sábado, 29 de setembro de 2012

Desapego do Açúcar e dos Adoçantes

Ao longo da vida, a gente vai se acostumando a colocar açúcar em tudo. É um hábito tão comum que nem questionamos. No máximo, quando a questão da forma física começa a pesar, trocamos açúcar por adoçante.

Adoçar é uma maneira fácil de dar sabor para os alimentos, mas o que a gente não pára pra pensar é que esse sabor do açúcar acaba escondendo todos os outros.

Já experimentou tomar chá sem açúcar? Você descobre que cada um tem um sabor diferente, erva cidreira, camomila, chá verde, hortelã... E café? Sabia que cada marca tem um sabor? E que a quantidade de pó e até o filtro fazem uma diferença danada no gosto? Suco de laranja, de abacaxi, de morango, de melancia...

E cada uma dessas coisas tem um gosto tão específico que a gente acaba nem conhecendo. Os amargos, os doces (as frutas têm açúcar na própria composição, não precisa colocar mais), os ácidos, os azedos, as combinações entre eles e até aquele típico de cada um mesmo.

No começo, a gente estranha. Mas vai por mim... Faça o teste. Vai diminuindo a quantidade de açúcar aos poucos, para não chocar demais o paladar. Depois de umas semanas, experimenta voltar pro volume que você colocava anteriormente e repara como fica melada e sem gosto a bebida.

Tenta fazer isso nos bolos, nos biscoitos e nas frutas também.

Desapegar dos açúcares é minimalista, saudável e delicioso.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Esses meus cabelos brancos

No fim de semana, o Leo contou oito lindos fios brancos na minha cabecinha. Daqui a pouco posso tirar do armário um xampu para cabelos brancos. Ele é roxo (imagino que seja para combater algum tom amarelado que queira se insinuar).

Estou alegre com a perspectiva. Já paguei muitos dinheiros no salão para enfiarem uma touca com buracos na minha cabeça e tirarem lá de dentro, com uma agulha de crochê, mechas que seriam clareadas. Agora a natureza está me dando, de graça e sem esforços, belos fios platinados. Como não ficar feliz?

Sim, isso quer dizer que não tenho a menor intenção de pintar os cabelos. Isso é muito minimalista: não gasto tinta, dinheiro e tempo, não me preocupo com raízes, não tenho de estabelecer um calendário de visitas ao salão de beleza (ou à farmácia) antes de viagens ou eventos.

E aqui tem um monte de cabelos brancos e grisalhos legais.

Ídola.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Do que vale isso daqui a 10 anos?

Uma amiga minha costumava dizer isso, meio que brincando, toda hora que a gente começava a se preocupar com alguma coisa, ficar com medo, em dúvida...

Por mais que ela estivesse brincando, é uma pergunta interessante de se fazer para colocar as coisas em perspectiva. A gente tende a exagerar na importância das nossas preocupações e isso só traz desespero e stress, nunca soluções.

O trânsito está congestionado e vou me atrasar 15 minutos... Do que vale isso daqui a 10 anos? Tenho que entregar um relatório e não vai dar tempo de revisar.... Do que vale isso daqui a 10 anos? Deixei a caneta estourar na blusa e vai manchar... Do que vale isso daqui a 10 anos?
Calma, Fernanda. É só uma mancha.

Vale a pergunta pra gente se tocar de que grande parte das nossas preocupações são supérfluas, sem impacto nenhum ou muito pequeno a longo prazo. Uma blusa manchada nem vai ser lembrada daqui a 10 anos (desde que a gente não dê para as roupas valor maior do que elas têm). 15 minutos de atraso? Desde que não seja na entrevista de emprego dos seus sonhos, idem. Relatório sem revisão? As pessoas nem vão reparar. Ou então vão, você reconhece o erro, pede desculpas e bola pra frente.

Importante lembrar ainda que preocupar não resolve nenhum problema. Então que, mesmo que a coisa tenha impacto daqui a 10 anos (como no caso do atraso na entrevista de emprego dos sonhos), você não vai deixar de se atrasar automaticamente só por se preocupar. Vale mais focar em resolver a questão. E, se não tiver solução, paciência... Afinal, do que vale isso daqui a 10 anos?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Feminismo e minimalismo

Na minha busca pelo sentido da vida, o feminismo me ajudou muito. Aprendi que não sou enfeite. Que tenho direito a todas as ambições. Que não tenho que agradar todo mundo.

E isso me abriu os olhos para uma verdade chocante: sabe o senso comum, as tradições, o discurso da mídia? Nada garante que eles estejam certos. Ou que segui-los direitinho seja receita de felicidade.

O feminismo foi a minha pílula vermelha da Matrix. Aí partir daí, comecei a questionar um monte de outras coisas. Inclusive o roteiro case-compre imóvel-tenha filho-consuma-junte patrimônio.

Casei e parei aí. E estou muito satisfeita, obrigada. Ando seguindo um caminho um pouco diferente da maioria, e é numa boa, sem drama. Porque sei que as escolhas - e as consequências - são minhas. Como me ensinou o feminismo. Ao contrário do que me disseram, não tenho que agradar todo mundo, e minha ambição maior não é fazer com que gostem de mim.


É conquistar o mundo, oras!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Minimalismo na carteira

Ser minimalista na carteira tem duas grandes vantagens. A primeira é que vamos carregar menos peso por aí, já que carteira é algo que está sempre conosco. A segunda é que, no caso de roubo ou assalto, será muito mais fácil repôr o que foi perdido.

