sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Minimalismo X economia

Minimalismo e economia são coisas diferentes. Elas andam muito bem juntas, mas não estão necessariamente ligadas.

Minimalismo é eliminação de supérfluos. Pessoa pode resolver ter uma única bolsa e comprar uma Chanel 2.55 (aquela que custa  uns dois mil dólares).

Economia é contenção de gastos. Pessoa pode gastar poucas dilmas em bolsas e ter várias (porque comprou em liquidações e brechós ou ganhou de presente).

Quando adotei o minimalismo, travei algumas lutas contra meu bom-senso econômico. Eu sou do tipo "quem guarda tem", que jura que manter um monte de tralhas é praticamente dinheiro no bolso - se um dia você precisar daquele item, está lá na gaveta. Já o minimalismo quer que você se livre de tudo que não seja imediatamente útil - nada de ficar estocando objetos para uma necessidade eventual que pode jamais ocorrer.

No fim das contas, o estilo de vida mínimo tende a resultar em redução de despesas: para guardar coisinhas, você tem de ter armários/gavetas/baús, que ficam em quartos, o que te obriga a alugar/comprar uma casa maior, o que desagua em custos maiores de manutenção, eletricidade e impostos. Poucos objetos = menores gastos. Mas há os minimalistas que gostam de investir em experiências (em oposição a bens materiais), e aí já viu: dormir em hotel de gelo e acampar no deserto não fica barato.

Eu me considero uma subespécie minimalista: a minimalista econômica. Gosto de ter pouca coisa, e gosto de  ter um custo de vida baixo. Para mim, o resultado da soma desses elementos é liberdade: de ficar um tempo sem trabalhar, de mudar de endereço, de viajar por aí.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Programas minimalistas

Sair para passear é uma coisa ótima. Encontrar com os amigos, a família... Comemorar algum acontecimento ou uma data. Distrair e aproveitar a vida.

Eu gosto, mas tenho reparado que passeios nos custam muito. Primeiro e mais óbvio, porque gastamos muito dinheiro. Depois, porque acabamos na maioria das vezes voltando tarde pra casa e bagunçando toda a rotina. Por fim, porque tendemos a comer mal e beber muito nessas ocasiões, o que não é lá muito saudável e nem minimalista.

Desde que adotei o minimalismo, sempre penso: "O que é essencial e supérfluo neste caso?". Geralmente, nas saídas, o essencial é estar com as pessoas.

Comecei então a buscar inspiração nos programas que eu fazia com meus amigos na adolescência, quando eu não tinha dinheiro, não podia voltar tarde pra casa e não bebia ainda, e mesmo assim me divertia demais. Algumas coisas que eu fazia e que ainda dá pra fazer:

1. Encontro em casa, pra jogar baralho ou jogo de tabuleiro, pra ver um filme na TV, pra cozinhar alguma coisa juntos... Nada chique. O foco são as pessoas.

2. Andar a esmo. Podia ser pela Savassi (bairro aqui de BH), olhando os bares, as pessoas, encontrando um ou outro conhecido, tomando um sorvete. Podia ser em algum lugar agradável pra conversar, como numa praça ou em um parque. A ideia era conversar e aproveitar a companhia da pessoa.

Fotos de Praça da Savassi (Praça Diogo de Vasconcelos), Belo Horizonte
Esta foto de Praça da Savassi (Praça Diogo de Vasconcelos)
é cortesia do TripAdvisor
3. Praticar uma atividade física. Chamar os amigos pra caminhar, jogar futebol, correr. Sem competição, só pela diversão da coisa.

Lembrei também que eu sempre comia antes de sair de casa. Na rua, só petiscos, um sorvete e talvez uma ou outra bebida alcóolica. Eu não preciso chegar no bar morrendo de fome e me entupir de batata frita e picanha. Posso comer em casa e só petiscar no bar.

É curioso como a gente tende a focar todos os passeios em comida e bebida, sendo que isso geralmente não é o mais importante.

Claro que tem as ocasiões em que o essencial mesmo é a refeição, é conhecer um lugar novo e legal, mudar a rotina. Nesses casos, o foco é outro.

