terça-feira, 30 de setembro de 2014

Política é importante

Desapegar do supérfluo só faz sentido para que possamos focar no essencial. Não é? E um desses essenciais que tem sido deixado de lado com muita frequência na nossa sociedade é a participação política. 

Ela é importante. Por mais que a gente mude nossa própria vida, há um limite para o que temos poder de fazer individualmente. A única maneira de expandir nosso impacto e ajudar a criar o mundo no qual queremos viver é se envolver politicamente.

O momento é de eleições, então é fundamental que cada um pesquise, se informe e busque entender melhor sobre os candidatos, os partidos e as propostas. Entrar naquela bobagem de que político é tudo igual não resolve nada, muito pelo contrário. As decisões estão sendo tomadas e afetam a vida de cada um. Se você não votar, não estará tomando nenhuma atitude revolucionária, e sim deixando que outras pessoas escolham por você. Eu sei que não quero isso para mim.

Mas o envolvimento não pode ser restrito a esse momento, e nem apenas no acompanhamento das notícias políticas. A participação em associações, coletivos e outras mobilizações em grupo são fundamentais. É a única maneira que cada um tem de realmente participar e se fazer representar.

Imagem copiada de: http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2014

PS: Não vou declarar meus candidatos aqui. Não acredito que seja o espaço para isso. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Desapegar de mágoas e rancores

Dia desses vi uma cena de filme na televisão na qual duas irmãs, velhinhas, se queixavam de mágoas e rancores da infância. Não, elas não tinham sido maltratadas ou negligenciadas. Quase sessenta anos depois, elas se lembravam com amargura de não terem tido um vestido bonito para a festa da amiguinha e que a mãe as obrigara a comer um prato de que elas não gostavam.

Tive um flash de reconhecimento: de vez em quando, eu me junto com minhas irmãs para resmungar do passado. E olha, vendo de fora, não é bonito.

Não estou dizendo que a gente não sofre quando é criança. Estou dizendo que, quando nos tornamos adultos, podemos mandar nas nossas próprias vidas e deixar de dar tanta importância a fatos ocorridos há tanto tempo.

O que achei chocante no filme é que, mesmo com décadas nas costas, as duas irmãs não tivessem conseguido criar lembranças boas para substituir - ou pelo menos diluir - as ruins. Tem uma terceira irmã na história: ao contrário das outras, ela saiu de casa cedo, trabalhou, viajou - e a gente não a vê reclamando do passado.

Acho que é importante, sim, a pessoa reconhecer as dificuldade e mágoas que vivenciou. Mas, depois de um tempo, em vez de se agarrar a elas e ficar remoendo, a gente podia deixá-las ir. Aí abrimos espaço para lembranças novas - e boas!

* * *

Falar é bonito, mas como é que faz?

Segundo meus livros sobre a felicidade, tão importante quanto o que aconteceu com a gente é como contamos nossa própria história. Quem teve vários empregos diferentes, por exemplo, pode se ver como uma pessoa feliz que explorou vários interesses - ou como um fracassado que não chegou a presidente da empresa. As pessoas deprimidas tendem a se lembrar de suas vidas como uma sucessão de insucessos - enquanto a galera otimista foca no que deu certo.

Então, a gente pode tentar colocar as coisas em perspectiva.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O que dar de presente para um criança?

Eu não tenho muitos amigos com filhos, e mesmo na minha família não temos muitas crianças. Eu sou a prima mais velha dos dois lados e por enquanto só uma prima minha teve uma filha. Eis que ela fez um ano de idade.

Então fui eu a uma loja de brinquedos infantis e... Uau... Fiquei chocada com o número gigantesco de opções e os preços absurdos. R$ 300,00 por uma boneca? Cê jura? Não sabia que existiam tantos personagens de desenhos e filmes assim, e que cada um tinha toda a sua linha gigante de brinquedos. Eu não lembro de ter tantos assim quando eu era criança, mas pode ser só porque eu não tinha acesso mesmo. Enfim...

