sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Concurso público: a minha experiência e a experiência do marido

Pediram pra eu falar sobre concurso, então vamos lá. Com uma observação: existem milhares de cargos (literalmente) no serviço público brasileiro. Eu só posso falar sobre os nossos, no executivo federal.

Pra mim, a experiência concurso/cargo pública foi ótima. Sempre fui caxias e gostei de estudar, então a parte preparatória se deu tranquilamente, inclusive porque eu morava com meus pais, eles pagavam minhas contas, e eu não precisava trabalhar.

Como eu me formei em direito, tentei concursos na área jurídica (ao mesmo tempo em que fazia comunicação social). Sim, rolava uma pressão parental.  Mas eu só começava a me preparar pra ser juíza/promotora quando saía o edital, em torno de 2 meses antes da prova. Então, eu estudava empolgadamente, mas é claro que não dava tempo de ver a matéria toda e eu não passava.

No último ano do curso de comunicação, meu pai sugeriu que eu fizesse um concurso de nível superior não-jurídico. Eu estava doida pra arrumar um emprego, casar e sair de casa, então encarei. De novo, o edital tinha acabado de sair, mas a soma dos estudos anteriores com um conteúdo menor deu certo e eu passei.

Aí apareceu o primeiro perrengue: não tinha vaga em Belo Horizonte (onde eu e o noivo morávamos), só no interior. No edital estava bem claro que as vagas estavam espalhadas pelo estado, mas eu tinha preferido ignorar esse fato. Então, primeiro requisito de quem faz concurso público: esteja disposto a se mudar. Caso contrário, você vai ficar restrito a pouquíssimas vagas - ou vai sofrer horrivelmente quando tiver que sair da sua cidade. Eu sei porque tive colegas que sofreram horrivelmente por trabalharem a 3 horas de Belo Horizonte. Gente que passou 3 anos reclamando e voltando pra BH todo fim de semana (a boa notícia é que, no fim desse prazo, todo mundo conseguiu transferência).

Eu nunca tinha pensado em deixar minha cidade natal e confesso que fiquei chateada quando fiquei sabendo que ia precisar. No fim das contas, foi a melhor coisa que podia ter acontecido. Tendo arrumado emprego, eu me casei, e a gente começou a vida a dois longe das famílias, que são ótimas e bem-intencionadas, mas acabam interferindo, né? Havia uma certa latitude na hora de escolher a lotação, e eu escolhi a cidade que tinha empresas grandes, de maneira que o Leo, que é da área de informática, arrumou emprego num instante. 

Fui trabalhar em um lugar ótimo, cheio de gente competente, legal e caxias. Fala-se muito em funcionário público que trabalha pouco, mas eu não vi nenhum nos primeiros anos da minha carreira. Me adaptei rápido à cidade, que tinha poucas opções de lazer, mas era segura e barata. A gente tinha conforto, bons salários e um ao outro - o que mais a gente podia querer?

Uns anos depois, vendo a minha satisfação profissional, o Leo decidiu fazer concurso público também. Deixou o emprego, voltou pra faculdade (ele tinha largado o curso de economia no meio), se formou em Sistemas de Informação em tempo recorde (ele fazia aula no turno da manhã e da noite) e começou a se preparar. Fez concurso na área dele, para trabalhar em Brasília (porque a gente sabia que seria fácil eu conseguir transferência pra lá). Pouco mais de um ano após a formatura, ele estava tomando posse.

O Leo começou a trabalhar muito contente, mas deu um azar danado. Caiu em um ministério cheio de cargos de comissão (aquele para os quais não há concurso - a pessoa é nomeada pelos chefões) que não tinham o menor compromisso. As coisas não andavam, os problemas não eram resolvidos, e ele se frustrou muito tentando mudar as coisas. Ele conseguiu trocar de setor, mas a situação não melhorou.

Enquanto isso, eu passava por altos e baixos. Em Brasília, participei de projetos grandes e transformadores, e projetos que não saíam do lugar. Trabalhei com gente competentíssima e dedicada - e com gente que não queria nada com a dureza. Por causa desses últimos, briguei, me desgastei, passei raiva - e saí de lá sem ter certeza de ter conseguido muita coisa.

