninguem q vc tem $, nem para seus pais nem para o seu travesseiro, do contrário eles irão fazer com o seu $ e irão se sentir no direito de pedir emprestado para realizar sonhos, sem nem se importar com o seu. Segundo: antes de investir estude bastante o mercado leia sobre e siga em frente.

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    1. Ei, andreia!
      Tem toda razão sobre estudar bastante o mercado antes de investir. Eu leio e estudo muito, e ainda acho é pouco. E não dá pra falar pros outros quanto dinheiro tem mesmo não, infelizmente.

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