Comprei o brinquedo da foto abaixo. Meus pré-requisitos para a escolha foram: ser um brinquedo (eu lembro que eu odiava ganhar roupa quando era criança), não ser caro para caramba apenas por ser de um personagem famoso, que não fosse fortemente marcado para gênero (hoje em dia tudo para menina é tão rosa e de princesa.. cadê a variedade?) e que pudesse ajudar a criança a se desenvolver de alguma maneira. 

Eu lembro de ter um brinquedo parecido com esse quando criança e de adorar. Espero que a aniversariante goste e aproveite também.

Ainda estou refletindo sobre a coisa toda e imaginando como realmente deve ser difícil ter filhos e lidar com o consumismo relacionado a eles, principalmente quando ficam mais velhos e susceptíveis a propagandas.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Os básicos da parisiense. E os da brasileira?

A Simone lembrou nos comentários de O chique simples das francesas que existe um livro chamado A parisiense que fala justamente disso. E não é que eu já tinha lido? Só não tinha pensado em falar dele aqui, porque achei uma ode ao consumo. O recado da Simone me lembrou de que mesmo assim dá pra tirar dele umas dicas práticas, como as peças que a autora chama de básicos da mulher parisiense.

La parisienne foi escrito por Inès de la Fressange (ex-modelo, garota propaganda da Chanel e estilista), uma não-parisiense que absorveu o estilo depois de morar muitos anos da cidade (e trabalhar na indústria da moda, né?) e pela jornalista Sophie Gachet.

O livro dá dicas de moda, gastronomia, decoração, viagem, tudo muito chique e muito caro. Mas dá pra pular essa parte e focar no que o minimalismo gosta: as peças básicas. A Inès sugere marcas (também chiques e caras), mas uma das muitas vantagens dos básicos é que dá para encontrá-los em várias lojas (francesas, ao menos), a vários preços.

Eles são:
- blazer masculino
- jaqueta de couro caramelo
- camiseta de alça
- calça jeans
- trenchcoat
- suéter azul-marinho
- vestido preto


O livro sugere que você use essas peças de roupas com muitas outras (o suéter azul-marinho com um jeans branco, o blazer com uma blusa de renda etc.etc.), mas acho que eles combinam muito bem entre si e que nem é preciso ter um monte de peças diferentes pra completar.

Dito isso, eu não sei até que ponto dá para adotar esses básicos no Brasil. Talvez a calça jeans, a camiseta, o vestido (não necessariamente preto) e o blazer (idem) sejam os que traduzem melhor. Não é em todo lugar que o clima permite os outros e, mesmo assim, não o ano todo. Cada região - ou cada estado - tem seu estilo e suas necessidades. E no Brasil faz muito mais sol e calor - o que é uma grande vantagem, aliás.

De qualquer forma, a ideia é legal: se você tiver uns básicos de boa qualidade no guarda roupa, não precisa de muita coisa além.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quando é preciso fazer compras

Montar casa tem disso. Volta e meia a gente percebe que não tem algo que precisa. Minimalista que busco ser, sempre fico questionando se preciso mesmo de cada coisinha. Algumas eu deixo para depois (ou deixo pra lá) - o que pode ser bom ou pode me fazer ficar um tempo longo demais com uma solução improvisada e aquém do que deveria -, mas tem outras que realmente são necessárias. Aí é procurar o melhor preço e comprar.

Só que a hora da compra vem com várias tentações. Essas lojas de coisas para casa são uma tentação. E hoje existe acessório e utensílio para cada coisinha mais específica! E eles são práticos, bonitos e legais. Muitos são ainda baratinhos. Aí fica uma vontade de comprar umas várias.

Eu hoje precisei comprar um ralo de pia porque o que veio no apartamento estava meio velho e acabou quebrando. Chegando na loja, fiquei desnorteada com o tanto de coisa legal e útil. Aí é que entra o grande segredo para não me deixar levar: a lista.

