sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O dilema do jornal no sinal

Aqui em Belo Horizonte, e imagino que em muitas outras cidades do Brasil, tem alguns jornais que são distribuídos gratuitamente nos sinais de trânsito. Eu passo por dois desses todos os dias indo para o trabalho e sempre fico neste dilema: pego o jornal ou não?

Eu não tenho que pagar por ele, e é uma boa distração nos sinais que eu ainda enfrento até chegar no trabalho. Mas o lado ruim é que é mais papel para poluir o mundo e mais uma tralha que fica jogada no meu carro até que eu crio ânimo para dar um destino depois - de preferência para reciclagem, o que dá mais trabalho ainda.

Atualmente eu me informo pela internet. Geralmente os fatos que são descritos no jornal, eu já acompanhei ao vivo ou li algo a respeito assim que aconteceu. Se os jornais ainda analisassem de maneira um pouco mais isenta e profunda, poderia ser um ganho lê-los, mas não é o que acontece.

O fato é que na maior parte dos dias eu não pego o jornal. Tenho deixado para quando o trânsito está muito engarrafado (o que é raro na minha ida ao trabalho) ou quando eu não vi os resultados dos jogos de futebol da véspera. Tem vezes ainda que pego só de reflexo porque me ofereceram, e depois acho que foi bobagem. Estou achando que vou deixar de pegar até nesses dias. Chega de papel no mundo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Meus problemas acabaram: dica ótima pra PDF em leitor digital

No último post sobre leitores digitais, a Luciana falou do Lev, que parece ser o e-reader mais adequado para arquivos em PDF. O meu Kindle 4 lê, ou melhor, exibe PDFs: o que eu consigo fazer é visualizar de lado (com o aparelho deitado), aumentar o contraste (deixar a letra mais preta) e dar zoom. Às vezes funciona, às vezes não. Se a página tem duas colunas, então, é difícil arrumar uma combinação que permita uma visualização legal.

O Lev vem com o PDF Reflow, que reorganiza as frases para elas caberem na tela. A idéia parece bacana, e o aparelho pode ser uma boa opção para quem lê muito em PDF. Esta resenha diz que em 60% dos arquivos testados ficaram bem razoáveis (apesar de que, quando entram gráficos, tabelas e colunas, a coisa complica).

Enquanto isso, o que fazemos nós, usuários de Kindle e de outros readers não têm PDF Reflow? Fuçamos na internet pra ver se alguém já pensou em como resolver nosso problema, claro. E não é que já?

Em alguma longínqua caixa de comentários, alguém sugeriu o Briss, um programinha grátis que corta as margens em branco dos documentos em PDF e, portanto, faz as 6 polegadas de tela do leitor digital renderem.

Experimentei com vários livros e foi uma maravilha. Os arquivos em PDF que eu tenho tinham muita margem! (O que faz sentido: espaço em branco faz a página "respirar", como me ensinaram nas aulas de Jornalismo. Mas no e-reader, a moldura funciona como margem, então não precisa. Rá!)

O programa permite até que se transforme colunas em páginas inteiras - especialmente bom para aqueles capítulos de livros xerocados abertos e escaneados, em que duas páginas viram uma, sabem? E é tudo em batch - nada de ficar recortando as páginas uma por uma. As semelhantes são agrupadas e pronto.

O Briss (o nome é uma brincadeira com "bris", o rito judaico de circuncisão), pode ser baixado aqui e é de graça.

Recomendo vivamente.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Eu só tenho quatro brincos

Há alguns anos, eu descobri que tinha alergia a níquel, um metal usado para dar liga tanto em bijuterias quanto joias.

Nunca fui de usar muitos anéis e colares, mas sempre gostei de brincos. Então fui lá e comprei dois pares anti-alergênico e passei a usar somente eles. Mas eu ainda guardava os antigos. Não sei por que, já que eu não poderia mais usá-los sem ficar cheia de pintinhas vermelhas e coçando, e eu não ia querer isso. 

Quando comecei com minhas sessões de desapego, a gaveta de bijuterias teve a sua vez. Naquela época, doei todos os que estavam em bom estado, e joguei fora todos os faltando pedaço ou que tinham perdido o par. Fiquei só com os dois pares.

Com o tempo, senti falta de um prateado e comprei. Depois acabei comprando um quarto, mas vou confessar que foi meio desnecessário. A verdade é que os três primeiros me atendiam perfeitamente.

