terça-feira, 29 de julho de 2014

Tudo uma questão de perspectiva

O processo de ir montando um apartamento aos poucos está me dando uma perspectiva diferente e muito interessante.

Quando a gente está em uma casa que não foi montada pela gente, cheia de coisas que não foi a gente que comprou, não temos uma percepção clara de tudo que temos e da necessidade que cada uma dessas coisas atende. Vamos usando o que temos, já que as coisas estão lá mesmo. Algumas vão ficando no fundo dos armários e das gavetas. Outras ficam à plena vista e acabamos usando vez ou outra, mas será que a gente sentiria falta se aquilo não estivesse ali?

Mudamos com muito pouca coisa. Nos primeiros dias, nem prato a gente tinha. A necessidade tem ditado a compra e logo o uso. Muitas vezes achamos que estamos improvisando, mas percebemos que pode ser uma solução definitiva. 

Além disso, o legal de ir comprando as coisas é ir valorizando tudo que entra e não focar no que ainda falta - a velha questão do copo meio cheio. Quando a gente encara a vida dessa maneira, além de ficar mais feliz, não corremos o risco de inventar necessidades, algo que a publicidade está aí para dar um empurrãozinho a hora que a gente deixar.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Eu não consigo meditar

Um dos meus objetivos durante o sabático era aprender a meditar. Achei que ia ser moleza, já que eu teria bastante tempo disponível e que a meditação não exige esforço físico (é, eu sou meio fraquinha para esportes).

Comecei lendo vários livros e artigos sobre o assunto. Confirmei que a meditação é ótima para a saúde física e mental (combate a depressão e até a pressão alta). Vi vários depoimentos de pessoas que afirmam que se sentem melhor depois que começaram a praticar. Achei diversas instruções de como meditar.

Aí tentei uma vez, duas... e me distraí com outras coisas. Li em vários lugares que os iniciantes devem começar com cinco minutos, mas por alguma razão misteriosa eu não consigo achar esses cinco minutos no meu dia.

A razão me parece meio óbvia: eu até quero aprender a meditar, mas não coloquei a meditação na minha lista de prioridades. Ela está na lista do "se der" ou "se sobrar tempo". E o meu tempo nunca sobra (parece que isso só acontece com pessoas muito ocupadas, que encontram dez minutinhos de folga inesperados entre uma tarefa e outra e ficam felicíssimas).

Então, vou tentar de novo. Vou escolher um único livro sobre meditação, em vez de ler vários desordenadamente, e seguir as instruções direitinho.

Depois eu conto se funcionou.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Não tenho mais porão

Eu e o Leo demos uma sorte danada: meses antes do nosso sabático começar, minha irmã mais nova se mudou para Alemanha, para trabalhar na Nestlé, e ofereceu um lugarzinho pra deixarmos bagagem. Então, uma das nossa preocupações, que era ficar carregando roupas de inverno no verão, e vice-versa, simplesmente desapareceu. Foi uma beleza.

Só que ela decidiu voltar para o Brasil antes do final deste ano. O que é ótimo para ela, mas não tão bom para os nossos objetos que estão no porão do prédio onde ela mora.

A gente começou o sabático com duas malas, uma média e uma pequena, mas acabamos comprando mais coisas pelo caminho: casacos de frio realmente quentes (e gordos), botas de neve (para ver a aurora boreal), meias ultra grossas (idem), outra mala pequena para poder embarcar em companhias aéreas sem despachar bagagem etc etc. Não nos preocupamos com o volume que estávamos acumulando porque podíamos deixar o que não estávamos precisando em cada pedaço de viagem guardadinho.

Agora a festa acabou. Vamos ter de dar um jeito de compactar tudo que precisamos para este fim de ano e todo 2015 em duas malas - pequenas.

Momento de tensão. O que fazer com a mochila grande que nos serviu para a viagem ao sudeste asiático (e sua filhota, uma mini-mochila que veio grudada nela)? Com a bolsa de viagem dobrável que ia dentro da mala e podia ser usada em caso de emergência? Com os vidros de xampu e hidratante grandes, cujos conteúdos foram transferidos para embalagens menores? Com as roupas que trouxemos do Brasil e acabamos não usando, porque compramos peças mais simples e confortáveis por aqui?

É a hora do minimalismo atuar sem dó. E não posso me esquecer de que tenho uma vantagem: no começo do sabático, a gente não sabia bem do que ia precisar. Agora sei direitinho.