É. Temos uma lista. Ainda bem. Se não tivesse, eu acho que teria saído de lá com muito mais coisa, e umas um tanto quanto supérfluas. A compra de hoje foi:


Depois dessas compras, restam poucas coisas na nossa lista (não que ela não possa mudar): jogo americano; cortina para a sala; gaveteiro para o escritório; filtro; escada; garrafa térmica. 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A gaveta provisória evitadora de enrolação

Então eu resolvi guardar uns folhetos e papeis bonitos para futuras colagens. Mas sei que é o tipo de coisa que é fácil deixar no fundo do armário. Quando a gente vê, passaram-se meses e eles ficaram lá só juntando poeira.

Até uns poucos dias atrás, eu me perguntava: estou na dúvida se realmente vou usar isso? Se a resposta era sim, eu concluía, minimalisticamente: então não quero. Mas, desde então, estou pensando em deixar essa regra mais flexível - se o custo/benefício for bom. Por exemplo: mapas, impressos e ingressos. Custo: zero. Benefício: horas de diversão recortando e colando.

Agora eu quero, mas com condições: três meses para usar. Se 90 dias se passarem e eu não tiver tempo, paciência ou vontade para botar mãos à obra, então posso eliminá-los sem dó. Quer dizer, doar, vender, jogar fora ou devolver ao dono original.

O que nos remete à criação da gaveta (ou da caixa, ou da estante) provisória. Para lá irão todos os objetos com "prazo de validade", isto é, aqueles cercados de dúvida, mas atraentes mesmo assim. Posso imaginar outros casos no qual a gaveta será útil: presentes que não sabemos se combinam mesmo com a gente (e não queremos dar fim imediatamente porque gostamos do presenteador); roupas que minha mãe quer me dar mas eu não sei se vou usar (e fico sem graça de recusar); coleções de quadrinhos de ficção-científica que peguei emprestado no entusiasmo do momento (e que depois da primeira revista não tive a menor vontade de continuar lendo).

A gaveta provisória vai me obrigar a agir, em vez de ficar só no plano das intenções, tipo "Ah, dia desses eu faço uma colagem" ou "Dia desses termino esses quadrinhos". Dia desses, não: é agora (ok, dentro de três meses) ou nunca.

Questões práticas: na parte de dentro da gaveta (ou caixa, ou estante), colarei uma bonita planilha com espaços para o nome do objeto e seu prazo de validade. Com certa frequência, checarei seu conteúdo e tomarei decisões: ou uso ou elimino.

Quero crer que não vou me rebaixar a falsificar datas da minha própria planilha.

Gaveta provisória: 90 dias e contando (retroativamente)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Quem gosta de recortar?

Eu, eu gosto! Era uma das minhas atividades infantis preferidas, e me lembro de, adolescente, ter tido uma agenda cheia de recortes, além de enviar cartas (é, eu sou dessa época) todas decoradas.

Então, toda vez que eu viajava, eu recolhia um monte de papéis: mapas, rótulos, ingressos de atrações, folhetos explicativos, bilhetes de transporte, imaginando que ia usá-los em um monte de colagens. Eu os guardava em uma grande sacola e... nunca mais fazia nada com eles.

Depois que adotei o minimalismo, deixei tanto de carregar xampus e creminhos dos hoteis quanto de acumular impressos. E, de fato, minha mala ficou mais leve e minhas gavetas, mais vazias.

No entanto... aqui em Nancy, tenho visto tantos folhetos atraentes que dei o braço a torcer. Lembrei que recortar e colar é uma delícia e muito relaxante. Sem falar que é reciclagem, né?


Minha ideia é fazer um estoquinho de papéis bacanas e mandar tudo para o Brasil (junto com os itens que perderam o lugar de ficar, que era o porão da irmã que mora na Alemanha), onde, daqui a muitos meses, eles me ajudarão a matar as saudades do sabático e me divertir de maneira saudável e econômica. (Sim, eu tenho planos sobre o que fazer quando a farra de três anos acabar. Quero me preparar direitinho para não sofrer um baque muito grande ao retornar ao mundo real - se tem gente que fica arrasada no pós-férias, imagina no pós-sabático? Falo mais sobre isso depois.)