E assim tem sido até hoje, quase dois anos depois. Fico lembrando da época em que eu tinha mais de 20 pares e me perguntando: para quê isso?

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Tem leitor digital novo na área (e o que eu penso disso)

Eu não me canso de dizer como eu amo meu leitor digital. O meu é Kindle, mas eu tenho certeza que existem outras marcas e modelos também muito bons (se alguém tiver um deles, por favor se pronuncie!). A versão do meu aparelho é a 4, ele foi comprado em 2011, e fora um certo desgaste na moldura, nos lugares em que eu pego e aperto botões, ele continua firme e forte.

Depois do Kindle 4, a Amazon lançou o Kindle Paperwhite, que luz própria (mas não por trás da tela, como tablets e computadores - a luz é na frente, como se viesse de uma lâmpada externa) e touch screen. Namorei um pouco, animadíssima com a ideia de ler em vagões não iluminados ou casas sem abajur do lado da cama, mas depois vi que era pura ambição: o meu estava funcionando muito bem e, como me fizeram perceber nos comentários, livros de papel nunca tiveram iluminação própria e isso nunca me incomodou. Além disso, adoro os botõezinhos de passar e voltar página do meu Kindle.

Agora a Amazon está lançando ainda outra versão: o Kindle Voyage, custando a partir de 199 dólares nos EUA. Ele é ainda mais leve, mais fino, com mais resolução. Tem todas as novidades do Paperwhite e ainda uns quase-botões nas laterais (uma área sensível que responde à pressão). Li várias resenhas dizendo que ele é o melhor leitor digital do mercado. E, quer saber? Obrigada, mas eu passo.

Eu entendo que as empresas estejam sempre inventando novidades para estimular as pessoas a comprar, mas eu não preciso entrar nesse jogo. Na minha vida, a grande diferença foi começar a usar um leitor digital (e desapegar dos livros físicos: eu ainda os amo, mas não tenho mais a necessidade de possuí-los). As diferenças entre versões, até agora, são só perfumaria.

Acho que a ideia do mercado é falar para as pessoas: "comprar um leitor digital não mudou a sua vida? Então, comprar um novo leitor digital também vai!". Só que isso não é verdade. Trocar de meio físico de leitura foi a revolução - os novos lançamentos são só evoluções. Não tenho dúvida de que são muito atraentes e agradáveis, mas definitivamente não são uma necessidade (por mais que a publicidade tente nos convencer do contrário).

E quer saber? O que mais tenho visto por aí são pessoas que têm aparelhos moderníssimos, e não usam nem um décimo do que eles oferecem. Fulaninho compra o espertofone ou o tablet da moda, mas na verdade ele precisava era do modelo mais simples da marca menos metida a besta. Até leitor digital tem gente que compra e usa pouquíssimo (nem leva em viagens, por exemplo). Isso é ser consumista, né? (E bobo.)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Um pouco de história

Nessa nossa viagem, visitamos um monte de castelos, palácios e mansões. E é impossível não refletir como as pessoas mais ricas e poderosas da Idade Média, ou todo mundo menos os mais ricos e poderosos de 100 anos atrás, tinham vidas muito mais limitadas e muito menos confortáveis que a gente.

Duas palavras: água quente, gente. Água quente! E iluminação. E aquecimento. E transporte. E roupas e alimentos que vamos à loja comprar, em vez de produzir nós mesmos. Sem falar de comunicações, entretenimento, internet...

Isso não quer dizer que a gente deva ficar satisfeito da vida e largar mão de todos os projetos (sempre sou a favor da ambição), mas é legal se dar conta do que temos e ficar grato por isso.

Catarina de Médici foi rainha da França no século XVI e morava num castelo, mas não tinha luz elétrica nem água encanada.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Cortar o próprio cabelo - eu experimentei!

Da última vez que estive no Brasil, fui ao salão e pedi um corte que durasse, isto é, que mantivesse a forma enquanto crescia. Mas passaram onze meses desde então, e meu cabelo estava grandão, quase inteiro, e começando a dificultar a vida (prendia no cachecol, na mochila, uma chatice).


Pensei em procurar um cabeleireiro aqui em Madri, mas fiquei com medo da dificuldade de comunicação e de sair do salão com mullets. Então, busquei uns vídeos na internet para cortar o próprio cabelo, e mandei ver.