O Leo é partidário das soluções agressivas: quer fazer uma grande triagem e doar para a Cruz Vermelha alemã tudo que não seja estritamente necessário para os próximos meses. Eu sou menos radical, já que eu trouxe para o sabático roupas queridas, como vestidos feitos pela minha mãe, e peças que escaparam da orgia de desapego de 2011 porque de fato são confortáveis e bonitas.

A solução final vai ser um misto das nossas duas posições: sim, vai rolar uma triagem agressiva. Mas também vai rolar um pacote enviado pelo correio para o Brasil.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Desapegando das roupas velhas, parte II

Nessa minha mudança, além de descobrir que eu tinha mais roupas do que imaginava e que muitas delas estavam velhas, percebi ainda outro detalhe do meu guarda-roupa: que eu estava acumulando roupas de ficar em casa, pijamas, meias e roupas íntimas.

É o tipo de coisa que vai ficando velha, a gente compra ou ganha um novo, mas mantém o antigo por que... Sei lá por quê. Porque a gente ainda pode usar, então por que jogar fora? (Já contei que para mim é mais fácil não comprar do que jogar fora, não é? Assumo: sou pão dura.).

Eu vi que eu tinha meias manchadas e sem elástico, pijamas idem. Todos muito confortáveis, mas não mais do que os mais novos que eu tenho (conforto pra mim é requisito). E todos muito feios e avacalhados. Quando eram meus irmãos que me viam assim, eu nem ligava. Mas agora é bom ter um pouco mais de cuidado. Sem contar que as minhas gavetas estavam ficando cheias dessas peças. 

Vou confessar que algumas coisas eu nem tive coragem de doar. Foi para o lixo mesmo. Algumas eu ainda tentei usar como pano de chão, mas nem vale a pena. 


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Saudades dos meus lápis

De vez em quando, me lembro de objetos dos quais me desapeguei e tenho saudades. É raro, mas acontece.

Há uns dias, do nada, fiquei pensando nos meus lápis de desenho. Já fiz aula de desenho e, portanto, tinha vários lápis de grafites diferentes, duros e macios. Eles foram despachados quando doei material escolar em uma campanha no trabalho.


Aí fiquei tentando analisar o evento para (me) entender.

Primeiro eu disse a mim mesma que me livrei de centenas de coisas e, portanto, sentir falta de uma ou duas não só é razoável, como não torna a experiência um fracasso - muito antes pelo contrário. Estatisticamente, é uma vitória.

Depois eu me lembrei que não usava os tais lápis há anos. Tipo muitos. E que, embora eu goste de pensar não sou uma pessoa que desenha. Posso até voltar a ser, mas no momento - e nos últimos 10 anos! -, não está rolando. Então é muito melhor que o material esteja sendo usado por alguém.

Conclusão: as saudades dos lápis foram causadas por apego (até compreensível) ao passado. Mas, ao doá-los, o que eu fiz foi me livrar de objetos que não mais me representavam. (E eu nem despachei materiais caríssimos e difíceis de achar: esses lápis a gente encontra fácil em papelaria.)

Conclusão 2: tá tudo bem.

* * *

Atualização: o Leo sugeriu que eu baixasse um aplicativo grátis para desenhar com o dedo. Achei uma boa ideia e baixei o PaintJoy. Não é a mesma coisa - desenho muito melhor lápis do que com dedo, juro -, mas achei bem legal - o programinha deixa você usar um monte de texturas (lápis, aquarela, pastel...). Deu para matar as saudades e me divertir bastante.

Tosco mas proporcionou muitos minutos de alegria.
O gatinho está mal-humorado porque ele tem óculos mas não tem livro. 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Meu "uniforme" de trabalho

As aspas estão ali porque eu não tenho mais uniforme de trabalho. Na última empresa em que trabalhei, a gente usava e era a coisa mais prática do universo. Eu não precisava ter toda uma variedade de roupas e sapatos, não precisava pensar no modelito para o outro dia. Era uma simplicidade danada.

Só que eu mudei de empresa e agora não uso mais. Nos primeiros dias, fui usando as minhas roupas diferentes, fazendo combinações, até que cansei. Era tão mais prático o uniforme! Fiquei pensando... Pensando... E resolvi criar meu próprio uniforme.