Não sei muito bem é o que fazer com o produto dos meus futuros esforços. Eles dariam ótimas capas de caderno, mas eu não uso mais cadernos! Talvez eu instale minhas colagens em papeis bem grossos (aquele que são usados para fazer passepartout em telas) e saia pendurando pelas paredes. Dá também pra fazer découpage em móveis, né? Veremos.

E por que eu acho que vou usar esse material, enquanto o que foi trazido de outras viagens ficou mofando na gaveta? Bem, porque agora eu sou mais esperta e sei que é importante usar meu tempo livre com atividades que trazem gratificação, não só prazer. E também porque essa situação me deu uma ideia: a gaveta provisória! O nome já diz tudo, mas falo mais no próximo post.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Fazer o que se ama é a mesma coisa que não trabalhar?

Sabe aquela frase "Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida"? Eu sempre desconfiei e achei que tinha uma pegadinha aí. Parecia uma coisa boa demais para o capitalismo e pouco realista para as pessoas comuns. Além disso, minha percepção subjetiva é que isso não é possível. 

Sabe... Eu adoro meu trabalho. Gosto mesmo. Sou boa no que eu faço e geralmente trabalho com alegria e entusiasmo. Mas tem dias que eu estou de saco cheio, que eu preferia dormir, ler um livro ou tomar sol. Mas aí você me pergunta: "Então por que você não arruma um trabalho que envolva ler livros no sol?". E eu respondo: "Porque vão ter dias em que eu não vou estar a fim de ler, ou de tomar sol." Só para começo de conversa...

Claro que eu acho que a gente deve trabalhar com aquilo que a gente goste, mas criar uma expectativa nas pessoas de que é possível achar um trabalho que seja só alegria e diversão todos os dias é muita pressão, e só pode criar ansiedade e frustração. A vida (e acredito que todas as profissões) tem coisas chatas. Fazer o quê?

Até profissões teoricamente super legais devem ter coisas chatas: reuniões, negociações, obrigações quando não se está a fim, burocracias... 

Parece que não tem nada que a gente possa fazer, certo? Mas eu desconfio que tem sim. 

Começa pela escolha (se for possível, porque é importante lembrar que nem todo mundo tem esse luxo) de um trabalho do qual se goste e no qual se seja bom (o que pode ser aprendido, não precisa ser uma vocação nata). E passa pela aceitação de que nem tudo no trabalho (e na vida) vai ser um mar de rosas. Assim a gente lida melhor com as dificuldades e as chatices da vida, e não fica com essa expectativa louca de felicidade constante.


Comecei a refletir sobre isso depois de ler o começo da entrevista "Só um imbecil gostaria de fazer o que não curte". Lá pro meio da entrevista eles começam a falar de outros assuntos, mas o começo é muito interessante.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Morava fácil

Como em 95% do tempo a gente fica em casas/apartamentos alugados, eu e o Leo estamos experimentando viver em tudo quanto é tipo de lar, do "apê caixa de sapatos" à "casa com jardins" (é, no plural)". É legal porque a gente testa e aprova (ou desaprova!) diversos jeitos de morar.

O jardim da casinha próxima a Rotemburgo (Alemanha), era uma fofura só. Mas deve dar um trabalho manter...
Depois de uma noite dormida em um lugar que nos agrada muito, um dos dois sempre solta um "Morava fácil!". Pra nós, isso quer dizer que o lar em questão tem os seguintes itens:

1) cama confortável. Esse é inegociável. Sem não dá pra dormir bem, não tem conversa. A definição inclui travesseiros gostosos e roupa de cama macia. Se tiver cabeceira acolchoada, então, é muito amor.

2) luz de cabeceira. Eu adoro ler antes de dormir. É por isso que eu ambiciono um Kindle Paperwhite, porque às vezes não tem luz de cabeceira (o horror).