Aí, já seria bom pesquisar um lugar que tenha um equilíbrio entre qualidade e preço. Melhor também marcar mais cedo, pra não chegar em casa de madrugada e perder o outro dia todo. E, no lugar, não preciso comer e nem beber como se o mundo fosse acabar amanhã, não é?

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Malamalismo (ou minimalismo nas malas)

Atire a primeira necéssaire lotada quem nunca carregou malas gigantes e só usou uma fração do que estava lá dentro. Eu já viajei levando calça branca (sujava só de olhar), vestido chique (que nunca vesti) e uma coleção de cachecóis (pra ficar diferente nas fotos). Vaidade, teu nome é excesso de bagagem.

Passei a lua de mel na Argentina com uma mala tamanho família (eu cabia dentro dela. Sério). Aos poucos, fui percebendo que eu não precisava de tanta roupa. Oito anos e oito viagens longas depois, cheguei ao ápice da minha arte: em outubro do ano passado, passamos três semanas na Itália, no outono, levando uma mala pequena e uma bolsa de mão. Para os dois.

(Quando anunciei esse plano para o Leo, ele duvidou - ah, homem de pouca fé. Mas quando viu a mala pronta, ficou todo orgulhoso.)

A manha da mala pequena foi lavar roupa: meias e roupas térmicas no banheiro do hotel (com sabão líquido) e as outras peças em lavanderia de rua (no fim da primeira e da segunda semanas).

Viajei com as roupinhas aí em baixo. O guarda-roupa de viagem segue os mesmos princípios do guarda-roupa de trabalho: roupas escuras (a maioria!), discretas, confortáveis, que combinam entre si. Uma bolsa, um sapato. O casaco e as botas, que são as peças mais volumosas, embarcam no corpo.


Sim, eu já viajei para lugares frios levando dois casacos e duas botas (pra variar o modelito). Dessa vez, tinha acabado de aderir ao minimalismo e testei levar um só de cada. (Atenção: um único par de sapatos em viagens só dá certo para períodos de frio, calçados amaciadíssimos e gente que se dispõe a lavar meias com frequência. Não vão embarcar com sapato novo de saltinho, arrebentar os pés no primeiro dia e depois falar que fui eu que mandei.)

Foi ótimo, prático, fácil. Viajamos só de trem e era uma beleza se preocupar com uma única malinha. Recomendo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

1 ano sem comprar!

Em agosto do ano passado, decidimos parar de comprar. Para economizar, para não juntar mais objetos, para aprendermos a viver com menos - todos ótimos motivos.

Fiquei calmo e não compre!
As regras são simples. Só pode:
1) comida
2) produtos de limpeza
3) remédios
4) material de estudo
5) presentes (para os outros)
6) necessidades do sabático

Demos umas escorregadas, é verdade. Quando viajamos em outubro, acabamos comprando livros. Eu comprei também um blazer preto e um xampu para cabelos brancos. O blazer é utilíssimo para trabalhar, mas os cabelos brancos que estavam ameaçando chegar desistiram (ou seja: eu devia ter esperado ter mais de um ou dois na cabeça antes de arrumar um xampu pra eles!). Ah, também torrei 40 reais em materiais (papel contact + estilete) para decorar o novo apê.

Teríamos comprado outras coisas, desnecessárias, se não estivéssemos "de altas" do consumo:
1) uma botinha para viajar no fim do ano passado. Usei a que eu já tinha (sim, eu tinha uma bota preta e queria comprar outra, só porque o modelo era diferente).
2) um HD externo. Estava na promoção, e ficamos tentados, mas concluímos que os HDs que temos (externos e internos) são suficientes para guardar nossos documentos digitalizados.
3) um cesto para roupa suja. No apê antigo, a gente jogava as roupas usadas dentro da máquina de lavar. No novo não tem máquina. Pensamos em adquirir um cesto, mas acabamos usando um balde que fica debaixo do tanque. Quando acumula o suficiente levamos para a lavanderia (em um saco, não no balde. Se bem que a ideia não é ruim, não).

O que aprendi

Eu não me considerava uma pessoa consumista, e achava que ia ser moleza. A proibição me fez perceber que eu gostava de uma comprinha, sim. Principalmente em liquidações. Tive momentos em que me senti uma coitadinha (pura manha, claro).