É o seguinte: todos os dias eu vou trabalhar com a mesma bota preta de cano curto e salto quase inexistente. Eu revezo entre duas calças sociais pretas que eu tenho (enquanto uma lava, uso a outra). No frio, uso um casaco preto. Só vario - e nem tanto assim - a blusa. É ótimo! Eu poupo tempo, dinheiro e cabeça. 

Quando raramente me dá vontade de variar, eu uso alguma coisa diferente, mas posso afirmar que isso acontece no máximo em 10% das vezes. Recomendo. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

(Alguns dos) 100 segredos das pessoas felizes

Li os 100 Segredos das Pessoas Felizes (The 100 Simple Secrets of Happy People, David Niven) e achei bem legal. Os segredos do título são conclusões de pesquisas científicas sobre felicidade e satisfação pessoal. O autor, que é médico, leu mais de mil estudos escritos na década passada e escolheu os melhores conselhos derivados deles.

O livro tem muitos pontos interessantes. Escolhi alguns que tem a ver com o minimalismo:

Segredo nº 27: não confunda posses com sucesso
Você não é uma pessoa melhor nem pior devido ao tipo de carro que você dirige, o tamanho da sua casa, ou a performance das suas ações. Lembre-se do que realmente importa em sua vida.
- Num estudo usando exames e observações diárias, a disponibilidade de recursos materiais era nove vezes menos importante para a felicidade do que a disponibilidade de recursos "pessoais" como amigos e família.

Segredo nº 51: compre o que você gosta
Não acumule posses só para ter um monte de coisas. Por outro lado, não se negue algo que você realmente quer ou precisa. Se você compra coisas que são importantes para você, vai apreciá-las todo dia e não vai sentir a necessidade de encher sua casa com cada objeto à venda no shopping.
- Antecipar e adquirir bens de consumo pode contribuir para o sentimento de bem-estar; no entanto, colocar muita ênfase em bens materiais diminui a felicidade.

Segredo nº 88: foque no que realmente importa para você
É bobagem competir em um jogo que você não está interessada em ganhar. Não permita sua vida e expectativas se tornarem algo diferente que reflexos profundamente pessoais do que você acredita ser mais importante.
- Metas são cruciais para a auto orientação no mundo e para a satisfação pessoal. Se as suas metas combinam com o que você pensa de si mesmo, isso aumenta em 43 por cento a probabilidade de que metas vão contribuir de maneira positiva para sua satisfação pessoal.

Segredo nº 99: dinheiro não compra felicidade
Nós gastamos tanto tempo buscando dinheiro, se preocupando com dinheiro e contando dinheiro. Você pode se surpreender em saber que satisfação pessoal não é mais provável entre os ricos.
- Um estudo de satisfação pessoal englobou vinte fatores diferentes que poderiam contribuir para a felicidade. Dezenove dos fatores importavam, e um não. O fato que não era importante era status financeiro.

Faz a gente pensar, não?

terça-feira, 15 de julho de 2014

Um elogio à rotina

Todo mundo odeia rotina, faz tudo para sair da rotina e sonha em não ter rotina. Ela é vista como algo chato e sem graça. Eu não sei se é uma questão de personalidade mesmo ou de escolhas, mas o fato é que eu não entendo esse raciocínio e todo esse apelo de sair da rotina.

Primeiro que a falta de hábitos prejudica muito a saúde da gente. Alimentação e horas de sono regulares fazem maravilhas pelo nosso corpo e bem-estar físico. Odeio sentir sono e fome. Adoro dormir e comer na hora que meu corpo pede, já que ele está acostumado àquilo. Odeio chegar em casa de madrugada, acordar meio grogue no outro dia e precisar dormir à tarde. Não é a mesma coisa. Até que eu faço isso às vezes, mas eu evito o quanto posso.

Depois que eu gosto daquilo que compõe minha rotina. Eu gosto de acordar na minha casa, tomar café e ir trabalhar. Eu gosto do meu trabalho, apesar de ser contra a jornada de 44 horas semanais. Acho exaustivo. Tá aí uma coisa que eu mudaria na minha rotina. Mas eu gosto do meu trabalho, dos meu colegas, de sair de casa. Eu gosto dos lugares em que eu almoço. Gosto de voltar para casa, ir pro tênis ou pra capoeira. Adoro dormir na minha cama e acordar nela.

Isso me faz pensar se o problemas das pessoas não é com a rotina em si, mas elas não gostarem do que elas fazem no seu dia-a-dia. Se for o segundo caso, aí é questão de repensar a vida mesmo. 