3) pia funda. Vocês se espantariam com a quantidade de pias deste mundo que são rasas (e portanto a água espirra pra tudo que é lado).

4) quarto separado da sala. Para quando alguém quer tirar uma soneca (ok, para quando eu quero tirar uma soneca), ou ficar no silêncio enquanto o outro vê tevê ou escuta música.

5) sofá grande e gostoso. Para ver tevê, para navegar na internet, para namorar...

Esse sofá - em Zagreb (Croácia) - era uma delícia.  
6) chuveiro forte e quente. Sabe todo esse trabalho de autoconhecimento que eu tenho feito? Então, serviu para confirmar que eu odeio água fria. Muito mesmo.

7) box de vidro. Vocês se espantariam não só com o número de cortinas de chuveiro que existe neste mundo (e que amam grudar na pele molhada da gente), mas também com o número de banheiro que não tem nem cortina de chuveiro. Isto é, não tem nada. O banheiro fica encharcado, sim.

7) número razoável de degraus. Ideal é elevador ou térreo, mas primeiro andar, até o segundo, são totalmente aceitáveis. Acima de três é que fica impraticável (pra mim, o Leo nem liga).

8) forno. Vocês se espantariam... é, tem cozinha que não tem forno. Faz pizza como, gente? (O horror.)

Essa cozinha, em Vilnius (Lituânia), tinha tudo: forno, fogão, geladeira grande... e chaleira elétrica, claro. 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Bibliotecas, amigas do peito

Quando vou ficar mais tempo em um lugar - e saco alguma coisa da língua, claro - uma das coisas que eu faço com muita alegria é me associar à biblioteca mais próxima. Na França é bem fácil, e quando há uma taxa, ela é baixa. Em Lisboa também foi tranquilo, e de graça.

Vocês não imaginam - ou talvez imaginem, sim - a minha felicidade ao entrar no sacrossanto abrigo dos livros (e das revistas. E dos quadrinhos. E dos jornais). Até suspiro de contentamento. Cada biblioteca é diferente, mas todas elas têm suas estantes, suas obras separadas por temas, seu delicioso silêncio.

Na cidades francesas em que fiquei um mês, frequentei bibliotecas monumentais, mas aqui em Nancy a mais próxima (um quarteirão e meio!) é bem pequetita. Não está nem informatizada ainda. Não tem cartão de associado, mas uma bonita ficha amarela de papel. O bibliotecário que fez minha inscrição foi me apresentar o estabelecimento - e foi coisa de meia dúzia de passos e dois minutos.

Mas não tem problema. Estou ficando só duas semanas aqui, e a biblioteca Trois Maisons - que fica ao lado do colégio do mesmo nome - é mais que suficiente pra mim. Voltei pra casa carregada com os 12 documentos que posso pegar de cada vez: 8 livros e 4 revistas, para treinar o francês e a cultura francesa. (Na França, as revistas femininas são feministas, gente! Dá pra ler sorrindo em vez de rangendo os dentes.)

No Brasil, eu frequentava a biblioteca dos colégios e da universidade (no dia em que descobri a da faculdade de Letras da UFMG, fiquei em estado de graça), mas nunca as públicas. Então, nem sei dizer se são boas. É uma mancha no meu currículo, que pretendo retificar assim que eu voltar.


Meu amor por livros não diminuiu, mas não queria voltar a ter uma "bibliotequinha particular" física em casa. É tentador, mas um armário grande cheio de volumes a que basicamente só eu e o Leo tínhamos acesso não faz mais minha cabeça. Para o futuro, vejo livros digitais e bibliotecas, muitas bibliotecas.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Promoção? Vitrine? Nem olho

Eu trabalho em frente a um dos maiores shoppings de Belo Horizonte. Portanto, com uma certa frequência, vou almoçar lá. Até chegar à praça de alimentação, passamos por diversas lojas. Logo no começo, me assustei quando percebi que o pessoal sempre ia reparando nas vitrines no caminho, e volta e meia entravam em uma loja e compravam algo. Eu nem olhava para as vitrines. 