Há um bom tempo atrás, eu fui assaltada. E me deu um trabalho danado cancelar todos os cartões, fazer segunda via de todos os documentos, foi uma chatice sem tamanho.

1. Cartões de banco. Não precisamos de mais de um. Então obviamente vai só um na carteira.

2. Documentos. Escolho um só também. Antes do assalto, eu andava com CPF, título de eleitor, identidade e carteira de motorista na carteira. A minha sorte é que os ladrões jogaram os documentos no chão e alguém entregou na delegacia, senão eu teria que ter tirado segunda via de tudo. Mas aprendi a lição. A gente não precisa andar com tudo. A carteira de motorista basta, ou apenas a identidade.

3. Cartões de visita. A gente ganha de clientes, de lojas, de amigos etc. É legal tê-los, mas a gente não precisa andar com eles. Que tal guardar os profissionais no trabalho e os pessoais em casa?

4. Notas de compras. Se for aquela do cartão que só tem o gasto total, eu nem pego. Falo pra pessoa que passou o cartão que não precisa imprimir minha via. Economiza em papel e eu fico sem ter que carregar aquilo. As que têm discriminadas as compras, eu guardo até chegar em casa e colocar as informações na minha planilha de controle de gastos, depois jogo fora.

5. A gente costuma carregar outras tralhas na carteira: um tanto de 3x4, papeizinhos onde anotamos coisas, cartão de fidelidade de uma loja ou outra. Algumas dessas coisas podem ser úteis, mas muitas acabam deixando de ser com o tempo. Então acho legal fazer uma limpa na carteira de tempos em tempos, para analisar o que fica e o que vai pro lixo.
Andar com uma carteira levinha, tendo dentro só o que realmente uso, é minimalista e muito prático.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Vestidos de festa: um curto, um longo

No ápice da minha rebeldia "não sou enfeite", decidi que eu  não precisava de muitos e variados vestidos de festas, assim como acessórios e saltos chiques. Concluí que, se muitos homens têm um único terno e um único par de sapatos festivos e trocam só a camisa e a graveta, eu podia fazer parecido.

Pensei seriamente em adotar um smoking feminino para eventos, mas desisti porque: 1) eu não tinha ideia de onde comprar um e 2) eu teria que comprar um.

Então fechei em dois vestidos pretos (uma das minhas cores preferidas, e fácil de repetir) confortáveis e um par de sapatilhas pretas. O longo é pra festas chiques, e o curto, para festas menos chiques.
Bailes de formatura, casamentos e o Oscar, quando eu for convidada
Coquetéis, aniversários e festinhas de fim de ano
Sei que daria para variar bastante com acessórios de cores diferentes, mas como não estou a fim de ter trabalho ou despesa, não uso nem bolsa: ponho meia fina preta, sapatilhas e estou pronta. Acho que botar maquiagem (que eu faço em cinco minutinhos) já é concessão suficiente às demandas sociais.

Agora que expliquei a manha, os amigos e os parentes que leem o blog podem perceber que eu uso os mesmos vestidos. Mas aposto que, até agora, eles não tinham nem ideia. Eu não lembro das roupas das pessoas da última festa a que fui - você se lembra?

sábado, 22 de setembro de 2012

Cancelando e-mails de lojas virtuais

Decisão minimalista do dia: cancelei todas as inscrições de e-mails de lojas virtuais. Todas! Sites de compras coletivas, submarino, americanas, netshoes e vários outros. Todos os sites onde eu já tinha feito compras e que me mandavam 3 vezes por dia, cada, um punhado de “promoções”.

Coloco entra aspas porque eles sempre anunciam as mesmas coisas e com os mesmo preços. Acho que eles inventam um preço mais alto fictício só pra fingir que estão dando desconto.

Além disso, é sempre chato ver a notificação de que chegou um e-mail, ir lá toda animada achando que alguém te escreveu e ser uma promoção. É chato também ter que ficar apagando esses e-mails. É chato demais também ser incentivado a comprar a toda hora e correr o risco de inventar uma necessidade e se convencer de que precisa comprar aquela coisa.

Quando eu voltei da minha última viagem, tive que apagar mais de 100 e-mails de propaganda, e ir pescando os poucos e-mails que eram realmente pra mim ali no meio. Chato, e totalmente desnecessário. 

Quando eu precisar comprar algo, muito mais fácil eu ir nos tais sites e procurar, né?

Cancelar é um botão mágico!
PS: Quem me deu essa ideia foi o namorado.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O Cadinho de Avenida Brasil e seu minimalismo forçado

Faz muito tempo que não vejo novela, mas eu e o Leo andamos acompanhando as aventuras da Nina e da Carminha desde a última vez que fomos a BH (culpa dos nossos pais, que assistem todo dia).

Nos últimos episódios, o personagem que tem três mulheres perdeu toda a fortuna (fora uma grana escondida na Suíça) e se mudou para o subúrbio. Ele está morando de favor e lavando carros para ganhar uns trocados. E está feliz da vida.

Novela é novela, eu sei. Mas é bem crível que o Cadinho esteja contente de ter se livrado do stress de trabalhar no mercado de ações, e das discussões intermináveis das três esposas, que ficavam disputando quem ganhava mais atenção e mais presentes. Por enquanto, a vida do moço só melhorou.

Podemos tirar algumas lições dos eventos, não?

1) quando você leva uma vida simples, descobre quem são seus verdadeiros amigos e quem só estava interessado no seu estilo de vida

2) é possível ser feliz de várias maneiras (na riqueza E na pobreza) e em vários lugares (na Zona Sul E no Divino)

3) ter muitos cônjuges dá muito trabalho. Mal dou conta de mimar o Leo devidamente - imagina se eu tivesse que me ocupar de outros!