Claro que nem tudo a gente pode mudar. Ou até pode, mas não achamos a melhor opção. No entanto, coisas chatas aqui e ali fazem parte da vida, mesmo sem rotina, e se elas estão incomodando a ponto de trazer insatisfação constante, é preciso refletir seriamente.

Claro também que fazer algo diferente de vez em quando é bom. Mas para mim a graça está justamente em ser algo mais raro. A copa do mundo de futebol, por exemplo, foi muito legal. Adorei as festas, os dias de jogos, o clima na cidade, mas na última semana eu já estava doida para voltar para a minha rotina, que eu tanto gosto.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Lembranças de viagem minimalistas

As melhores de todas são, claro, as memórias das experiências pelas quais a gente passa. Algumas são visuais, como a cor da água de um lago incrível, que é verde na margem e fica azul no centro. Outras são sensoriais (ah, aquele sorvete de caramel salé!). E tem até as intelectuais, como quando damos de cara com um pêndulo de Foucault comprovando a rotação da Terra.

Mas às vezes a gente quer uma lembrança mais, digamos, palpável. Meu marido, por exemplo, diz que tem uma memória péssima (embora não, curiosamente, para rotas: se ele foi uma vez a um lugar, ele sabe voltar) e fica muito feliz pela existência da fotografia. De fato, as fotos são uma fantástica lembrança de viagem. Primeiro, porque não ocupam espaço (a não ser que você resolva revelá-las, o que é cada vez menos comum); segundo, porque atiçam as memórias (quem nunca viu uma foto e se lembrou até dos cheiros que estava sentindo naquela hora?); terceiro, porque com elas a gente pode dividir nossas experiências com os outros (o que é diferente de submeter os amigos a horas intermináveis de exposição. É bom rolar um auto-controle nessa hora).

Outra lembrança bacana são ímãs de geladeira. Eles são baratos em relação ao custo total da viagem, leves e ocupam pouco lugar na mala. Dá para colocá-los na geladeira ou em um painel magnético (que aí vira uma peça de decoração minimalista: tá grudado na parede, não ocupa metragem no chão). O irmão do Leo tem uma coleção e aceita ímãs de presente (ano passado ele ganhou muitos!), mas minha mãe e minha irmã mais nova restringem os delas aos lugares que elas visitaram.

Já meu pai gosta de dinheiro (todos nós gostamos, né?). Quer dizer, moedas estrangeiras. Quando ele viaja ele traz centavos e notas (essa última, quando a cotação é favorável). Na verdade, ele prefere as moedas, que são mais duradouras. Ele também aceita presentes em sua coleção (que também engordou bastante em 2014).

O euro diminuiu a diversidade de moedas na Europa, já que 18 nações o usam, mas tem uma manha: as moedas são cunhadas em diversos países, e em cada um deles a coroa é diferente, com símbolos nacionais. Então dá pra trazer dinheiros diferentes daquelas bandas também. Quem for minimalista mesmo pode se contentar com a menor disponível (um centavo de euro), mas meu pai aprecia a diversidade  de valores.

Uma lembrança que deve ser vista com reserva são os sabonetinhos/xampus/ loções de hotel. Embora se encaixem na categoria baratos (quer dizer, estão incluídos na diária), leves e pequenos, eles podem se transformar rapidamente em uma montanha de vidrinhos ocupadora de gavetas (eu já cometi esse ato repetidas vezes, mas hoje me considero curada). Reflita se você se você vai usá-los antes de embolsá-los!

Cerejeiras em Quioto, Japão: difícil descrever. 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Desapegando das roupas velhas, parte I

Uma coisa curiosa que descobri quando eu mudei foi como eu tenho roupa velha, apesar de todas as seções de jogar coisas fora e doar.

Na verdade, acho que isso é um reflexo da minha extrema pão dureza. Tem tanto tempo que eu não compro roupas, e que eu vou usando as mesmas, que naturalmente elas vão ficando velhas. É também consequência do cuidado que eu tenho com as coisas. Como as roupas não estragam, eu continuo usando.

As únicas roupas novas que eu tenho foram as trocadas (que não são exatamente novas) e algumas que ganhei de presentes. O resto é bem antiga. E quando eu falo antigas é coisa de 10 anos, em média. Nesse tempo, eu mudei de corpo e de hábitos. Ainda bem que eu nunca segui moda, se não tudo seria incrivelmente datado. Além dessas questões, por mais que eu seja cuidadosa e as roupas não cheguem a estragar, elas ficam cheias de bolinhas, meio relaxadas, algumas perdendo a cor e o elástico.