Na época em que decidimos vender tudo e sair viajando, no entanto, a gente ainda estava em lua de mel com nossos empregos. Não tínhamos esses cargos com os quais o pessoal sonha nos fóruns de discussão (auditor da Receita Federal, delegado da Polícia Federal, gestor do Ministério do Planejamento), mas sempre achamos que ganhávamos bem (tem de comparar com a média da população brasileira, não com o Eike Batista, né, gente?). Outras vantagens: carga semanal de 40 horas, sem hora extra, férias que dá pra marcar com antecedência (no setor privado, tem chefe que acha que você tirar férias é uma ofensa pessoal), e a possibilidade de licença sem remuneração por um período prolongado, que é o luxo dos luxos (no meu caso. No ministério do Leo, eles não dão de jeito nenhum. Então ele pediu pra sair.)

Cada experiência é pessoal e única: se alguém me perguntar se deve fazer concurso público, eu vou responder um entusiástico "sim". O Leo vai responder um ponderado "talvez". Eu percebo que muita gente foca no concurso (assim como muita gente foca na festa de casamento) e esquece que, depois dele, tem uma carreira pela frente (sim, você vai viver com a pessoa com a qual se casou).

Eu acho que a vida é muito curta pra gente gastar a maior parte do dia em um trabalho que odiamos. Por outro lado, um emprego no qual você usa suas habilidade e competências, num ambiente em que te respeitam, e que ainda paga bem, é uma grande conquista, e não um fardo.

Uma das razões do sabático é descobrir se eu tenho uma grande paixão profissional, que me faria passar muitas horas do dia numa grande satisfação. A remuneração não é tão importante - dando pra viver e guardar um tanto pra aposentadoria, tá valendo. Já pensei diferente, mas o minimalismo me ajudou a reordenar as minhas prioridades.

Infelizmente, até agora não fui tomada por nenhum relâmpago de inspiração.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Na hora de investir, não confie em ninguém

Quando for escolher um investimento para aplicar seu dinheiro, confie apenas em si mesmo. Não acredite no gerente do banco e nem naquele amigo que entende tudo de investimentos. Na verdade, nem acredite em mim. Vá pesquisar e chegue às suas próprias conclusões.

O gerente do banco tem metas a cumprir. Não é porque ele é malvado não, mas quem paga o salário dele é o banco, e não você. Então, se ele precisa atingir uma meta de não sei quantos mil investidos em fundos de ações, ele vai dar um jeito de te provar que fundos de ações são as melhores coisas do mundo. Depois eu conto para vocês como o meu gerente tentou me passar uma dessas.

Já o seu amigo pode ter até boas intenções, mas não tem como você julgar se ele realmente sabe do que está falando. Caso você seja capaz de analisar se seu amigo conselheiro tem razão, você já sabe o suficiente para não precisar do conselho dele. E, lembre-se, o dinheiro é seu. Quando damos conselhos para os outros, é natural sermos mais ousados e inconsequentes do que seríamos no lugar da pessoa, já que não é a gente que vai arcar com as consequências. Não é por mal.

Também não confie no artigo de revista que te manda comprar ações de tal empresa ou investir em tais fundos. As revistas, os sites e os jornais têm interesses próprios. Precisam agradar anunciantes, têm alinhamentos políticos ocultos (ou nem tanto) e podem ainda estar querendo influenciar o mercado (derrubando o preço de uma ação, por exemplo, só pra poder comprar mais barato).

Para investir, infelizmente, não tem fórmula mágica. Estude as opções e escolha você mesmo.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Uma lição que custou caro, ou como decisões apressadas botam a perder seu rico dinheirinho

Antes de viajarmos, eu e o Leo decidimos botar metade das nossas economias em um segundo banco, que se dizia internacional. Achamos que, se passássemos por um aperto no exterior, seria mais fácil pedir socorro em uma de suas muitas agências.

