sábado, 29 de junho de 2013

As liquidações francesas e um pouco de prazer

Na quarta-feira começou a temporada de soldes de verão na França. As vitrines das lojas se encheram de cartazes anunciando as liquidações e as ruas se encheram de gente espiando as lojas. Segundo vi na televisão, nos últimos meses o comércio vendeu muito pouco - e está contando com as soldes para diminuir o prejuízo.

Fiquei pensando se eu precisava de alguma coisa e só consegui concluir que não - ainda mais que ganhei roupinhas novas a pouco tempo. Cá pra nós, viver viajando e carregando as posses da gente é um poderoso incentivador do minimalismo.

Aí pulei para o segundo passo: se eu queria alguma coisa. Nem só de pão vive o ser humano, né? Me lembrei que a L'Occitane tem uma linha cujo aroma eu acho divino - gosto tanto que o sabonete Délice de Fruits que eu tenho uso para perfumar a mala. Se aqui na França a marca já é mais barata do que no Brasil, imaginei que, com as soldes...

Fui bisbilhotar o site e descobri dois produtos que muito me agradaram: uma vela perfumada (que eu ando querendo para dar uma sensação de "casa" nos diferentes lugares que eu me hospedo) e um sabonete líquido (tomaram o nosso em um aeroporto e passamos a usar sabonete mesmo). E o melhor: pela metade do preço!

15 euros de felicidade

Hoje de manhã fui à loja e comprei. Tô feliz da vida.

Acho que eles vão durar até a próxima liquidação.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Frutas, castanhas e chás

Ano passado, eu descobri que estava com gastrite. Em seguida, um exame de sangue apontou colesterol alto. Além de controlar o stress (a gastrite era nervosa), passei a ter que controlar a minha alimentação.

Eu sempre comi mais ou menos bem, e nunca estive muito acima do peso, então eu não tinha muita coisa para mudar. Além de que eu já praticava esportes. Fui então a uma nutróloga para tentar descobrir o que eu podia fazer.

Eu sou meio preguiçosa para cozinhar, e antigamente não tinha tempo para isso, então busquei alternativas fáceis de preparar. Como vocês já podem imaginar pelo título do post, eis as minhas melhores descobertas:

Frutas. Eu sempre comi frutas, mas aumentei muito a frequência. Descobri que são o melhor lanche entre refeições. O bom é que há grande variedade de consistências, sabores e texturas. Banana, mamão, pera, goiaba, uva, ameixa, pêssego e nectarina são minhas preferidas. E todas prontinhas para comer. Não tem que cozinhar, picar, nada! E ainda matam a vontade de doce.

Castanhas. São ricas em colesterol bom, que previne a ação do ruim. Minha médica me recomendou comer todo dia, mas em pouca quantidade porque são calóricas. Adoro! Avelãs, pistaches, castanhas de caju e do pará, amêndoas e baru. Uma boa ideia é misturar com frutas secas. Vira um petisco delicioso.

Chás. No meio da tarde é uma delícia pra quebrar o dia, distrair. Antes de dormir, é bom para acalmar e esquentar o corpo. Adoro o cheiro, o calor e experimentar diferentes sabores.

Coisas que eu comia antes e ela me falou pra cortar: barrinha de cereal (muita gordura), bolachas e biscoitos (mesmo integral, também muita gordura), refrigerante diet (tudo de ruim no mundo) e sucos em pó (muito sódio). Viram o post da Lud?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

As limitações dos aparelhos de leitura digital

Eu tô cansada de falar que eu sou fã de carteirinha de leitores digitais (aqueles aparelhinhos cuja função única é reproduzir a palavra escrita. Não confundir com tablets/computadores/netbooks, que até quebram o galho da leitura, mas que não são a mesma coisa).

Acho que a maneira mais contundente de elogiar o kindle é dizer que, depois de adquiri-lo no fim de 2011, eu, que sempre li muito, passei a ler mais ainda.

Mas, embora eu ache os leitores digitais a oitava maravilha do mundo (a leveza! a durabilidade da bateria! o tanto de livros que eles comportam! a possibilidade de alterar o tamanho da letra e o intervalo entre as linhas!), eles não são perfeitos. E o problema não está nem neles, mas nos livros disponíveis em edição digital.