É hora de desapegar. Vou aproveitar o fim de semana para fazer uma limpa no armário. Depois, vendo o que sobra, vou ver se eu preciso comprar novo, e o que seria.

Impressionante como o minimalismo é um processo constante e não um estado que se atinge.

Vou procurar, e recomendo a todo mundo, de tempos em tempos tirar tudo para fora do armário e dar uma olhada mais criteriosa.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Cortar aqui para ganhar lá

No dia 30 de junho, eu e o Leo completamos 1 ano e meio de sabático. Foram 18 meses de alegria, descobertas, momentos mágicos e alguns perrengues. E de despesas, claro. Todo mês, sai um monte de grana e não entra nada. (Tecnicamente não é verdade: as economias que estão no banco rendem um dinheirinho todo mês. Mas ele está bem longe de cobrir os custos. E, claro, diminuem com o passar do tempo, pois o principal está sendo gasto.)

O interessante é que, consultando nossas planilhas, descobrimos que tudo o que a gente gastou até agora (do ínicio de 2013 ao meio de 2014) foi exatamente igual ao que conseguimos economizar no ano de 2012. Ou seja, um ano de cinto apertado financiou um ano e meio de viagens. Nada mal!

Falando assim parece que somos milionários, né? Mas não somos, não. 2012 foi o ano em que mais ganhamos dinheiro, e em que mais guardamos, na vida INTEIRA. Primeiro porque nós dois estávamos trabalhando (houve uma época no nosso casamento em que o Leo se dedicou totalmente aos estudos). Segundo porque a gente vendeu um monte de coisas, inclusive o carro, e cortou despesas sem dó.

Foi um sacrifício? Bem, alguns cortes doeram mais que os outros. A gente nunca foi muito de sair mesmo, então não sofremos demais com isso. Já a mudança foi mais dramática: o apartamento anterior era bem bonito e confortável. Mas, como a gente estava focado no resultado (três anos de viagem!), as medidas de economia não doeram tanto assim.

O que eu quero dizer é que, embora as pessoas esperem da gente um certo "padrão de vida" (ô expressão odiosa!), no fim do dia quem arca com as consequências das nossas decisões somos nós. Não há nada errado em consumir, mas se todos os nossos esforços e objetivos estão concentrados na aquisição de novos bens, se a nossa definição de sucesso se resume a um carro novo e a um apartamento maior, tem alguma coisa errada aí, não? (Ou não. Você decide.)

terça-feira, 8 de julho de 2014

Faxina: faça você mesmo

Faxina é uma coisa chata de fazer. Chata, difícil e demorada - motivos pelos quais muita gente prefere pagar alguém para fazer no seu lugar. Nada de errado nisso, na minha opinião. Tanto que, quando eu mudei, já comecei a procurar indicações de uma diarista para fazer uma faxina quinzenal na minha casa.

Só que eu mudei, e me envolvi com tantas outras coisas que fui enrolando para procurar uma diarista. Nisso, a casa foi sujando. A casa sujando, eu precisei limpá-la. E é o que eu tenho feito já por algumas semanas. Nisso, percebi algumas coisas:

1. É plenamente possível fazer faxina na própria casa gastando relativamente pouco tempo, mas para isso é preciso algumas condições.

2. Quantos menos móveis, mais fácil a faxina. Arrastar móveis para limpar embaixo, ou afastar para limpar atrás, e depois colocar no lugar de novo, além de todo o contorcionismo necessário para isso é uma das coisas mais chatas, demoradas e difíceis da faxina.

3. Quanto menos coisas em cima das superfícies, melhor. Novamente: tirar tudo, tirar a poeira de tudo, limpar a superfície, colocar tudo e volta... É um saco e demorado.

4. Um cuidado diário para não deixar coisas sujarem, não deixar acumular bagunças, louça sem lavar, coisas espalhadas pela casa... Tudo isso ajuda muito também. 