Na hora de abrir a conta, o gerente se desfez em salamaleques e promessas. E caímos na esparrela de aceitarmos seus conselhos para diversificar nossos investimentos. Nós, que somos bem conservadores, topamos botar uns dinheiros em um fundo de médio risco. Como fizemos a conta em cima da hora de viajar,  ficamos sem a senha de internet para movimentação, mas o gerente disse pra não nos preocuparmos: era só mandar e-mail que ele, ou para nosso "assessor de investimentos", que eles resolviam tudo pra gente.

Corta para alguns meses depois: o tal fundo despencou. Gerente e assessor, que eram só amores no Brasil, sumiram de circulação. Não respondiam a e-mails e a gente, sem telefone no exterior, não conseguia ligar para a agência.

A cada dia que passava, o prejuízo aumentava. Depois de muito choro e ranger de dentes, localizamos uma das agências no exterior e de lá conseguimos contato.

O problema de comunicação resultou em perda financeira real - o equivalente a um mês de despesas do sabático. E nos fez perder muito tempo e passar muita raiva, é claro.

Mas aprendi minha lição.

1) Não acredite em gerente de banco. Nunca. Ele não está ali para defender o nosso interesse, mas o interesse do banco. Depois, o próprio interesse. A gente vem em terceiro lugar, se vier. Então, leve a proposta do gerente para casa e pesquise direitinho antes de tomar sua decisão.

2) Nunca tome decisões financeiras apressadas. Se tivéssemos decidido abrir a conta alguns dias antes da viagem, e não na véspera, teríamos tido tempo para organizar as senhas e os acessos e refletir sobre as propostas de investimento.

3) Tente eliminar os intermediários na hora de botar o seu dinheiro para trabalhar. Se o banco aplica a grana para você, ele cobra por isso, na forma das mais diversas taxas, que podem muito bem comer o seu rendimento (se você tiver algum. Eu não tive). Solução: aplicar diretamente (pense Tesouro Direto, por exemplo) ou ficar de olhos nas taxas (busque investimentos com índices menores ou negociar com o seu gerente uma redução nas danadas - diz o povo na internet que é possível, sim).
O tempo passando e o meu dinheirinho diminuindo...
PS 1: eu não detesto todos os gerentes de banco, tá? Tem um (no banco original) que é a cara do irmão da Phoebe Buffay em Friends, é esperto pra danar e resolve todos os meus problemas.

Eu tenho uma explicação para isso: é porque ele não é o meu gerente.

PS 2: fiquei chateada com a grana perdida, sim. Porque a gente faz economia, pensa duas vezes antes de gastar, escolhe lugares em conta pra ficar e de repente uma parcela do nosso pé de meia vai pelo ralo. Dito isso, ficar viajando, sem trabalhar, é um luxo, né? Então respiramos fundo, dividimos o prejuízo pelos dias restantes do sabático (o que diminuiu o nosso limite de gastos diários, claro) e tocamos em frente.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

E se eu precisar um dia?

É uma das maiores desculpas que a gente se dá para não jogar alguma coisa fora. Como eu sei que muitas vezes é meu instinto acumulador falando mais alto, tenho tentado ser mais racional. Se o motivo para manter algo for que eu posso precisar um dia, me faço duas perguntas:

1. Em qual cenário hipotético eu precisaria disso?

A verdade é que, na maioria das vezes, a situação que faria a gente precisar da coisa é pouco provável ou até mesmo inexistente. Por exemplo, meus textos xerocados da faculdade. Eu guardava porque eu podia precisar. Mas, sinceramente, para quê? Em que situação da minha vida eu precisaria daqueles textos? Não consigo imaginar uma única. Logo, foram todos para o lixo.

Outro exemplo: uma bolsa de praia. Eu posso precisar se for pra praia. Aí é quando surge a próxima pergunta:

2. Se existe um cenário, e ele acontecer, quais serão as consequências de eu não ter a coisa?

Se eu precisar do texto da faculdade, e não tiver, o máximo que vai acontecer é eu ter que tirar xerox de novo. Se eu for pra praia e não tiver uma bolsa de praia, eu vou usar outra bolsa qualquer. Foi o que eu fiz da última vez. Usei uma mochila pequena e achei até mais prático.

Na praia, com a mochila rosa que eu levei.

A verdade é que, na maioria dos casos, a gente acaba nunca precisando daquelas coisas que guardamos tanto.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ah, mas pra você é fácil!