Até que comecei a reparar. E daí foi um pulo para começar a achar que eu precisava de roupas  ou outros objetos novos, que eu seria muito esperta se aproveitasse uma promoção ou outra e por aí vai. É impressionante como a mente da gente funciona, como ela responde a estímulos e como aquele papo da publicidade de criar necessidades faz todo o sentido.

Tem gente que gosta de olhar vitrines e promoções, mesmo sem intenção de comprar. Minha impressão é que, se você olhar demais, acaba criando tal intenção, e depois se frustando por não poder comprar. A vontade de comprar vai se acumulando tanto que, quando a gente faz a compra, se sente super realizado. O problema é que não pára por aí, a intenção reaparece, a gente compra, ela aparece de novo... Não tem fim.

Por isso, eu prefiro nem olhar. Passo reto mesmo. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O chique simples das francesas

Estou de volta à França, mais exatamente em Nancy, na região da Lorraine. De novo, me encanta a maneira com que as francesas se apresentam.

(É claro que é uma generalização: nem toda gaulesa é assim. Mas dá pra dizer que é a maioria.)

É uma ode ao minimalismo e à elegância: elas se vestem com simplicidade, evitam extremos (decotes pronunciados, saias curtíssimas), fogem das estampas exageradas. Preferem ter poucas peças de qualidade a muitas que durem pouco. Não exibem marca: você não vai ver uma francesa com aquela bolsa Louis Vuitton cheia de logotipos. Adoram cores neutras. E quase sempre estão usando um cachecol ou um lenço.

O cabelo e a maquiagem também são simples e discretos. A gente vê muito corte curto ou médio. Não tem cabelão louro, unhona colorida ou batom Snob (nada contra: só não faz o estilo das francesas).

Chanel dizia: "Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher." Faz todo sentido, porque o vestir-se bem francês não é botar um vestidão estampado Versace com decote no umbigo. Essa é mais a tendência americana, né? O vestir-se bem francês é usar roupas de boa qualidade, adequadas à situação, de forma que a pessoa (e suas ideias, e suas palavras - os franceses adoram discutir!) possa ser o centro das atenções.

Chanel: cabelo curto e escuro, roupa preta, pérolas (talvez falsas. "O importante não são os quilates, mas o efeito.") 
Sei que, no Brasil, a maioria do pessoal gosta de um estilo mais colorido e extravagante. Também tem aquela coisa de mostrar que tem dinheiro (e dá-lhe detalhes dourados e produtos de marca). Só que - e aí estou com a Chanel, mas é questão de gosto, claro - se a pessoa usa todos os lançamentos e acessórios, a gente acaba sem saber qual saber o gosto pessoal dela, não?

Enfim, gosto muito da ideia de ter um guarda-roupa básico, clássico, de boa qualidade, só com peças que caem bem. Tem tudo a ver com o  minimalismo, e também me agrada esteticamente (tem gente que não acha graça, e também tá valendo).

Não tenho esse guarda-roupa, não. Quem sabe no futuro? Nestes anos de viagem, as peças que eu uso têm de aguentar a correria, as malas e frequentes idas à máquina de lavar (já namorei um suéter de cashmere e desisti, porque não ia ter paciência de ficar lavando a mão na estrada). Mas as minhas roupinhas todas combinam entre si, e de vez em quando eu ponho um cachecol.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A maravilhosa sensação de deletar tudo

Com a era digital e o cada vez maior espaço em dispositivos e na nuvem para guardar arquivos, a gente tende a acumular tranqueiras virtuais das mais diversas. Como elas não ocupam espaço físico e não ficam se fazendo perceber o tempo todo, muitos não se incomodam. Então vamos guardando inúmeros vídeos, fotos, músicas, textos e por aí vai em nossos celulares, computadores, tablets e na nuvem com seus dropboxs, google drives e afins. 