De um lado, temos vários sites (como o Gutenberg), que oferecem, gratuitamente, milhares de obras, em várias línguas, em formato digital. São livros cujos direitos autorais já venceram e, portanto, podem circular livremente. Geralmente, são obras clássicas, consagradas pelo público e/ou crítica.

Por outro, temos as versões digitais que a Amazon (no caso do kindle) e outras editoras colocam no mercado. Ou seja, um montão de lançamentos e, de vez em quando, no caso de autores que vendem muito, as obras passadas deles.

O resultado é um grande vácuo digital entre livros antigos e livros novíssimos. Ou seja, se você tem um grande interesse em obras publicadas no século XX que não foram best-sellers, provavelmente vai ter de correr atrás da versão em papel mesmo.

Aqui na França, ando com uma listinha de autores a buscar em feiras e sebos: Elisabeth Badinter (feminismo), Régine Pernoud e Alain-Gilles Minella (história), Maurice Druon (literatura)... todos eles têm alguma obra em versão digital, mas não todas. A coleção Os Reis Malditos, do Druon, está disponível pra kindle na tradução inglesa, mas não no original francês. Afe.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Programas minimalistas: jogos

Estava reparando que gastamos muito dinheiro com programas sociais. A gente quer encontrar nossos amigos, família, colegas etc. Para isso, quase todas as vezes combinamos programas que giram ao redor de comida e/ou bebida. E bares e restaurantes são caros. Cozinhar em casa dá muito trabalho. Pensei então em mudar a própria dinâmica dos encontros.

Além daquelas ideias que eu dei milhares de anos atrás, no início no blog, pensei que uma ideia muito legal de programa para encontrar e se divertir com amigos e família é jogos.

É um programa muito legal. Tem desde jogos de carta (buraco, truco, pôquer etc.), mímica (de filme ou baseado naquelas cartinhas do imagem & ação), jogos de tabuleiro (war, perfil, master), dicionário...

Como as pessoas vão estar jogando e se divertindo, as bebidas e as comidas não serão tão importantes. É um programa que pode ser feito em casa, com pouco dinheiro, pouca bagunça.

sábado, 22 de junho de 2013

Como renovar seu guarda-roupa sem gastar nem um tostão

Com presentes e escambos, ora.

De presente de aniversário, pedi para a irmã I. umas camisetas, porque as minhas estavam velhinhas. Nós saímos juntas para comprar e eu ganhei não só as camisetas como dois pulôveres (eu não arruinei minha irmã: os pulôveres estavam em promoção, porque o calor demorou para chegar, mas chegou).

Aí aproveitei para perguntar se ela não tinha uma calça larguinha que ela não estivesse usando mais. Não ela que ela tinha?

(Obs: a irmã I. é 8 anos mais nova que eu, mas isso nunca nos impediu de trocar peças. Não, eu não sei o que isso quer dizer a respeito do meu gosto, ou do dela.)

Trocamos um jeans e um short, sendo que o short já tem data para ser devolvido: fim do mês.

A emoção das roupas novas não me fez esquecer o lema "Entra um, sai um": para cada peça, tirei da mala uma equivalente. Ainda não dei fim nelas porque não sei se na Alemanha existe um lugar para doar ou o jeito é botar no lixo mesmo. Assim que eu descobrir, despacho.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sobre o transporte público

O aumento no preço da passagem de ônibus na cidade de São Paulo deu início a uma onda de protestos em todo o país. Não só o preço do transporte público no Brasil é absurdamente alto, mas a qualidade é horrível. Prometeram que iam melhorar esse cenário para a Copa, mas nada (ou quase) saiu do papel.

O modelo baseado prioritariamente em ônibus não funciona para grandes cidades. Gera engarrafamentos e é afetado por eles. Mas metrô é caro e demora para fazer, então não é atraente para os políticos. Em Belo Horizonte, uma das maiores cidades do país, tem UMA linha de metrô, com tecnologia do século passado, que fica sempre lotada.

O transporte por ônibus, pelo menos aqui em BH (mas suspeitos que seja assim no resto do país também), é de péssima qualidade. As informações sobre as linhas e sobre como ir de um lugar a outro são mínimas e difíceis de entender. Eu moro aqui há 25 anos e toda vez que preciso ir pra algum lugar de ônibus, é uma luta tentar descobrir qual linha pegar (ainda bem que existe o google maps). Sem contar que não há integração, então na maioria dos casos eu tenho que pegar um ônibus até o centro da cidade (onde passam quase todos os ônibus) e outro de lá até o destino final, pagando duas passagens.