Enquanto isso, não consigo decidir se torço para a Nina ficar com o Jorginho ou com o Tufão.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Inventando necessidades

Dia desses fui ao shopping acompanhar o namorado, que precisava comprar um sapato. Chegando lá, já fui pensando em aproveitar a viagem e me perguntando: "Será que eu não estou precisando de alguma coisa não?".

Impressionante como, mesmo sabendo das armadilhas do consumismo, ele me pega desprevenida às vezes. E que lugar melhor do que um shopping pra isso.

Já estava pensando que aquele meu tênis de corrida está meio velho, e quem sabe não acho um novo em promoção e... Epa! Não. Eu não preciso de um tênis novo e nem de nada mais. Se eu realmente precisasse de algo, eu saberia. Eu não precisaria tentar lembrar.

Fiquei lembrando então das minhas aulas de publicidade (acabei optando depois pelo jornalismo) e de como eles falavam em criar necessidade. E eu fico pensando em como eles são bons, porque mesmo eu sabendo que eles estão inventando necessidades, eu mesma acredito. Ai ai...

E promoções, então? A gente fica super feliz achando que se deu bem, e quem se deu bem na verdade foi o cara que está vendendo, porque eu comprei algo que não preciso e que não compraria, só porque estava um pouco mais barato.

Tem coisas que a gente realmente tem necessidade de comprar, mas é importante não nos enganar, tentando racionalizar de alguma maneira (o meu antigo está velho, está na promoção então na verdade eu estou é economizando, estou investindo em mim etc.). A nossa capacidade de justificar para nós mesmos é um dos nossos maiores inimigos, viu?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Minimalismo no guarda-roupa

Resolvi começar a redução de posses pelo guarda-roupa, porque todas as decisões finais nessa área são minhas (ao contrário do resto da casa, que também é do maridinho).

Li um monte de sites e blogs sobre guarda-roupas mínimos e pus mãos à obra. O desafio: manter só as peças essenciais. Só que eu tinha muita roupa, né? (Não sou de comprar muito, mas não jogava nada fora, nunca.) Achei que ia dar um trabalho danado. E não sabia se esse tal de minimalismo ia dar certo.

Então fui fazendo um desapego em camadas: passando o olho em todas as gavetas e cabides e tirando tudo que saltasse aos olhos que estava velhinho/do tamanho errado/sem uso.

Enchi uma mala. E levei para minha mãe, que sempre tem para quem doar.

No fim de semana seguinte, fiz outra rapa. Experimentei um monte de coisa. E tudo que incomodava, estava apertado ou largo ou feio foi embora. Dessa vez, doei uma sacola cheia para a igreja perto de casa.

Uns dias depois, percebi que não tinha sentido falta nem precisado de nada que tinha doado. Continuei me desfazendo das roupas. E continuo sem sentir falta, mesmo hoje, com o guarda-roupa muito mais reduzido (duas portas de armário e quatro gavetas para mim E para o Leo).

Tem truque? Tem.

O truque é não dar às roupas mais significado do que elas têm. Eu não sou o que eu visto. Eu sou o que eu sou (viajenta, pão-dura, chocólatra, curiosa) e não os que as roupas dizem que eu sou.

Eu sei, eu sei. Tem um monte de programas, revistas e lojas jurando justamente o contrário. Que se vestir de um jeito assim ou assado é essencial para você se exprimir.

Faz até sentido se você se veste como uma tribo específica. Aí roupa/acessórios/maquiagem é uma maneira de se expressar e de reconhecer os seus iguais. Mas se não, você está só exprimindo o fato de que compra e usa o que a moda diz pra você comprar e usar. E a moda não tem coerência interna nenhuma: um dia ela te fala pra botar caveira, outro dia ela te diz pra botar flor.



Quer seguir tendência? Segue. Mas não fica achando que tá explorando seu eu interior, não.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Desapegando das redes sociais

Acompanhar as redes sociais se tornou um hábito tão comum que a gente nem se dá conta do tempo enorme que gasta com isso. Eu só fui perceber alguns dias atrás.

Explicando: assim que resolvi começar a focar em cada coisa de uma vez, uma das regras que me impus foi só olhar e-mails e redes sociais entre tarefas, nunca no meio de uma.

Depois de ficar duas horas escrevendo e produzindo um bocado, ia conferir as redes sociais. E aí, com o tempo de acesso a elas condensado e não espalhado ao longo do meu dia, reparei que eu gastava muuuito tempo com isso. Eu podia ficar uma hora no twitter (lendo não só o twitter, mas os links que eu pegava lá). Só na parte da manhã. É muita coisa.

Acredito que as redes sociais são importantes sim e eu acho muita informação boa lá. Mas tendo um tempo limitado para acessá-las, comecei a perceber o que era mais importante pra mim e o que só ocupava espaço de tempo.

Mais ou menos o mesmo que aconteceu com meu armário minúsculo e as coisas que tive que jogar fora e doar. Joguei algumas informações (e perfis) fora.

Acho que é importante, neste momento, definir o que a gente quer com a rede social. Por exemplo, no twitter, a gente quer saber o que todo mundo está fazendo, quer seguir uns perfis engraçados pra descontrair ou quer centralizar notícias? A gente quer, no facebook, manter contato com amigos, receber mensagens religiosas, participar de promoções ou o quê? Nada de errado com nenhuma das opções, mas é bom observar e refletir sobre o que a gente quer das coisas, e não ficar reagindo passivamente.