Só que o minimalismo e o desapego de objetos físicos em excesso me levou também a ficar incomodada com o número enorme de arquivos digitais que eu vou juntando, então volta e meia me dá a louca, eu pego um dispositivo ou programa, salvo uma coisa ou outra no meu computador (é onde eu centralizo as coisas) e deleto tudo. Às vezes, até formato.

Adoro fazer isso com o celular - deletando tudo da pasta do whatsapp, todas as mensagens, todas as anotações etc. Faço também com minha caixa de entrada do gmail, com a área de trabalho do computador, com o memory card da câmera fotográfica e com o pen drive.

É fato que diminuir o tanto de memória ocupada sempre melhora o desempenho do programa/dispositivo. Além disso, fica muito mais fácil achar alguma coisa que se precisa se tiver menos opções disponíveis. Mas a verdade é que fazer isso tem tido um efeito além do lógico em mim. Não sei se estou ficando neurótica, mas sei que fazer isso me dá uma sensação de alívio e leveza deliciosa. 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O vazio

Aí você (quer dizer, eu) vende tudo, repensa amizades, se afasta do trabalho, abandona certos hábitos e... quer saber? Dá um vazio, sim.


Mas é um vazio principalmente positivo. Rola uma angústia de vez em quando, mas como somos seres humanos, isso é normal. É positivo porque, como diz o ditado (chinês?), "para beber vinho, primeiro é preciso esvaziar a taça de chá". Então a gente tem de desocupar certas áreas das nossas vidas antes de reformulá-las.

(Dito isso, ninguém precisa ser radical: dá pra ir aos poucos, uma área de cada vez.)

Diante do vazio, a gente se reconhece como realmente é: com nossas qualidades, preferências e defeitos. O reflexo no espelho nem sempre é bonito, mas é o nosso reflexo. Aceitá-lo é o primeiro passo para começar a trabalhar nele. Só dá pra mudar o que a gente conhece. Se você nunca se deu conta de que era, por exemplo, egoísta, como é que vai se tornar mais generosa?

O autoconhecimento é um caminho longo e, às vezes, doloroso. Mas as paisagens são bem, bem bonitas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O incrível poder das planilhas

Minha irmã mais nova é engenheira e, quando ela tem objetivos a alcançar, faz bonitas planilhas e gráficos. O Leo anota todos os nossos gastos religiosamente e extrai relatórios utilíssimos. Ou seja, sempre vi as planilhas funcionando lindamente ao meu redor, mas nunca achei que precisasse delas. Achava que minhas decisões estavam muito bem guardadas na minha cabecinha.

Aí eu li o "Projeto Felicidade", da Gretchen Rubin, e gostei do fato de que ela, além de fazer resoluções, extraía de cada uma delas ações práticas (o que é mais importante ainda) e marcava, em uma planilha, seu sucesso ou não em cumpri-las a cada dia.

Resolvi adotar. Fiz uma lista de comportamentos que quero ter todo dia, como "meditar por 10 minutos", "tomar um bom café da manhã" e "me exercitar durante 30 minutos" e anotei em um caderninho. E funciona que é uma beleza! Por alguma razão misteriosa, o fato de elas estarem escritas e eu poder fazer um visto ou um xis na frente delas funciona poderosamente para 1) não me esquecer delas; 2) me esforçar para cumpri-las; 3) ficar feliz quando faço o visto.


Não consigo fazer tudo todo dia (a Gretchen também não conseguia), mas isso não é um problema. A ideia é tentar melhorar o placar - e talvez tão importante quanto, não se enganar. A memória da gente é seletiva e é fácil nos convencer que estivemos nos comportando exatamente do jeito que queríamos - então, por que não estamos conseguindo os esperados? Pois é, a planilha não deixa a gente se frustrar.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Evitando a fadiga (e brigas desnecessárias)

Eu tinha um vizinho cuja a garagem ficava ao meu lado da minha. Um belo dia ele resolve comprar uma caminhonete gigantesca cabine dupla e colocar na vaga que foi projetada para um carro de passeio.