Primeiro cortei a franja, que estava gigante (quase no ombro). Cortei na altura do queixo, e achei que ficou bom. Jogada de lado, então, ficou joia.


Aí me animei: descobri a técnica do "faça um rabo de cavalo na testa" (é o número 3) e passei a tesoura.

Consegui eliminar uns 3 dedos de comprimento e ganhei várias camadas. Foi mais difícil do que eu esperava, porque a tesoura que eu possuo é terrível. No fim do corte, descobri uma tesoura melhor na gaveta do banheiro aqui da casa. Aí já era meio tarde, mas ela serviu para eu cortar fora mais uns 3 dedos (dividi o cabelo no meio, puxei cada metade para frente, prendi o cabelo com os dedos e cortei).


O cabelo ficou meio rebelde, como sempre acontece toda vez que ele é cortado em camadas. Em uns dias ele deve assentar. No geral, fiquei satisfeita.

Mas não sei se recomendo, viu? Meu cabelo é liso e fino, não é muito, e o corte em camadas ajuda a disfarçar pontas e imperfeições (e tem várias). Funcionou, mas não garanto que vá dar certo para todo mundo.

Por outro lado, sempre dá para correr no cabeleireiro depois, né? Que vai te xingar, mas não se abale: bote a culpa em mim e pronto. Deixo só duas dicas: use uma tesoura boa, específica para cortar cabelo, e corte sempre menos do que você acha que deveria (dá pra tirar mais depois, mas não dá pra botar de volta...).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Reflexões sobre o minimalismo e a coletividade

Quando eu comecei a estudar e a tentar colocar em prática o minimalismo, meu principal objetivo era melhorar a minha própria vida. Achava (e continuo achando) que eu seria mais feliz e mais livre assim.

Com o tempo, e as reflexões que esse novo estilo de vida me rendeu, eu comecei a perceber que uma mudança real só pode acontecer em conjunto. Para que cada um consiga trabalhar menos e viver com mais qualidade, consumir e desperdiçar menos, ter mais liberdade e menos preocupações.

Tem um limite no que dá para fazer sozinho. Para eu ficar sem carro, eu preciso ter transporte público de qualidade. Para trabalhar menos, tanto a legislação quanto as empresas precisam mudar suas regras, além de mudar a mentalidade de que quem não é workaholic ou é preguiçoso ou não gosta do trabalho. Para consumirmos menos, é preciso que existam produtos mais duráveis, que é a contramão do que está acontecendo.

Além disso, poder contar com biblioteca pública de qualidade é importante para que se deixe de comprar livros, como a Lud mesma já falou. Poder ter segurança para ir a praças e parques permite que se abra mão de um clube, ou condomínio com área de lazer. Eventos culturais gratuitos permitem que se gaste menos com entretenimento.

Cada vez tenho acreditado mais que a liberdade e o bem estar só são possíveis se forem para todos.

Engraçado que o minimalismo e o autoconhecimento tenham me dado essa noção de coletividade e comunidade.

PS: eu estou com esse post semi-escrito nos rascunhos há tempos. Ainda queria ter as ideias mais claras e articuladas antes de postar, mas estou achando que isso é construção e.. quem sabe... colocar o texto como está pode ajudar :)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sonhos de longo prazo: não espere demais

Acho legal ter sonhos de curto e de longo prazo. Os primeiros a gente se esforça para conseguir de uma vez; os outros deixamos no horizonte, como uma recompensa para ser saboreada depois - às vezes, muito depois.

Os sonhos de longo prazo são ótimos pra nos animar quando estamos no meio de uma tarefa chata ou de uma semana especialmente estressante. É bacana ter umas imagens sedutoras para um futuro distante. No entanto...

Não é uma boa esperar demais. Podem acontecer duas coisas, nenhuma delas boa:
1) perder a vontade. O tempo passa, a gente muda, as prioridades viram outras e, quando nos damos conta, não temos mais interesse.
2) perder a condição (física, financeira ou psicológica).  Os velhinhos que encontramos viajando, por exemplo, têm muito mais dificuldades de locomoção. E tem coisas que eles não dão conta mesmo.