Acho que quase todo mundo já deve ter ouvido isso. É assim: você toma uma decisão um pouco fora do roteiro e logo vem alguém correndo dizer: ah, mas pra você é fácil!

Largar um monte de vaidades: ah, mas pra você é fácil, porque você é casada!

Não pintar os cabelos brancos/raspar a cabeça: ah, mas pra você é fácil, porque você já tem emprego!

Tirar um sabático: ah, mas pra você é fácil, porque você conseguiu uma licença do trabalho!

Viajar pelo mundo: ah, mas pra você é fácil, porque você não tem filho!

Sem entrar no mérito se é "fácil" ou não, eu sinceramente fico sem reação. Querem que ninguém faça nada, nunca, porque é " fácil"? Ou preferem que a gente desfie um rosário de lamentações pra explicar que na verdade é difícil e que estamos sofrendo muito?

Talvez não seja nada disso, né? Pode ser que o comentário seja feito quando a pessoa está na defensiva, e quer justificar a razão dela mesmo não tomar aquela decisão.

Mas ninguém disse que os outros têm de fazer o que a gente está fazendo, poxa!

Só se acharem que é uma boa ideia. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A dificuldade do desapego e os custos irrecuperáveis

Estou lendo um livro que ganhei de presente (obrigada, Alexandra) chamado "Como encontrar o trabalho da sua vida". Logo no começo dele, o autor Roman Krznaric fala sobre a dificuldade que a gente tem de abandonar uma carreira devido ao tempo e aos esforços que já investimentos nela. É quando ele explica o seguinte conceito:

"Esse tipo de pensamento se assemelha ao que os economistas descrevem como decisão baseada em 'custos irrecuperáveis': se você compra um par de sapatos caríssimos que se mostram terrivelmente desconfortáveis, não vai querer jogá-los fora porque custaram muito caro."

Quantas vezes a gente mantém uma roupa, um sapato, um eletrônico ou outro objeto qualquer não porque ele seja útil, mas porque pagamos muito por ele. É uma decisão totalmente irracional, já que o dinheiro que a gente gastou já era, não temos como recuperá-lo. Manter o objeto inútil no armário não vai mudar isso.

Daqui para frente, quando for fazer escolhas de desapego, vou ficar mais atenta para essa pegadinha que a nossa mente nos prega.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Malamalismo forçado: cias aéreas low-cost

Um jeito de viajar barato por aqui, e que a gente usa muito, são as companhias aéreas de baixo custo.

As cias conseguem oferecer passagens baratinhas porque, por um punhado de euros, você compra o transporte do seu corpinho e de um único volume pequeno - e só. Tudo mais é cobrado à parte. Quer marcar assento? Você paga. Quer embarcar primeiro? Você paga. Quer despachar bagagem? Você paga. Quer o dinheiro de volta se tiver que cancelar a viagem? Você também paga.

Então o nosso esquema, para aproveitar os preços bons (15 euros! 20 euros!) é ficar no básico e chegar cedo, pra ficar no início da fila de embarque.

Até agora, pagamos de 15 a 30 euros a mais para poder despachar uma mala (de até 15 kg!). Mas, nesse último passeio, resolvemos pegar o boi pelos chifres e encarar o desafio de embarcar com uma única mala de mão de 55cm x 40cm x 20cm e 10 kg para cada um.

Quase 40 dias na estrada e temperaturas que vão de mais de 30º C a menos de 10º C (Alemanha, Polônia, países nórdícos e bálticos). A solução? Camadas - e máquina de lavar.



Dá pra começar de short, blusa de alça e chinelinho e ir acrescentando camiseta, suéter, blazer e cachecol (trocando o short pela calça jeans e o chinelo pelos tênis, claro). Também estão na mala os meus thermals - aquela roupa de baixo justinha, fininha e tecnológica que esquenta que é uma beleza.