Tudo questão de focar no essencial.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Tamanho não é documento

Sempre morei em apartamentos grandinhos, já que, entre pais e irmãs, éramos cinco. Quando casei, marido e eu achamos muito natural alugarmos um apartamento de quatro quartos (e três banheiros!), embora fôssemos só dois. Quando nos mudamos para a Brasília, o aluguel aumentou e número de espaços caiu: passamos para três quartos e dois banheiros. E continuamos sendo dois.

Isso significa que havia dois quartos na casa que a gente praticamente não usava. Um era um quarto de hóspedes; outro era um escritório. Eles serviam basicamente para guardar livros (pilhas e pilhas de livros: em estantes, em armários, em gavetas), revistas, documentos, roupas. De dois em dois meses, aparecia uma visita -só que estavam cada vez mais raras. Quanto ao escritório, o que ele tinha de mais útil era uma gaveta trancada na qual mantínhamos passaportes e diplomas.

Depois que comecei a minimalizar, me dei conta como o espaço era mal-utilizado. Esse é um dos problemas de possuir coisas: você precisa de lugar para guardá-los. Se não tivéssemos tantos objetos, poderíamos viver em um apartamento menor. E mais barato.

Foi o que aconteceu. Fizemos uma venda de garagem e despachamos uma montanha de coisas que a gente não usava. Aí pudemos procurar outro lugar para morar.

Não foi do dia para a noite que me acostumei com a ideia. A gente está acostumado a alugar/comprar a maior casa que podemos pagar, né? Mas acho que dá pra ser feliz em espaços menores. Vejam aqui um monte de lares pequetitos, funcionais e adoráveis.

O nosso apê é um ovo. Até na cor.

sábado, 15 de setembro de 2012

Investimento é diferente de gasto

Tem mais de um ano que sou investidora. Explicando: resolvi usar o dinheiro que iria gastar comprando um apartamento investindo em renda fixa, imóveis e ações. Tem sido um caminho muito interessante, cheio de quedas e erros, mas que já vem mostrando uns bons resultados e trazendo muitos aprendizados.

Por exemplo, a gente tende a achar que investir é sinônimo de um "gasto bom". Seguindo essa lógica, pagar conta de luz é gasto, mas comprar uma roupa ou um celular novo é investir em si mesmo. Não é. 

Investir é colocar seu dinheiro em algo que vai trazer mais dinheiro diretamente. É o que se chama de ativo, na contabilidade. O ativo gera dinheiro, o passivo consome dinheiro. Por exemplo, se você comprar um apartamento pra morar, não é um investimento (veja uma matéria ótima sobre o assunto aqui). Você vai gastar com ele (IPTU, condomínio, manutenção etc. etc.) e não ganhar dinheiro. Muita gente até vende o apartamento, mas geralmente é pra comprar um melhor, mais bem localizado ou maior ainda, e geralmente mais caro. Então você não vai ganhar dinheiro com isso.

Mas, se você comprar um apartamento pra vender quando ele valorizar, é um investimento. Pode ser até um investimento ruim, se ele não valorizar (leia aqui), mas, se ele foi comprado com esse objetivo, é um investimento.

Por mais que comprar um celular, um carro ou uma roupa vá te fazer se sentir bem, facilitar sua vida, trazer mil vantagens quaisquer, não vai te gerar retorno financeiro. Então não é investimento.

É interessante saber a diferença para não se enganar, para não justificar para si mesmo gastos superflúos.

Gastos são necessários. Aliás, a gente investe justamente pra ter mais dinheiro no futuro para gastar. Não tem como evitar todos os gastos também. Alguns, na verdade, são até bons de se ter, como diz a Lud aqui.

O problema é se enganar. E se você, como eu e a Lud, busca liberdade, minimalismo e independência financeira, é importante gastar menos e investir mais.

Esqueminha "lindo" que eu fiz no powerpoint.
O primeiro  representa investimento. O segundo, gasto.


PS: Post interessante que fala sobre o mesmo assunto aqui.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Decoração minimalista

Tem gente que acha que uma casa minimalista tem de ser meio vazia e toda decorada em preto, branco e ângulos retos. Faz até sentido, já que, na origem, o minimalismo era um movimento cujo objetivo era chegar à identidade essencial na arte, no design e na música, eliminando tudo que fosse supérfluo.

Foto daqui
Eu, particularmente, acho esse estilo muito besta meio árido. Gosto da ideia de evitar encher a casa de bibelôs, mas sou fã de cor e de texturas. Se vamos diminuir a quantidade de objetos no ambiente, rola de enfeitar as paredes, o que não ocupa espaço e dá uma graça.

(Eu sou fã da fita dupla-face pra grudar gravuras, quadros e tapeçarias sem usar pregos e fazer furos, mas no novo apê não funcionou: o reboco e a pintura são de qualidade duvidosa, e o resultado é que não deu pra reposicionar a fita sem arrancar pedaços da parede. Então sugiro que as pessoas testem em um pedacinho discreto - tipo atrás do armário - se a fita dupla-face vai funcionar, em vez de pregarem uma grande gravura em cima da cama e acordarem com ela caindo em suas cabeças (Abracurcix feelings) e deixando na parede um rastro de destruição.)

As minhas paredes são enfeitadas. Com gravuras...


... e com papel contact!

Ok,  minha casa tem muito preto-e-branco. Mas a culpa não é minha. É da horrenda tinta  cinza-formulário com que pintaram as paredes e que não combina com mais nada!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Viver abaixo de seus meios: o caminho do liberdade

Já ouviram falar de "inflação de estilo de vida"? É assim: sua renda cresce (porque você ganhou um aumento, uma herança ou teve bons resultados em investimentos) e você passa a gastar mais quase automaticamente.