Os ônibus não têm hora pra passar, demoram pra caramba pra chegar no destino, estão sempre lotados e ainda são caros. Realmente fica difícil depender deles. Mesmo para quem tem baixa renda, vale mais a pena dividir em mil vezes e comprar um carro (coisa que o governo incentiva) do que depender de ônibus. Só que  aí é trânsito, poluição e tudo aquilo que a gente já comentou aqui.

A cidade em que eu gostaria de morar daria prioridade para o transporte público. Para isso, é preciso investir em metrô, em informação e mexer no lucro das empresas que monopolizam e faturam milhões com as concessões atualmente. Estou torcendo (e manifestando).

terça-feira, 18 de junho de 2013

Açúcar, sal, gordura

Tô lendo um livro interessante no Kindle: Açúcar, Sal, Gordura: como os gigantes da indústria alimentícia nos pegaram (Sugar Salt Fat: How the Food Giants Hooked Us), do Michael Moss.

O livro fala sobre a realidade americana, mas tem dados que eu posso aproveitar, já que muitos produtos são mundiais (batatas chips, sorvetes, biscoitos, pizzas congeladas). Em suma, o autor explica que as empresas de alimentos estão aí pra vender, e que a melhor maneira de vender é fazer comidinhas que têm gosto bom. E que quanto mais açúcar, sal e gordura, melhor é o gosto!

Não é achômetro: eles têm laboratórios e cientistas e fazem testes de sabor. E descobriram que as pessoas gostam de coisas doces, mas chega um ponto de doçura que elas deixam de gostar. Já com a gordura não é assim: as pessoas gostam de mais gordura, sempre! E se você mistura gordura E açúcar, as pessoas tem impressão que tem menos gordura na comida. Aí já viu, né?

Quanto ao sal, as crianças não nascem gostando (ao contrário do açúcar e da gordura). Mas, se você começar a dar sal para os bebês a partir dos seis meses, eles começam a gostar. E, gradativamente, vão aceitando (e querendo) cada vez mais sal nos alimentos.

Em suma, comidinhas industrializadas são feitas pra você querer comer mais e mais. E, se no Brasil já faz anos que a legislação comanda que os alimentos processados todos venham com lista de ingredientes, calorias, quantidade de açúcar, gordura, sódio e fibras, isso não é verdade para os Estados Unidos e para a Europa. Então, mesmo que a pessoa queira fazer escolhas informadas e conscientes a respeito do que ela está comendo, muitas vezes não dá.

Eu e o Leo ganhamos uns quilinhos nos últimos meses, mesmo caminhando loucamente para lá e para cá. Foi porque comemos mais do que estávamos acostumados, claro. E muita coisa industrializada, que já está pronta pra consumir e é tão fácil de comprar, né? Em retrospectiva, lembro que esses produtos de fato são tão gostosos que a gente perde um pouco a noção da hora de parar.

Tem solução, é claro: comer o menos processado possível. Quanto menos industrializado o alimento, melhor - menos conservantes, menos dificuldade para avaliar o que é fome e o que é vontade de comer (eu nunca terminei uma maçã e corri para pegar outra. Ou devorei meio pacote de pão de forma integral).

Dá um pouco mais de trabalho, é verdade: se eu não sair de casa com uma fruta na mochila, não é no aeroporto que eu vou encontrar. Lá vai ter redes de fast food e lojinhas vendendo chocolate, biscoitos e refrigerante. Também não quer dizer que eu não vou comer mais os processados - mas vou comer menos, e com consciência que um pacote tem várias porções. Também vamos tentar cozinhar em casa a partir dos ingredientes, em vez de pratos prontos congelados - a não ser que eles sejam Picard!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

A tecnologia e as trocas

Acredito que compartilhar e trocar sejam ótimas maneiras de aproveitar melhor os recursos e também de consumir e acumular menos. Eu recebi dois links que mostram que o pessoal da tecnologia está começando a perceber isso.


Eu baixei o aplicativo, mas não tenho nenhum amigo ainda. A ideia é que a gente cadastre objetos que deseja trocar e faça ofertas pelos objetos que os amigos cadastram. Vou conhecer melhor, experimentar e volto para contar. 