Começou a ficar muito difícil sair da minha vaga. Eu tinha que manobrar umas três vezes. Mas tudo bem. É a vida de quem vive (e convive) em sociedade.

Eis que um dia, ele deixou um bilhete mal humorado no meu carro dizendo que eu estava estacionando muito para a frente da minha vaga e que estava atrapalhando-o a sair.

Na hora, meu primeiro impulso foi de raiva. Primeiro porque eu estava parando dentro do espaço demarcado, e tinha uma pilastra do meu lado que o atrapalharia de qualquer jeito. Segundo que era eu quem tinha direito de reclamar, mas estava me contendo. Terceiro que ele devia ter pensado na dificuldade de estacionar antes de comprar o dito carro enorme.

Enfim... Fui trabalhar, contendo minha raiva e meus planos maquiavélicos. Depois de um tempo, pensei: para quê caçar confusão?

Claramente o vizinho estava tentando descontar a raiva de não conseguir parar o carro em mim. Se eu descontasse a minha nele, íamos entrar um ciclo sem fim.

Na volta para casa, deixei um bilhete no carro dele dizendo que eu estava parando dentro da área demarcada, mas se estava atrapalhando mesmo assim eu ia me esforçar para parar mais atrás. Pedi desculpas. E pronto.

Ele estava com a razão? Não. Não era o meu carro que estava atrapalhando-o. Além disso, ele podia ter me interfonado ou deixado um bilhete menos grosseiro. Mas valeria a pena eu ter arrumado briga porque eu estava com a razão ou feito picuinha parando o carro mais para a frente ainda no limite da marca (confesso que eu pensei em fazer isso)? Também não.

Essa é uma daquelas histórias que poderia ter virado uma batalha entre vizinhos, com muitos capítulos chatos e estressantes. Mas ao invés disso, a história acabou aí. Com o tempo, ele deve ter aprendido a manobrar a caminhonete gigante. Depois ainda, eu meu mudei.

Hoje eu tento me lembrar dessa história sempre que surge uma situação semelhante. É preciso escolher as batalhas, desapegar de estar com a razão e conservar energias (e tempo) para o que realmente vale a pena.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Eu confesso: virei leitora de auto-ajuda

Sempre torci o nariz para livros de auto-ajuda. Identificava a categoria com Paulo Coelho (me perdoem os fãs, mas a técnica dele é medíocre - não discuto o conteúdo) e com o famoso "O Segredo", que é provavelmente a maior coleção de bobagens que já vi impressa (falei mal dele aqui).

Mas, de uns tempos pra cá, descobri que há méritos na área. Primeiro porque, se considerarmos que livro de auto-ajuda é aquele que dá instruções para o leitor se aprimorar, todos os livros de receitas e manuais faça-você-mesmo entram na categoria. Segundo porque há obras interessantes escritas por especialistas renomados, com recomendações baseadas em pesquisas científicas. O segredo (rárá) é checar as críticas e se informar sobre os autores antes de partir para a leitura.

Ainda assim, temos de usar nosso senso crítico. Por exemplo, o Martin Seligman, decano da psicologia positiva e nosso já conhecido Dr. Felicidade, acha que o Freud estava completamente errado ao afirmar que as experiências que temos na infância nos formam. Já os autores psicólogos de "Addicted to Unhappiness" (Viciados em Infelicidade) afirmam que todos os nosso problemas foram causados pelo tratamento que nossos pais nos deram quando crianças (se eles fizeram que nos sentíssemos infelizes, a gente acharia que é o normal, e ficaria buscando esse estado). Ou seja: mesmo (ou talvez principalmente!) na ciência há vozes discordantes. (No caso aí de cima, acredito no meio termo: nem tudo é trauma de infância, e nem somos adultos inteiramente independentes do nosso passado).

Os temas que têm me atraído são felicidade, trabalho/carreira/talento, depressão e, claro, minimalismo. Tenho lido conselhos úteis e feito descobertas interessantes. Recomendo (com cautela).