Isso não é necessariamente ruim, principalmente se você passa de renda nenhuma para alguma renda. Mas conheço um monte de gente que acha que torrar tudo o que entra no banco é praticamente uma obrigação.

Sou muitíssimo a favor de usar nossa renda em saúde, segurança e conforto. Mas percebo que existe uma cultura do "gastar por gastar". Tem dinheiro? Então vamos consumir!

É muito bom viver abaixo dos seus meios. Primeiro porque você economiza uma grana. Segundo porque você descobre que pode ser muito feliz sem ter (insira aqui o item de consumo do momento). Terceiro porque sua vida fica flexível: se te oferecerem um emprego que paga menos mas te faz mais feliz, um apartamento pequeno no bairro dos seus sonhos, uma mudança de cidade ou de país, você pode aceitar, bem pimpão.

É simples: se você precisa de pouco, pode se arriscar.

"Precisar de pouco" não significa não ter ambição, ou se contentar com migalhas. Signfica botar a ambição a seu próprio serviço, e não a serviço do que outras pessoas acham!

Eu fico batendo nessa tecla porque acho que ela é chave da nossa felicidade (minha e do Leo). Faz tempo que a gente quer morar fora, mas sempre esbarrávamos naquela ideia de "ah, mas não vamos conseguir ganhar tão bem quanto ganhamos aqui".

Aí percebemos que a gente não precisa ganhar tão bem quanto ganha aqui.


Nós temos muita ambição: a ambição de conhecer o mundo!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Técnica para arrumar armários

Meu pequenino armário e
a pequena cômoda ao lado dele.
De tempos em tempos, eu reorganizo meu armário. Sempre fiz isso, desde antes do minimalismo entrar na minha vida. Tenho uma "suave" obsessão com organização, sabe?

Mas agora que tenho menos espaço para mais objetos e que estou procurando me desapegar do que é supérfluo, estou levando a arrumação de armários mais a sério.

Ainda sinto que tenho muito a evoluir, mas já tenho melhorando a cada dia. Vou aprendendo alguns truques. Lá vai:

1. Arrumo um compartimento (gaveta, prateleira etc.) de cada vez. Assim, gasto menos tempo e tenho ânimo para fazer essa arrumação com mais frequência. Fico mais motivada também, pois consigo me dedicar mais a cada grupo de coisas e ser mais eficiente.

Quando eu arrumava o armário todo de uma vez, lá pro meio do processo estava sem paciência e começava a guardar as coisas meio avacalhadamente. Acontecia também de dar tanto trabalho que eu ficava cheia de preguiça de arrumar outra vez.

2. Escolhido o compartimento, tiro tudo pra fora e limpo a gaveta, ou a prateleira, ou o que seja. É bom manter o lugar limpo e poder saber exatamente tudo que tem lá dentro. Limpo também, com pano úmido, os objetos que juntam poeira. No caso de roupa, sacudo pra elas pegarem um ar.

3. Junto tudo e tiro fotos. Comecei a fazer isso pro blog e adorei. Ter aquilo registrado me faz cair um pouco mais na real em relação ao volume de coisas. E expor isso na internet me faz ficar com mais vergonha de ter tanta coisa e me deixa mais motivada a diminuir o volume. Acho que é a motivação do pessoal de blog de regime que tira foto da comida, não é? Por fim, ainda é legal ter o registro pra comparar com o volume que vou ter na próxima vez que revisitar aquele compartimento.

4. Separo o que vou jogar fora: o que está estregado, que perdeu a validade e o que não pode ser doado porque ninguém vai querer (papéis velhos, por exemplo). Procuro separar o que dá pra reciclar.

5. Separo em uma sacola ou caixa o que pode ser doado.

6. Reflito sobre o que não vou comprar mais porque vou acabar não usando ou porque já tenho demais, e planejo o uso mais eficiente do que resolvi manter.

7. Guardo cada coisa de volta pensando novamente se posso doar ou jogar fora mais coisa ainda.

8. Anoto o que refleti e penso em um post a respeito.

9. Depois que eu posto aqui, leio os comentários, que sempre têm algo a acrescentar. Anoto essas dicas pra usar na próxima arrumação.

Claro que a minha técnica não deve funcionar igual receita de bolo pra todo mundo. Cada um tem suas necessidades específicas e nem todo mundo tem blog. Mas uma coisa ou outra aí de cima pode ser útil, espero ;)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Como se desfazer de sua biblioteca sem sofrer

Não dá, né, gente? Para se desfazer de seus livrinhos sem dor. Mas acho que dá pra ser com um mínimo de choro e ranger de dentes. Aqui vai o meu método (aberto a sugestões): 

Passo 1: Reflita sobre o fato de que o importante não são os objetos, mas seu significado. A essência do livro está em suas palavras, não no papel.

Passo 2: Fique sócia de uma (ou várias) bibliotecas. Quase toda empresa/clube/instituição pública/escola de idiomas tem uma. Maravilhe-se com o fato de ler livros de graça.

Passo 3: Arrume um leitor digital. A Rita gosta do iPad; eu sou fanzoca do Kindle. Maravilhe-se com a leveza, a praticidade e a quantidade de livros eletrônicos grátis disponíveis na net.

Passo 4: Devolva os livros que você pegou emprestado. Quando tentarem devolver livros que você emprestou, diga para as pessoas ficarem com eles.

