O Dan Ariely, no livro O Lado Bom da Irracionalidade, fala sobre como o ser humano tem uma grande capacidade de adaptação, tanto para as situações boas quanto para as ruins. A longo prazo, um ganhador da loteria e um paraplégico vão estar menos satisfeito e menos miserável do que a gente imagina.
Essa adaptação faz com que a gente se acostume fácil com um aumento de salário, um apartamento maior, um carro mais chique ou um guarda-roupa mais gordo. Depois de algum tempo, a nossa satisfação volta ao nível anterior. Essa é uma das razões pelas quais algumas pessoas consumem muito: quando a última aquisição perde a graça, elas correm para comprar de novo, para ter aquela alegria (passageira) novamente.
O que fazer, então? O Ariely sugere interromper a experiência prazerosa, ou executá-la a conta-gotas. O exemplo que ele dá é de uma estudante que se forma e arranja um bom emprego, e está pronta para trocar os móveis baratos de sua casa por novas versões mais bonitas e confortáveis. Ela pode fazer um festival de compras e arrumar a casa toda de uma vez, o que de fato vai deixá-la feliz - até que ela se acostume. Ou ela pode ser gradual com suas aquisições: primeiro ela compra uma cama ótima e curte a novidade; no mês seguinte ela compra uma bela tevê e se diverte; semanas depois, um sofá macio... Assim, ela vai ter picos mais baixos de alegria, mas eles vão ser muitos, e a soma total de felicidade vai ser maior.
Eu acho que é isso que a Fê está fazendo com o apartamento dela - até para verificar o que ela realmente precisa. Além de não comprar objetos inúteis, ela também vai sentir satisfação por muito mais tempo.