Eles criaram um portal no qual divulgam sites e locais que oferecem trocas, além de dicas para consumo colaborativo. A ideia é boa, mas eu não achei nada que fizesse muito sentido para mim. Acho que é mais voltado para São Paulo, talvez. 

De qualquer maneira, eu prefiro a ideia das pessoas trocarem entre si do que fazerem isso por meio de uma empresa. Por exemplo, eu já tentei trocar meus livros em sebos e não valeu a pena. É tão pouco vantajoso que eu prefiro doar para escolas e ficar sem novos para ler.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Não deixe para amanhã

Meus pais vieram visitar minha irmã que mora em Frankfurt e passaram duas semanas com a gente viajando pelo interior da França. Eles estão em boa forma, mas não são mais jovenzinhos. Em outras palavras, se cansam mais rápido do que a gente e sentem mais falta de refeições mais ou menos no horário.

Isso reafirmou nosso palpite de que partimos para o nosso sabático na hora certa. A ideia inicial era juntar dinheiro e se aposentar mais cedo, lá pelos cinquenta anos, e aí sair viajando. Só que nos demos conta de que provavelmente não teríamos, aos cinquenta, a saúde e boa-vontade que temos agora (de ficar em apartamentos no quarto andar sem elevador, passar a noite em trens, se hospedar em albergues).

É claro que o projeto original seria melhor para nossas economias e nossas carreiras. Mas, adiando objetivos, é possível que surjam novos obstáculos. No nosso caso, poderiam ser problemas de saúde, dificuldades de locomoção, desvalorização exagerada do real e até o fim da União Europeia (que ia dificultar nossa vida de pipocar de lá pra cá).

Em suma: ficar esperando o cenário ideal para realizar sonhos pode garantir que eles nunca sejam realizados. Talvez o ideal seja se contentar com uns 70% de condições favoráveis - e aí correr pro abraço.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Desapegando das tralhas no carro

O carro é um local típico para acúmulo de lixo, papel, revistas velhas e outras pequenas tranqueiras.

O banco do passageiro, o porta luvas, o porta malas e demais compartimentos convidam a gente a deixar coisas lá. Folhetos, revistas, embalagem de produtos e comidas, CDs de música. Blusas de frio, chinelo, sapato, panos. Como tinha coisa espalhada pelo meu carro! Fui levar para a revisão e aproveitei para dar uma limpeza geral.

Como costumo fazer, tirei tudo para fora, joguei algumas coisas fora e tirei fotos.


Vejam que eu tinha 3 controles de portão. 2 eu ainda uso. 1 já nem funciona mais. Foi para o lixo. Os potinhos de cheiros e produtos de limpeza também foram eliminados. Fiquei só com o de limpar o painel. Ele já tem um cheirinho. Dos dois panos, fiquei com um só, a flanela. Quanto aos CDs, tirei da caixinhas e coloquei todos naquele porta CDs que aparece na foto.

No meio da bagunça, tinha ainda um bloquinho de faixa azul de 2011. É...

No chão do banco traseiro tinham um jornal velho, uns dois folhetos de propaganda e uma garrafinha de água vazia. Foi tudo para o lixo.

Agora a tarefa é cuidar para não começar a acumular de novo.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Presentes de grego

Presentear é um assunto delicado. Às vezes, a pessoa dá presentes para mostrar poder econômico, não  para agradar a vítima o presenteado. Outras vezes, é obrigação - como no trabalho ou no prédio, quando há o hábito de trocar lembranças em certas datas. E também tem que dê presentes que não têm nada a ver com a pessoa, mas com o que ela acha que a pessoa tem que ser.

O minimalismo tem me feito pensar no objetivo dos gestos. A minha conclusão é que a finalidade do presente é deixar o presenteado feliz, ponto. Então, passei a me preocupar em dar aos entes queridos objetos que sejam úteis ou adoráveis - úteis ou adoráveis na concepção da pessoa, não na minha.

É mais difícil do que parece. Eu uso peças básicas em cores sóbrias, que são fáceis de combinar e manter. Minha mãe, cheia de boas intenções, veio do Brasil e me trouxe de presente um macacão (!) estampado (!!) com um detalhe de metal dourado (!!!). Difícil imaginar uma peça mais distante do meu gosto e das minhas necessidades.

Então, o que eu faço? Eu pergunto para as pessoas o que elas precisam ou desejam ou ambicionam. Simples assim. E se elas querem o negocinho vermelho, eu não compro o negocinho cinza porque eu acho mais bonito. Eu me lembro: o objetivo do presente é deixar feliz... o presenteado.