Passo 5: Separe vários livros que você tem certeza que não quer reler e leve-os a um sebo. Horrorize-se com os tostões que vão lhe oferecer. Leve-os de volta pra casa, indignada. Ou aceite os tostões.

Passo 6: Separe os livros que você já releu. Doe-os a uma biblioteca/clube/instituição/escola de idiomas (especialmente se foram escolas e universidades públicas).

Passo 7: Tente vender livros em seu blog, sem sucesso. Venda um monte deles para seu próprio pai.

Passo 8: Conscientize-se de que o que faz você esperta/informada/fã da Jane Austen não é ter livros na estante, mas ter lido os livros que estão na estante.

Passo 9: Separa seus tesouros literários mais preciosos (como as coleções completas de Machado de Assis e da Jane Austen). Dê de presente para pessoas queridas na próxima data festiva. Ignore a irmã que acha isso uma biltrice.

Passo 10: Viaje com seu leitor digital. Perceba que atrasos e filas não te incomodam mais. Ao contrário: eles são a oportunidade de ler mais um capítulo. E você não precisa mais poupar o único  livro que coube na mala de mão - há outros na memória do e-reader!

Passo 11: Repita os passos 5 e 6 repetidas vezes

Passo 12: Ao visitar seus pais, enfie nas estantes deles os 5 ou 6 volumes que você realmente não suporta abrir mão.

Último passo: sorria!


 
X

sábado, 8 de setembro de 2012

Desapegando dos brindes e das coisas grátis

Sempre parece uma grande oportunidade, né? Ganhar alguma coisa sem pagar por ela. Mas, se a gente for parar pra pensar, pode não ser tão bom assim.

1. Comida. Eu costumava sempre aceitar comida grátis. Não podia ter um “aniversariantes do mês” na empresa pra eu me empaturrar de salgadinhos. Até que precisei fazer regime pra voltar a caber nas minhas roupas. Então, fui perceber que muitas vezes eu nem estava com vontade de comer. Só comia porque estava ali mesmo. Então comecei a pensar que eu podia deixar pra comer coisas engordativas quando eu estivesse com muita vontade. Porque... Sabe... Eu posso ir ali e comprar uns salgadinhos se e quando me der vontade.

Se não faz bem e nem tá tão gostoso assim, comer por quê?

 2. Amostras grátis. Eu vivia guardando aqueles sachês de shampoo, hidratante e cosméticos em geral que vinham em revistas, em outros produtos ou que ganhamos no supermercado. Mas eu nunca usava. Ficava aquilo ali ocupando espaço no meu banheiro até furar ou perder a validade ou eu encher o saco e jogar fora. Melhor não pegar, não?

3. Canetas. Devo ter umas 10 canetas que ganhei de brinde em casa. Sou dessas que toma cuidado então nunca perde caneta. Distribuí minhas canetas no trabalho. Fiquei só com duas. Não aceito mais canetas de brinde, enquanto tenho outras.

4. Revistas. Se você não vai ler, pra que aceitar? Pra ficar em casa sem ter lugar pra guardar, ou pra entrar em um armário e ficar lá dentro ocupando espaço? Se eu não tiver o interesse de ler a revista no hora, dificilmente vou ler depois. Além do que, hoje quase tudo que eu leio, o faço na internet ou no lindo do kindle.

Um assunto relacionado, geralmente com motivações parecidas (oba! uma oportunidade!) é comprar coisas só porque estão em promoção. Mas deixo pra falar disso depois.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Guest post: Descartando coisas e crenças

A Fer Santos deixou um depoimento ótimo nos comentários e eu pedi a ela para transformá-lo em um guest post. Achei muito legal encontrar alguém que faz os mesmos questionamentos - e encontra a mesma alegria nos resultados - que a Fernanda aqui do blog e eu.

Às vezes me parece que, para uma boa quantidade de mulheres, o minimalismo é complicado porque toca em um ponto nevrálgico: a aparência, e a nossa crença que precisamos ser belas para termos valor. Dá pra ser feliz sem um armário cheio de roupas e um banheiro cheio de cosméticos? Eu acho que dá, e a Fer acha também.

"Estou num processo intenso de avaliação dos meus valores como mulher e sobretudo como pessoa. E por isso estou te escrevendo pra dar um depoimento sobre a minha entrada no minimalismo.

Sempre fui uma criança peralta e curiosa. Gostava de ler. Tenho TDAH e por isso tinha hiperfocos de passar 3 dias seguidos lendo um livro sem querer fazer mais nada.Também gostei de Barbie, de brincar na rua, jogar futebol, fui uma criança feliz.

Mas aí chegou a adolescência e com ela todo tipo de encanações com a minha aparência. Eu não me achava bonita, nunca achei. Todo mundo dizia que eu tinha um corpo lindo, mas que meu nariz de batata e meu cabelo cacheado me deixava com cara de pobre. Sim, diziam ISSO. E hoje vejo q essa frase contém tantos absurdos (nariz e cacho classifica alguém socialmente? Ser pobre é defeito?) que prefiro nem me delongar nisso.

E nessa acabei crescendo com alguns valores bem distorcidos em relação a auto-imagem.
Maquiagem não era pra me sentir bonita, brincar com as cores. Maquiagem, pra mim, tinha uma função corretiva, de esconder meus “defeitos horríveis”.

Comecei a comprar muita roupa, andar super arrumada pra ficar “bonita”. Gastei fortunas nisso.

Sempre odiei salto, mas tinha vários pares pq “mulher sem alto não dá” e “tu tem corpão, mostra essas pernas que são o teu forte”.