Resultado: a mala está pesando 8 kg, mesmo com mochila, netbook e kindle dentro dela (nas cias low-cost, você só embarca com um volume mesmo. Não tem essa de bolsa de mão). Vai dar até para levar um estoquinho de chocolates poloneses. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Prazeres e culpa

A prática do minimalismo passa por tentar definir se as coisas (objetos, pensamento, comportamentos) são essenciais, e nesse caso vamos querer mantê-las, ou supérfluas, aí a gente desapega. Na hora de fazer essa escolha, geralmente me pergunto se elas são necessárias para a minha sobrevivência ou pelo menos me dão algum retorno palpável (dinheiro, praticidade, saúde etc.).

Mas eu acredito que quase todo mundo tem aquelas coisinhas que a gente guarda, mesmo sabendo que não são úteis/necessárias. Sabe a expressão guilty pleasure? Significa algo que você sente culpa de gostar. Pode ser fumar um cigarro vez ou outra (faz mal) ou gostar de ler romances de banca (dizem que é fútil), por exemplo.

Meu grande guilty pleasure, que afeta meu minimalismo, é minha obsessão por alguns filmes, livros e seriados. Quando eu sou fã de alguma obra, eu fico um pouco obcecada, e isso se traduz em horas de dedicação e no acúmulo de objetos.

Por exemplo, eu sou fã de Anne Rice, e por mais que eu tenha todos os livros dela no kindle, eu guardo todos em papel também, e não quero me livrar deles. Lembra quando eu fiquei com uma culpa danada por ter comprado o box completo com todas as temporadas de Arquivo X? Eu tenho ainda um card game do seriado e um broche. Eu faço essas coisas. 

Além do dinheiro investido, do espaço ocupado e de todas as mil horas que eu perco assistindo aos mesmos filmes e seriados (ou lendo livros repetidos), eu gasto um tempão lendo fanfiction, navegando no tumblr, participando de fóruns.

Volta e meia eu me encho de culpa, e fico pensando se eu não devia parar de me ocupar com essas coisas, mas é algo que eu gosto tanto e me dá tanto prazer que, se eu abrir mão disso, todo o minimalismo me parece sem sentido. Eu faço todo o esforço para economizar tempo, espaço e dinheiro justamente porque quero usá-los da melhor forma possível para mim. 

Eu quero o minimalismo para melhorar a minha vida, não para limitá-la. Eu quero liberdade, não me prender mais. Quero uma vida mais leve e feliz.

Quando eu e meu namorado fomos para Salzburg, eu dei um jeito de ficar no hotel em que foram filmadas as cenas externas da casa da família Von Trapp, do filme A Noviça Rebelde, um dos quais eu sou fã.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Redefinindo o que a gente precisa

Desde o início do ano, eu e meu marido estamos pipocando de cidade em cidade, de apartamento em apartamento. O máximo que passamos parados foi um mês. Estou aproveitando a experiência para aprender, na prática, o que é essencial em uma moradia para mim... e o que não. 

1) Cama confortável (porque eu gosto muito de dormir) com mesa de cabeceira e luminária. Há os minimalistas que aboliram os apoios ao lado da cama, mas eu gosto deles para colocar água, livro, relógio, o ocasional remédio. A luz é porque gosto de ler à noite.
Não preciso: de um criado-mudo cheio de gavetas. Até uma cadeira resolve.

2) Mesa + 2 cadeiras, para fazer refeições, usar o computador, estudar.
Não preciso: de escritório, de uma copa, de uma mesinha no quarto... Uma só dá conta de todas as atividades.

3) Livros. Em formato digital.
Não preciso: de estantes cheias. Já tive e adorava. Meus amigos iam à minha casa e ficavam impressionados com a quantidade. Mas o importante é o conteúdo, não o continente. No futuro, é leitor digital e biblioteca (s) na cabeça.

Continua...

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

1 ano de minimalizo!

Hoje este blog está completando seu primeiro ano de vida!

A ideia surgiu quando nós duas conversávamos sobre o nosso estilo de vida e o que a gente queria para o futuro. Estávamos morando em cidades diferentes e sempre nos encontrávamos quando as duas estavam em BH. Para nossa surpresa, descobrimos que, cada uma de um lado, vínhamos buscando uma vida focada no essencial e livre de supérfluos.

Quando a gente vai contra a corrente do senso comum, é importante formar seu próprio círculo de suporte - não é na sociedade em geral que vamos encontrar dicas ou apoio! Como nós duas adoramos escrever, resolvemos criar o blog.