Cavalo de Tróia, o presente de grego original

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Não temos tempo

Agora que estou com tempo, enquanto não começo a procurar outro trabalho, estou cuidando eu mesma de alguns detalhes da minha vida que costumava terceirizar, como falei no último post. É uma sensação de tomar a própria vida nas mãos que eu não esperava sentir.

O problema é que não é possível conciliar fazer isso tudo e trabalhar ao mesmo tempo. Pode até ser, mas aí não dá tempo de ter amigos, vida social, praticar atividade física, dormir, essas outras coisinhas importantes.

Eu já sentia isso, mas agora estou percebendo mais claramente como o ritmo de trabalho atual não é nada saudável, como a gente acaba alienada de vários elementos da nossa vida... Das pessoas, do que comemos, do lugar em que vivemos.

A gente corre o tempo todo e faz um tanto de coisa sem a atenção necessária, o cuidado, sem perceber direito o que estamos fazendo, isso sem contar quando a gente paga para alguém fazer pra gente.

Não que eu ache que todo mundo deve fazer tudo, e nem que a gente não deve trabalhar, mas que deve ser possível encontrar um equilíbrio nisso tudo. Tomara.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Gente bagulhenta? Tem em todo lugar

Eu já falei aqui no blog sobre como eu achava que os europeus, em geral, menos consumistas do que os brasileiros em relação ao vestuário. Que o povo tem um casaco de inverno só, de boa qualidade, e o usa durante anos. Que eles não ficam seguindo modinha.

Também falei que os apartamentos pequenos forçam os europeus a serem seletivos nas compras - não cabe muita coisa em casa, então o jeito é ter menos objetos.

Vamos retomar o tema? Porque eu acho que estava enganada.

A teoria sobre o bom e único casaco de inverno eu mantenho, por enquanto. Mas quanto ao consumo...

Temos ficado em vários apartamentos nesta viagem. Alguns são preparados especialmente para os viajantes: neles tem o necessário para uma estadia (roupa de cama e banho, equipamentos de cozinha) e só. Mas, algumas vezes, os apartamentos são habitados pelos donos, e eles os alugam de vez em quando para ganhar um graninha.

E aí pode ser na Irlanda, na Inglaterra ou na França: tem europeu que não joga nada fora, nunca (ou pelo menos é o que parece). Nos apartamentos habitados, a gente encontra gavetas, estantes, armários, prateleiras e mesas repletos de roupas, livros, garrafas, estátuas, revistas, cds, velas, cestas, caixas, brinquedos. Paredes - inclusive do banheiro - recobertas de quadros, pôsteres, retratos, desenhos. Em cada maçaneta tem uma guirlanda, uma enfeite ou uma sacola. Some-se a isso paredes coloridas, tapetes estampados, móveis de diversos estilos e lustres variados.

Acho engraçado e excessivo. Como passamos poucos dias em cada lugar, o bagulhismo alheio não chega a incomoda muito (só quando não há uma única superfície livre pra botar a mala. Botamos no chão, paciência). Talvez, antes de adotar o minimalismo, eu nem percebesse o exagero de objetos.

Mas hoje eu percebo e fico perplexa. Não só acho difícil relaxar em ambientes com tanta informação, como penso na dificuldade que é fazer a limpeza. Ai, o pó que se acumula em cima de tanta superfície em exposição.

O Leo diz que essa é uma preocupação que muita gente não tem. Que a nossa mania de limpeza é bem brasileira. De fato, talvez seja algo cultural. Em Portugal, ficamos em apartamentos limpíssimos; na Irlanda do Norte, encontramos os banheiros mais imaculados do mundo. Já nas casas bagulhentas, nem sempre a higiene é proporcional à acumulação.

É aquela coisa: quanto mais posses, mais tempo e esforço são necessários para manutenção e limpeza. Se a pessoa não tem tempo...
A vida do dono-de-casa.../É uma luta danada

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Faça você mesma

Agora que estou com tempo livre e com poucas entradas financeiras (só dos meus investimentos), resolvi tomar um passo lógico: fazer eu mesma algumas coisas que eu pagava para alguém fazer para mim.