O único problema de realizar o sonho de longo prazo é que aí você tem de arrumar outro.
 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Reflexões de aniversário

Ontem eu fiz 34 anos e, como pessoa que gosta de rituais que eu sou (óbvio que não de todos), curto aproveitar a data para comemorar e refletir. 

Um ano atrás, o momento para mim não era bom. Eu estava no hiato entre o emprego que eu deixei e o que eu tenho agora. Estava desgastada pelos últimos meses no trabalho anterior, e com incertezas quanto ao futuro. Apesar de ter minha reserva financeira, o que me garantia uma certa tranquilidade, eu estava ansiosa. 

Assim que saí do trabalho antigo, ter um tempo para me recuperar mental e emocionalmente foi importantíssimo. Eu precisava daquilo para conseguir me reequilibrar. Depois começaram a vir os frilas, e criei uma nova rotina. Foi muito bom, mas no fim de setembro esse formato estava se esgotando para mim. Sintia falta de me envolver mais de uma maneira mais permanente com o trabalho que eu fazia, e de algumas certezas.

Além do que, eu sou uma pessoa extrovertida, ao contrário da Lud, e um pouco tímida. Então eu sentia falta do convívio com outras pessoas no ambiente de trabalho, algo que um frila não proporciona na mesma medida.

Já este ano eu estou morando em um apartamento que montei com o companheiro que escolhi pra mim, em um trabalho que eu gosto muito e que tem muita gente legal, em paz com minha família e com meu poucos mas tão queridos amigos, praticando o tênis que tanto curto, voltei para a capoeira que me fazia muita falta, estou lendo livros e assistindo filmes e seriados que me divertem, alegram e fazem pensar... São tantas coisas que eu gosto que me falta tempo, e nisso entra o minimalismo para me ajudar a cada vez mais equilibrar essa equação. 

Eu andava um pouco desanimada nos últimos dias. Pensando aqui acho que é justamente o cansaço. Mas, ao refletir melhor sobre onde estou na vida, caí na real de que estou bem.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Introvertida ou antipática?

Andei lendo uns livros e artigos sobre introversão, e aprendi uns detalhes importantes. Embora muitas vezes a gente use a palavra "introvertido" para falar do tímido, em várias teorias psicológicas esse traço de personalidade quer dizer apenas que a pessoa se direciona mais para seu mundo interior do que para o exterior, ou que o nível de estímulo que ela aprecia é mais baixo do que o dos extrovertidos.

Isso me ajudou a me entender melhor: me reconheço como introvertida (gosto de ficar sozinha, prefiro passatempos solitários, não faço questão de companhia pra almoçar), mas ninguém em sã consciência vai dizer que sou tímida. Na escola, eu sempre corria para me escrever no teatro anual e no coro de crianças. Apresentar trabalho na frente da sala? Sou voluntária. É verdade que, adolescente, tive a fase de ficar nervosa em eventos, mas depois de ir a muitos deles, passou.

Embora sejam mais focados em seu mundo particular, isso não quer dizer que os introvertidos não gostem de pessoas. Eles gostam, sim - mas em doses moderadas. Enquanto os extrovertidos se enchem de energia e ânimo quando estão em grupos, os introvertidos - que também ficam felizes ao interagir - se sentem cansados, e precisam de um tempinho a sós para recarregar as baterias.

Sim, eu me divirto em festas - mas, quando elas acabam, vou dormir toda contente, em vez de ligar para os amigos para combinar uma esticada até o amanhecer.

Talvez o maior problema dos introvertidos seja o fato de sermos minoria: mais ou menos um quarto da população, segundo algumas projeções. Então, a chance de estarmos cercados por amigos e familiares extrovertidos, que acham que nós somos uns antipáticos - ou pelo menos uns bobos que não sabem se divertir - é grande.

Minha sorte é que o Leo também é da turma dos introvertidos. Então, não rola pressão - de nenhum dos lados - para que a gente vá pra balada, curta o carnaval ou visite Ibiza na alta temporada.

Dito isso, acho bom ter uma irmã extrovertida que me leva pra sair, me convida pra shows e me apresenta a pessoas. Depois de uns dias com ela, eu socializo o suficiente para pelo menos um semestre - e isso me deixa feliz da vida. Obrigada, Isa!

* * *

Quanto à pergunta do título do post, a resposta, é claro, poderia ser "ambos". Mas eu acho que sou até simpatiquinha.