Descobri que fico encantada com a possibilidade de fazer "um bom negócio": promoções e  descontos são comigo mesmo. Mas é claro que não é um bom negócio se vou usar pouco ou nada. Estou feliz de estar perdendo esse hábito.

Gostei de perceber que não fazer compras estimulou minha criatividade. Deixei o quarto-e-sala com a nossa cara na base do papel contact, gravuras e capas de almofada que a gente já tinha. (O fato dele ser pequetito ajudou muito na decoração: poucos ambientes para enfeitar!)

E, claro, não comprar ajuda no minimalismo: é mais fácil diminuir as posses se a gente não está adquirindo novas o tempo todo.

sábado, 25 de agosto de 2012

Desapegando dos cosméticos

Ao longo da vida, eu ganhei trilhões de potinhos de tudo quanto é cosmético, e comprei alguns também. Aqueles kits de sabonete, hidratante e perfume então. Nossa!! Todo aniversário ganho uns dois. Quando me meto ainda a olhar a revista da Avon, volta e meia acho uma promoção, ou uma novidade, e compro. 

Resultado: tenho uns 15 hidratantes, uns 20 sabonetes, uns 10 perfumes, 5 protetores solares e uso pouquíssimo. Vão acumulando. Hidrante, uso muito pouco mesmo. Sabonete, fico com dó de usar os "chiques" ganhados e compro outros para o dia-a-dia. Perfumes, uso pouco e cada hora um.

Como meu armário é minúsculo e a poeira está sempre por aí, resolvi dar um jeito nisso antes de aparecer no "Acumuladores". Além do que, é um desperdício de espaço e dinheiro, o que vai totalmente contra minha nova filosofia de vida.

1. Diagnóstico. Pra ter certeza da gravidade da questão, juntei todos os cosméticos que estavam espalhados (armário do quarto, criadinho, banheiro...) e coloquei tudo em cima da cama. Vi que eu tinha mais ainda do que pensava.

Pra quê isso tudo?
2. Doar alguns hidratantes e perfumes. Dei pra minha mãe, pra minha irmã, pra uma menina no trabalho... Guardei só alguns que irei usar.

3. Usar o que já está aberto. Comecei pelos que tinham menos quantidade, para eles acabarem mais rápido e assim eu conseguir ocupar menos espaço em menos tempo. Vou indo na ordem, até que acabe com todos os abertos.

4. Parar de guardar para uma "ocasião especial". Depois de usar os abertos, vou colocar na roda aqueles sabonetes chiques, hidratantes importados e perfumes caros que fico guardando para uma data especial que nunca chega e que, quando chega, é uma vez a cada sei lá quantos meses. Se eu ficar esperando, esses produtos vão perder a validade, ressecar, evaporar, e enquanto isso eu fico lá gastando comprando novos. 

5. Não comprar mais. Uso os que tenho e os que eu inevitavelmente vou ganhar (o que é ótimo - presentes consumíveis são os melhores). Se eu tiver apenas um de determinado item, e não ganhar outro, aí posso começar a olhar as promoções pra comprar o próximo.

Agora estou numa luta pra convencer minha mãe a fazer isso também. No banheiro dela, tem uns 5 shampoos abertos pela metade. Por quê? Ah... Um ela comprou, usou, mas não gostou muito. Aí comprou outro melhor e estava usando até que pintou o cabelo e comprou um próprio para cabelos pintados. E lá foram se juntando os shampoos pela metade.

É ou não é produto em excesso?

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

De 100 para 25 metros quadrados

No início de 2012, eu e Marido começamos a flertar com a ideia de nos mudarmos para um apartamento menor. A razão principal foi a grana - a gente queria economizar a maior quantidade de dinheiro possível para o sabático, e os aluguéis de Brasília são extorsivos. Pagávamos 2.700 reais por um apê bacaninha de três quartos, todo reformado, na Asa Sul - e em setembro o valor seria corrigido.

(No interior de Minas, aluguel E condomínio de um apartamento menos sofisticado, mas maior, custavam 1.000 reais. É de chorar, eu sei.)