Sempre gostei de ler, mas nos últimos anos percebi uma compulsão na compra de livros e não na leitura deles. Hoje vejo que comprava tantos livros porque eles representavam a imagem q eu queria projetar .

Tudo isso porque na minha cabeça, pra me sentir aceita eu tinha que estar adequada. E adequada, pra mim, era mais do q ser inteligente, culta, arrumada e bonita. ERA PARECER TUDO ISSO.

Só que esse ano fiz 34 anos. E começou a me bater um sentimento de PORQUE RAIOS EU VOU ME IMPORTAR COM QUEM SÓ VAI ME JULGAR? Por que eu preciso deixar de tomar cerveja com meus amigos pra passar o sábado no cabeleireiro? Por que é coisa de mulher? QUEM DISSE?

Resolvi adotar o minimalismo e está sendo libertador, porque eu não estou só descartando COISAS, mas sobretudo CRENÇAS que me aprisionavam.

Faz três meses que não compro NADA, doei várias coisas, sobretudo roupas q não combinavam comigo. Também parei de fazer as unhas, doei todos os meus saltos altos. Meu marido (q é única pessoa q me importa nesse contexto) me acha bonita e bacana de qualquer jeito.

Ainda uso corretivo, rímel. Adoro me maquiar, usar batom vermelho, acho lindo, teatral. Mas é um processo mais consciente, e sobretudo mais divertido. Curtição mesmo.

Mas é todo um processo. E teu blog me ajudou muito nesse sentido."

Gato feliz. Igual a gente.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A dificuldade de fazer diferente

Mudar de vida não é fácil.

Fica mais difícil ainda mudar se seus novos valores vão contra o que é pregado pela mídia e pela cultura. Isso porque os estímulos estão ali o tempo todo. É praticamente impossível evitá-los (a não ser que você tope ir viver nas montanhas de subsistência), então o jeito é resistir à tentação.

Não consumir é dificílimo quando tem propagada pra tudo quanto é lado, quando todo mundo acha normal trocar de celular todo ano, quando você é avaliado pelos bens que possui, quando as pessoas acham que uma maneira boa de lidar com stress e tristeza é se dando um presentinho.

É difícil. E a maioria das pessoas não vai te apoiar. Elas vão te questionar, te chamar de comunista e de hippie, falar que um dia só não faz mal não (vão falar isso todo dia). Porque veja... Para elas não vai ser fácil ver que alguém consegue não se submeter ao que é esperado dela. Isso abala o mundo da pessoa. E pouca gente gosta de ter seu mundo abalado assim na sua cara. Ela quer achar que não tem escolha, e se você mostra pra ela que tem sim...

Vejo isso acontecer toda hora... Com quem tenta mudar seus hábitos alimentares, ou parar de beber, ou parar de fumar, ou vender o carro e se locomover de bicicleta (a cultura do carro é muito forte), ou parar de comprar. Vejo isso até em quem tenta, como eu estou fazendo, não ter cabelo alisado e nem pintado de loiro. Ou quem prefere não se encaixar no script ao não casar ou não ter filhos.

É chato. É difícil. A gente tropeça. Mas viver a vida que se quer, de acordo com o que se acredita, vale a pena, viu? E como vale!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Nem só de pão vive o ser humano

O objetivo do minimalismo é reduzir as posses materiais ao mínimo necessário. Mas "o mínimo necessário" não se refere só às necessidades físicas, como abrigo e alimentação. O alimento do espírito também conta, e como!

Em uma vida minimalista há tempo para a arte, a diversão, os relacionamentos, as experiências. Há espaço para os objetos também, mas como ferramentas, não como objetivos de vida.

Como nos ensinam que os objetos SÃO objetivos de vida ("felicidade é ter casa própria, carro, eletrônicos modernos e roupas de marca"), se tornar minimalista é um processo. No caminho, vamos questionando o que é importante e o que não é.

E a resposta é diferente para cada um.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

No Reino Perdido do Beleléu

Livro infantil fofo.
Peguei a imagem aqui.
Quando eu era criança, li esse livro da Maria Heloísa Penteado na escola. Na história, o Reino Perdido do Beleléu é um lugar fantástico onde tudo que some vai parar - pé de meia, caneta, escova, aquelas coisas que a gente sempre perde.

Ainda hoje eu sempre brinco falando desse livro quando alguma coisa minha some.

Então... Dia desses eu percebi que eu tenho uma grande entrada pro reino perdido do beleléu na minha vida: é a gaveta de coisas diversas que fica no móvel ao lado da minha cama.

Todas as coisas que eu não sei onde guardar e quando estou sem paciência pra pensar, eu jogo lá. As coisas vão se acumulando sem que eu perceba. As coisas ficam lá, bagunçadas, e eu nunca lembro de olhar o que tem lá dentro. Se eu não sei que as coisas estão lá e também não procuro, é como se eu não as tivesse, certo?

Seguindo minha nova técnica de arrumar armários (vou colocar aqui em breve), tirei tudo para fora, limpei e fotografei, antes de decidir o que fazer com aquelas coisas.

Primeira surpresa, eu tinha guardado na gaveta um creme hidratante para as mãos e eu devo ter fechado a tampa com tanta força pra não vazar que a tampa quebrou e vazou tudo. Meu reino perdido do beleléu estava inundado de creme com cheirinho de alfazema. Uma lindeza...