A casa ainda está bem vazia e acredito que ficará mais difícil quando a casa tiver mais móveis, mas vou tentar me ater ao básico. A gente ganha tempo, dinheiro, paz, tranquilidade, espaço.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O dilema da beleza, pela última vez (espero)

Por um lado, para mim é muito claro que espera-se que as mulheres gastem muito mais tempo, dinheiro e energia em sua aparência do que os homens. Por outro lado, a gente tem de viver nesse mundo, e há mulheres que de fato têm prazer em atividades relativas a moda/maquiagem. Parte do movimento feminista se recusa a se conformar aos padrões estabelecidos pelo patriarcado (o que eu acho validíssimo), e isso é causa de muita briga e discussão. Tem muita moça que acredita na igualdade de gêneros, mas não se intitula feminista porque acha que o movimento não permite que ela passe esmalte.

Depois de muito ler e quebrar a cabeça a respeito, acho, como várias outras mulheres, que passar esmalte não é feminista, mas também não é necessariamente anti. Não vamos nos iludir, mas também não vamos nos massacrar (ou massacrar as colegas). Coerência perfeita seria ótimo, mas a vida é complexa e nós também.

Dito isso, acredito que é importante termos consciência de que sim, espera-se que as mulheres gastem muito mais tempo, dinheiro e energia em sua aparência e isso é uma sacanagem, porque a gente poderia estar gastando isso tudo em muitas outras atividades divertidas ou lucrativas. (Sem falar que, se você segue as regras desse jogo, é uma fútil; se não segue, é uma baranga. Não tem como ganhar, gente!). Então a minha estratégia é:

1) não julgo mulheres pela aparência, ponto (é um exercício constante, porque a mídia e a sociedade ensinam que o primeiro objetivo na vida da mulher é ser bonita, mas sigo me esforçando e aprendendo).

2) evito revistas, sites e programas que só mostram mulheres dentro do padrão de beleza (é difícil, viu?). Estou tentando "destreinar" o olhar.

3) encaro meus cuidados com a aparência que vão além da higiene como um hobby, não como uma necessidade ou um definidor de personalidade. Ou seja, vigio o tempo, dinheiro e energia dedicado a isso. Não, não é razoável que as mulheres gastem uma grande fatia de seus salários (que já é menor do que o dos homens) com acessórios e produtos de beleza. Nunca vou me esquecer de uma colega de trabalho (que ganhava muitíssimo bem) contando que estava no vermelho aquele mês por causa do monte de roupa que tinha comprado, sendo que ela já tinha um armário recheado. A declaração foi recebida com muita tranquilidade na mesa. Se fosse um colega homem dizendo a mesma coisa a respeito de, sei lá, sua coleção de vídeo games, acho que o povo tinha se agitado mais, não?

4) faço o mínimo. Acho que jamais voltarei a usar salto alto de novo.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A questão do micro-ondas

Comprar um micro-ondas não estava nos meus planos. Na casa da minha mãe, a gente tinha um e eu usava muito. Apesar disso, eu sempre lembro da época do apagão dos anos 1990, em que a gente aposentou o tal eletrodoméstico em casa e sobrevivemos. No entanto, ele aqui está fazendo muita falta.

Vamos lá tentar fazer uma comparação.

Contras:
  • o dinheiro para comprar;
  • o espaço que vai ocupar;
  • a energia elétrica que vai consumir.
Prós
  • a praticidade por não precisar usar (e lavar) panelas (no plural),
  • a economia de tempo com as panelas e o forno,
  • a economia de água.
 Sinceramente, ainda não decidi.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Competição de minimalismo

Já li em alguns blogs - e já registraram em comentários aqui - que às vezes rola uma competição de minimalismo: um "eu tenho/uso/consumo menos do que você, viu?".

A sociedade em que vivemos incentiva a competitividade. Então, a pessoa desapega dos bens materiais, deixa de exibir pros amigos/vizinhos/ família que tem mais e melhores objetos que eles, e começa a falar para a comunidade do minimalismo... que tem menos. É compreensível, mas não é um comportamento a ser incentivado, até porque me parece que uma das bases do minimalismo é a cooperação e a co-propriedade: em vez de cada um de nós ter um aspirador de pó e uma furadeira elétrica, por exemplo, podemos fazer um grupo e dividi-los entre nós; em vez de ter uma coleção de livros em casa, podemos usar a biblioteca pública; em vez de ter uma pilha de DVDs, podemos ser sócios de uma locadora ou assinar um serviço de filmes, e assim por diante.  

Por outro lado, pode ser que a pessoa não esteja se exibindo, mas simplesmente empolgada. Acontece! Então, quando conhecemos alguém que tem/usa/consome menos que nós, talvez a gente não precise ficar na defensiva. Que tal deixarmos de pensar em competição e passarmos a pensar em inspiração?