De lá para cá, nossas vidas mudaram muito. Uma viajando pelo mundo, a outra repensando a carreira. Mas a busca por uma vida mais minimalista continua, ainda mais com todo apoio que recebemos via blog, pelo tanto que aprendemos uma com a outra e com as conversas com vocês na caixa de comentários, e também aos resultados que a gente tem percebido de todo esse esforço.

Queremos agradecer muito a todos vocês que nos acompanham aqui. E que venham os próximos anos!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O tempo, o dinheiro e a disposição

Há uma anedota que diz que a gente nunca está satisfeito na vida porque:
  • quando é jovem: tem tempo e disposição, mas não tem dinheiro;
  • quando é adulto: tem disposição e dinheiro, mas não tem tempo;
  • quando é idoso: tem tempo e dinheiro, mas não tem disposição.
Reflete bem o estilo de vida da maioria das pessoas com quem a gente convive, não? Mas será que tem que ser assim?

Se eu abrir mão dos excessos e do consumismo, fico menos dependente do dinheiro em todas as fases da vida. Precisando de menos dinheiro, é possível conseguir mais tempo na vida adulta. Com mais tempo, é possível ter mais qualidade de vida e logo ter mais disposição na velhice.

Vejo tanta gente vivendo em função da aposentadoria (ou das férias, ou do fim de semana) e se matando no dia-a-dia que, quando chegar a hora de aproveitar, não vai ter energia nem saúde para isso. E vai precisar de mais dinheiro ainda para correr atrás da saúde perdida. Vale a pena isso?  


Além disso, a gente tem que parar de querer ter tudo o tempo inteiro. Primeiro, que isso não é possível. Segundo, que não precisamos ter tudo, mas que talvez tenhamos o suficiente (como disse a Lud).

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Tenho o suficiente

Tem gente que fica chocada com o minimalismo por uma razão muito simples: elas acham que não têm o suficiente. Afinal, a amiga mora em um lugar maior,  o irmão tem um carro mais novo, a colega de trabalho usa os últimos lançamentos... então, como assim elas ainda vão se desfazer de bens?

O mercado de consumo se sustenta nessa crença: de que não temos o suficiente. Há sempre um produto mais novo, mais eficiente, mais bonito a ser adquirido. O problema dessa situação é que ela não tem fim: a moda muda a cada estação, os produtos tecnológicos se sucedem, novidades surgem a todo momento. E  sempre vamos conhecer alguém que consome mais que a gente.

Talvez o primeiro passo para o minimalismo seja essa consciência: de que sim, temos mais que o suficiente.

Não, eu não quero que nos contentemos com o mínimo necessário. Eu quero que a gente descubra qual é o mínimo necessário e vá, a partir daí, enriquecendo nossas vidas, em vez de enchê-las de tralha.


PS: é claro que cabe aqui uma crítica: no Brasil - e no mundo -, não são poucos os que não têm nem o suficiente. Mas se você tem acesso a internet e está lendo este blog, provavelmente tem, sim. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

As lojas e as suas artimanhas

Foto tirada da Wikipedia.
"Um dia eu saí para comprar blusas e ternos. Foi quando eu encontrei o mais lindo par de meias e pensei: 'Eu simplesmente tenho que comprar isso'. Quando eu estava pagando, o caixa me falou 'Você pode levar outro par de meias pela metade do preço, já que estamos com uma promoção especial'. Então eu peguei outro par de meias e eles me disseram dessa vez que seu eu comprasse mais outro par, eu ganharia outro de graça... Então eu comprei mais meias para conseguir aquele par de graça e eles me disseram de novo que se eu comprasse outro par dessa vez eles me deixariam levar dois pares de graça. E eu comprei. Então, ao fim do dia, eu tinha comprado 7 pares de meias e 0 novos ternos ou blusas. E eu pensei comigo mesmo 'Esta é a minha vida agora. Gastando dinheiro com meias'".

Eu achei a citação neste neste tumblr e fiquei rindo sozinha porque o Benedict Cumberbatch parece ser um cara todo centrado e sério (e britânico), mas também passa por essas pegadinhas do nosso dia-a-dia.