Depois, fui achando várias coisas esquecidas: umas 10 canetas, um texto que eu imprimi pra ler depois e esqueci, uns 20 marcadores de livro (o mais engraçado é que eu nunca lembro de pegar os marcadores quando começo a ler um livro, então acabo sempre marcando com o primeiro pedaço de papel que acho), umas peças indecifráveis que eu não faço ideia de onde sejam, uns CDs que eu não lembrava que tinha, um carregador de celular do meu aparelho antigo, um tanto de pacote de halls pela metade... Enfim... Um monte de coisa.

Dei destino pra maioria das coisas e deixei ali só o que eu realmente vou usar quando estiver deitada na cama. Não tenho dúvidas de que daqui a pouco vou acumular coisa de novo, mas vou tentar acumular menos e arrumar com mais frequência.

Alguns típicos reinos perdidos do beleléu na casa da maioria das pessoas é a parte de cima dos armários, baus e despensas. É bom dar arrumada nesses lugares de vez em quando para encontrar coisas esquecidas e que até se supôs perdidas, pra limpar as coisas, pra algumas não mofarem e para desacumular.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Mania de lembrancinhas

Herdei da minha mãe o (mau) hábito: toda vez que viajo pra um pouco mais longe, trago presentinhos pra galera. Em 2010, instituí uma regra: lembrancinhas, só para os pais, avós, irmãos, sobrinhos e amigos muito próximos. Isso quer dizer que, antes, as compras eram mais fora de controle ainda!

Tenho prazer em me lembrar de pessoas queridas em viagens e trazer uma coisinha especial pra cada um. Mas percebi que a gente compra um ímã aqui, uma camiseta lá, e a conta termina ficando alta. Isso até que não é tão ruim: o pior são os gastos ocultos. Se você passa 15 minutos na lojinha do museu, são 15 a menos que você poderia ter usado namorando os quadros, não é? E sabe quanto custam 15 minutos no museu? Não é o preço da entrada. Pra voltar àquele museu você precisa pagar de novo a passagem + a estadia + a entrada. O tempo, em uma viagem, é muito precioso.

E às vezes a pessoa que recebe o presente nem liga tanto, sabe? Ela fica feliz de você ter se lembrado dela, mas o lenço típico que você trouxe vai direto pra gaveta. Ou seja: a lembrança conta, o objeto não. Em tese, ela ficaria tão satisfeita quanto se você tirasse uma foto de um lugar que é a cara dela e contar que queria que ela estivesse lá com você.

Então, resolvi eliminar o comércio da lista de pontos turísticos dos lugares a que eu vou. Sim, o comércio é legal e colorido e bonito, mas se eu estou tentando diminuir minhas posses e meu consumo, vou fazer o que lá?

Pinóquios em uma vitrine na Itália. Será que eles
viram meninos de verdade?

sábado, 1 de setembro de 2012

Para quê tanto cartão de crédito?

Esta semana que tive que separar uma hora do meu dia, além de uma boa dose de paciência, para ligar para o atendimento do meu cartão de crédito e negociar a anuidade. Que perda de tempo...

Cartão de crédito é muito prático. Se for bem usado, pode ser ótimo. Com ele, você não precisa ficar carregando altas quantias em dinheiro. Pode ainda dar descontos e acumular milhas. Nem vou entrar aqui na questão da má utilização do cartão, e do perigo das vendas parceladas. Vou falar apenas do excesso em número de cartões e do trabalho que isso dá, e a gente nem percebe.

Eu tinha 6 cartões de crédito. Dois vinculados às minhas duas contas em banco, um pra comprar no Submarino, um que eu fiz séculos atrás quando ainda não tinha conta em banco (só poupança), um de outra bandeira e outro gold que me ofereceram e eu, com preguiça de dizer não pra atendente de telemarketing, que ficou insistindo um tempão, aceitei.

A gente acha que ter vários cartões não faz diferença, mas faz. Para cada cartão, eu tinha que:

  • Receber fatura (pegar o envelope, abrir, conferir e guardar a fatura);
  • Pagar fatura (anotar na agenda, lembrar de pagar, ir ao banco ou acessar pela internet, pagar, guardar a fatura paga e o comprovante);
  • Carregar o cartão (vai engordando e pesando a carteira);
  • Pagar seguro contra roubo;
  • Receber ligações e cartas oferecendo todo tipo de seguro;
  • Negociar anualmente a anuidade (ligar, passar pelos mil menus, digitar seus dados um tanto de vezes, insistir com a atendente, ser passado de um departamento pra outro, ter que fingir que vai cancelar, ligar de novo porque desligaram na sua cara etc. etc.);
  • Pesquisar o que fazer com os pontos (entrar no site, ver as opções, escolher uma);
  • Cancelar, em caso de roubo (e ainda correr o risco do ladrão usar antes).

Além disso, ao usar vários cartões, eu acumulo pontos picados e só consigo trocar por coisas pequenas. Concentrando em um só, eu posso trocar por coisas mais legais.

Os atendentes de telemarketing tentam nos empurrar a necessidade de ter várias bandeiras (pelo menos visa e mastercard) pro caso de algum lugar não aceitar uma. Olha... Isso aconteceu comigo UMA vez. E nessa uma vez, eu paguei com dinheiro. Em todos os lugares que já visitei (no Brasil e fora), em cada muquifo, boteco, salão, posto de gasolina, tudo... Tudo aceita pelo menos essas duas bandeiras.

Saí cancelando tudo (inclusive fechei uma das contas em banco) e agora tenho só dois: o vinculado à minha conta e o Submarino.

O Submarino é um ponto fraco meu ainda. Eu compro muitos filmes e livros. Sei que tenho que mudar isso. Mas vamos lá... Um passo de cada vez.