Já estou fazendo meu almoço e limpando a cozinha (antes eu almoçava em restaurantes, no trabalho). Já fiz faxina também, o que consome um tempo e uma energia danada, diga-se de passagem. Meu próximo passo foi fazer minhas próprias unhas.

Eu demorei cerca de duas horas para fazer as unhas do pé. Sim. Duas horas. Ainda bem que eu estava vendo TV ao mesmo tempo ou seria muito monótono. A ideia é que eu melhore minhas habilidades com a prática e diminua esse tempo para uns 40 minutos. Ou então que eu não melhore nunca e simplesmente resolva deixar as unhas ao natural. Qualquer uma das duas coisas está bom por mim.

Meus apetrechos para fazer unha.

A mão já foi bem mais fácil. Um dos motivos é que eu resolvi deixar as cutículas. Não vou arrancá-las mais. Demorei uns 40 minutos para fazer a mão e fiquei orgulhosa do resultado.



Próxima coisa que eu farei eu mesma: lavar meu carro.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Poder cair dentro

Vou aproveitar o mote da Fê para falar mais sobre o minimalismo e mudanças de vida radicais. Tem a mudança que eu estou vivendo, claro, e que só o desapego permitiu: parar de trabalhar por três anos, vender tudo e viajar pelo mundo. No entanto, essa fase é provisória. No fim desse período, o plano é voltar ao Brasil e ao trabalho.

Aí é que a porca torce o rabo. A tentação de entrar no esquema dos amigos e da família - querer um salário sempre maior, comprar carro novo, morar em casa espaçosa, ter os equipamentos mais modernos - será grande, tenho certeza. Então é que veremos se as lições da vida simples vão continuar conosco e permitir que continuemos vivendo uma vida que faça sentido para nós.

Fácil vai ser voltar ao emprego antigo e recomeçar a "construir um patrimônio", como o povo gosta de dizer.  Mas olha, tenho toda esperança de que eu vou resistir.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Poder sair fora

Sempre falamos aqui que uma das coisas mais legais que o minimalismo e o baixo custo de vida proporcionam é a liberdade. De poder mudar de cidade, de país, de vida e de emprego. Quando a gente gasta pouco, guarda muito e tem mobilidade, temos mais poder de escolher o que queremos para a nossa vida.

Mesmo assim, não é fácil mudar de vida. Venho me debatendo com isso já há algum tempo, como contei aqui, mas não tinha dado muitos detalhes ainda. É o seguinte... Não estava feliz no meu trabalho, por vários motivos que não vem ao caso, mas sobre os quais eu não podia fazer nada. Estava tão cansada de lutar contra essa insatisfação!

Quando me vi voltando para casa chorando no volante e brigando com meu namorado por puro mau humor, percebi que algo estava muito errado. Logo depois, li também esta entrevista com a Ana Paula Padrão que me fez pensar muito. Refleti, conversei com algumas pessoas e tomei minha decisão. Pedi demissão.

Agora estou repensando o que quero para a minha vida. Enquanto isso, vou continuar com o minimalismo, com o blog, com meu processo de autoconhecimento e com meus investimentos. Vou começar a procurar outras opções de trabalho, quem saber fazer uns frilas...

Estou com um pouco de medo do desconhecido, mas muito feliz de ter saído de uma situação tão ruim e animada com as novas possibilidades. Desejem-me sorte.

Foto aleatória.

sábado, 1 de junho de 2013

Abaixo os estoques!

Eu já tive um grande amor pelos estoques. Achava ótimo ter pilhas de roupas que um dia voltariam à moda e meias e sapatos suficientes para uma centopeia, assim como armários cheios de comidinhas duráveis.

Na prática, algumas roupas eram feias mesmo (me lembro bem de uma blusa de mangas de sino, listrada de rosa e roxo. Foi presente). Alguns sapatos eram desconfortáveis demais. E volta e meia um item alimentar perdia a validade, ou eu enjoava e não queria comer mais.

Neste sabático, estamos aprendendo a viver sem estoques. Como estamos pulando de casa em casa, calculamos o que vamos precisar para aqueles dias e compramos só o necessário. Ou seja, só temos comida fresquinha na geladeira. Também tentamos editar as malas: nesta viagem ao interior da França, estamos levando uma mala pequena para os dois, já que todos os apartamentos têm máquina de lavar, e uma mochila com os eletrônicos.

Uma hora as roupas vão ficar velhas, claro. Vai ser ótimo: aí a gente compra umas novinhas.