Loja  é um perigo. A última vez que fui comprar roupa, precisava de uma blusa para uma reunião de trabalho. A moça me falou de uma promoção, me fez experimentar uma calça para eu ver melhor o efeito da blusa, e depois ficou falando que a calça tinha ficado linda em mim. Resultado: saí com 3 blusas e 1 calça. 

Além dos vendedores, as lojas tem suas liquidações, seus "compre 3 e pague 2" e por aí vai. Nossos olhos brilham com a oportunidade (palavra preferida da Lud) e achamos que estamos tirando a maior vantagem. O problema é que acabamos levando muitas coisas desnecessárias.

Quando a gente vai desapegar, sempre acha uns produtos que não faz ideia por que comprou, e pode reparar que os motivos muitas vezes são esses: vendedores bons e promoções.

Eu sempre conto o caso de quando eu comprei meu blu ray player e, num impulso para fazer melhor proveito dele, entrei em uma promoção do submarino de 10 blu rays por não sei quantos reais. Eu escolhi uns 5 que eu gostava, mas forcei tanto a barra pra comprar os 10 que acabei com os 3 "A Era do Gelo", que são uns filmes que eu não vejo nem quando estão passando na TV. 

Gosto de acreditar que hoje sou mais sábia. E estou mais atenta.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O conforto dos ambientes minimalistas

Na grande maioria das vezes, estamos ficando em casas/apartamentos alugados. Isso quer dizer que já passamos por um monte de lares, dos mais enfeitados aos mais minimalistas. E olha, estamos preferindo esses últimos. 

Exemplos reais: em Lyon, quase todas as superfícies eram cobertas por objetos. O apê era bacana e colorido, mas dava um cansaço visual! Não era muito fácil achar as coisas (efeito "Onde está o Wally"). E foi uns dos lugares mais empoeirados em que a gente ficou (como é que passa um paninho úmido para tirar a poeira se o dono não jogava nada fora, nunca?). 

Na cozinha, um monte de utensílios ficava à vista. À direita, a mesinha e a estante estavam cobertos de caixinhas, vidrinhos, garrafinhas...
Na sala, a gente tinha que mover as bonequinhas pra sentar no sofá.
E levantar um livro da mesinha de centro gerava uma nuvem de poeira.
O banheiro era decorado de cima a baixo.
Até na maçaneta do box tinha uma coisinha pendurada. 
Em Berlim (onde estamos agora), o apê é tipo loft: a cozinha e o banheiro são separados, mas o espaço principal não tem paredes. Ele é menor, em metros quadrados, do que o apartamento de Lyon, mas parece ser maior.

Sala + copa + quarto (a cama ficou fora da foto).
O espaço livre e as cores neutras são muito relaxantes.


A cozinha pode ter menos personalidade, mas é muito mais funcional.
E mais fácil de manter limpa, claro.
Banheiro branquinho, uma alegria para os olhos.
A casinha atual é minimalista E acolhedora: o sofá é uma delícia, a cama é macia, as cadeiras são ergonômicas. Seus charmes são discretos: aparecem nas texturas interessantes, nas linhas retas, na iluminação por controle remoto.

Eu adoro imagens e cores, mas esse ambiente me fez pensar que, talvez, num mundo no qual nossos sentidos são bombardeados o tempo todo, um lar no qual escapamos de todas as poluições (ambiental, sonora, visual) é que seja o máximo do luxo.

(Fotos do site www.airbnb.com.)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Trocando coisas pela internet

Fui convidada para participar de um grupo de trocas no Facebook. Funciona assim: a pessoa cadastra um álbum com as coisas que ela quer trocar. Os outros olham e comentam no que eles gostaram. As pessoas negociam entre si, trocam endereços e se enviam os produtos pelo correio ou de qualquer outra forma que elas combinarem.

Quando vi aquele tanto de coisa legal, fiquei empolgada e saí trocando um tanto de coisas. Depois de um tempo, comecei a ver os problemas:

1. Fica muito caro enviar objetos pelo correio. Livro é mais barato, porque você pode enviar por registro módico e pagar uns 5 reais cada. Outras coisas (roupas, sapatos, cosméticos) saem por volta de 15 reais (ou mais).

2. Não dá para experimentar roupas e sapatos. Se você troca algo e não serve, incomoda ou ficar ruim em você, não tem muito o que possa ser feito. Claro que você pode trocar a coisa por outra no próprio grupo, mas isso vai envolver mais gastos e idas ao correio.

3. Infelizmente, nem todo mundo é confiável. Aconteceu comigo de receber algo em péssimas condições, o que ficou disfarçado na foto que a pessoa tinha colocado no grupo.

Por causa desses motivos, eu desanimei. Trocar livros pode até ser uma boa. Gasta-se menos com correio e não tem um risco tão alto de vir algo diferente do esperado. Mas estou em um momento de me desapegar dos livros físicos e focar cada vez mais nos digitais.

No geral, as trocas pela internet parece mais interessante do que é de verdade. Eu até troquei umas coisas legais, mas preferi mil vezes as trocas ao vivo. Mas não desanimei. Ainda vou buscar outros formatos. A ideia é muito boa!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sugestão de guarda-roupa básico

A Simone deixou um comentário a respeito da dificuldade de ser minimalista no guarda-roupa quando o peso da gente fica variando.  É complicado se livrar de uma roupa boa que não serve, mas que pode servir dali a pouco. Porque a solução não é sermos todas ricas e comprarmos peças novas toda vez que mudarmos de número de roupa - rola um desperdício aí, sem falar no tempo que a gente ia gastar "no comércio", como diz a minha mãe.

Só que, pensando bem, concluí que o minimalismo é ótimo para quem fica ganhando ou perdendo quilos também:

1) se a gente tem pouca roupa, não é tão complicado guardar em um cantinho algumas pecinhas básicas, confortáveis, de boa qualidade, que a gente gosta e que não estão servindo. Atenção para o algumas, né? Não estamos falando de pilhas.

2) se a gente tem poucas peças, vai usá-las muito, sempre. Elas vão se desgastar. Vamos precisar trocá-las (uma vez por ano, talvez?). E aí vamos comprar outras, do tamanho que a gente está usando no momento.

Mas aí digamos que a pessoa, como a Simone, goste de moda, curta seu guarda-roupa e não queira (ou não possa!) viver de calça jeans e camiseta, como eu. Nesse caso, eu teria um a sugestão: um guarda-roupa basiquíssimo, muito neutro, que possa ser recomposto sem individar ninguém + acessórios, que funcionam independentemente do peso da gente (eu morro de preguiça de acessórios, mas eu tenho vivido de calça jeans e camiseta. Relevem).

Do blog theviviennefiles.blogspot.de
A seleção acima é do blog The Vivienne Files. É o que ela chama de "common wardrobe" (que eu traduziria como guarda-roupa mínimo denominador comum) e a manha é que, em cima dessas peças neutras e simples, ela põe acentos de cor e estilo.

theviviennefiles.blogspot.de

theviviennefiles.blogspot.de

theviviennefiles.blogspot.de
Achei prático.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trocando coisas

Estou descobrindo que trocar é uma maneira excelente de praticar tanto o desapego quanto a economia. Sabe aquelas coisas que você tem porque ganhou ou comprou por impulso, mas não usa? Ou então aquelas roupas das quais já enjoou, ou livros que não vai ler de novo? Então... 

Combinei com as minhas primas da gente se encontrar pra trocar esse tipo de coisa. Levamos roupas, sapatos, livros, DVDs, brincos, colares, cosméticos... Chegando lá, tentamos pensar em regras, mas ia demorar tanto que preferimos jogar tudo pela sala e cada uma ia pegando o que quisesse. 

Funcionou muito bem. Renovei meu guarda-roupa e agora tenho livros novos para ler.

Eu no meio das minhas primas, com algumas das coisas
para troca (tinha mais no chão).
O bom de trocar para quem já atingiu um nível reduzido de objetos (não que eu tenha chegado lá em todos os aspectos) é que a gente pode abrir mão de coisas sem ter que comprar outras no lugar.

Eu andei testando outra modalidade de troca: pela internet. Depois eu conto como foi.