Começamos a investigar lugares menores e mais baratos (ou menos caros). Acabamos fechando em um quarto-e-sala mobiliado a alguns quarteirões do endereço original, cujo aluguel é metade do valor. Antes da mudança, fizemos um "família vende tudo" e despachamos quase todos os móveis, objetos de decoração e utensílios domésticos.

O apê novo é menos bonito? Claro. Menos confortável? Sem dúvida. Mas o ser humano é lindamente adaptável, e depois de uns dias no novo lar já estávamos achando tudo uma beleza.

A gente morava aqui...
... e agora mora aqui.
Moral da história? Não more em Brasília. Moral da história sério? A gente precisa de muito menos do que pensa que precisa para ser feliz.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O almoço - um exercício de foco

Focar no essencial não é fácil. O mundo é um convite à distração. A gente recebe tanto estímulo o tempo todo que pouco pára pra pensar se a gente quer fazer aquilo mesmo, se aquilo merece nossa atenção, se aquilo é essencial ou supérfluo. A gente faz tudo mais ou menos, está sempre com pressa e sempre estressado.

Exemplo... A pessoa vai almoçar em um restaurante e lá tem televisão. Sem perceber, a pessoa assiste o que está passando, que sempre é uma bobagem na Globo. Na hora do almoço, é programa de esporte (futebol ou MMA) ou aquele jornal bobinho que fala sobre o que fazer com as crianças nas férias. Se não tem televisão, a pessoa fica pensando no que vai fazer quando voltar pro trabalho. Resultado: essa pessoa nem percebe o que come, come mais do que o necessário e fica estressada. Essa pessoa sou eu. Ou pelo menos era.

Alguém já parou para prestar atenção na comida enquanto está comendo? Eu fiquei surpresa quando comecei a fazer esse exercício. Os sabores, as texturas... Descobri que eu não gosto de algumas coisas que comia sem perceber, que adoro outras e que tem coisas que não combinam no mesmo prato (tomate e feijão). Descobri que, se eu como mais devagar, não fico tão inchada e com tanto sono logo depois do almoço.

E relaxei...

O almoço agora é um momento de pausa, de limpeza de pensamentos. Tento limpar a cabeça, desacelerar, pra depois voltar pro trabalho. Volto do almoço mais tranquila, e mais leve.

Deixo pra pensar no trabalho enquanto trabalhando. E em almoçar enquanto estou almoçando. Assim, aproveito mais cada um desses momentos e não perco tempo vendo um jornal besta qualquer.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A vida não é filme - mas bem que podia ser

Muitas e muitas horas de filmagem são produzidas para se fazer um filme. Aí entra o editor, que seleciona as cenas que contam melhor a história, corta o que não tem importância e monta a versão final.

Uma vida minimalista é uma vida editada. A gente escolhe o que conta melhor nossa história e do resto a gente se desfaz. Geralmente a escolha começa pelas posses materiais, mas não pára aí: entram também atividades, hábitos, despesas e até relacionamentos.

Fica tudo mais bonito, porque mantemos o que nos importa. A bagunça, o barulho e o excesso vão embora.

Tem horas que é sofrido, como quando descobrimos que as cenas da pirâmide dourada com sessenta camelos alados não fazem sentido na narrativa. Aí, embora essa parte tenha custado uma fortuna, o jeito é deixar no chão da sala de edição. (A minha pirâmide dourada com camelos eram os móveis e utensílios domésticos. Talvez eu descubra outros pelo caminho.)

Estou gostando de editar minha vida. Ando eliminando um monte de partes que só serviam pra encher linguiça (e me custavam tempo, dinheiro e energia). Está ficando o que realmente quero, gosto e preciso.

Abaixo os camelos alados!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Por que não comprar um apartamento

Como já contei aqui, até o fim do ano passado, eu tinha o plano de comprar um apartamento, mas desisti. Por vários e vários motivos.

Primeiro, descobri que os apartamentos estão caríssimos. Pode fazer uma pesquisa na internet. Os preços subiram um absurdo nos últimos tempos. Alguns analistas dizem até que se trata de uma bolha imobiliária (aqui, aqui e aqui, por exemplo). Bolha ou não, os preços estão altos.

Colocando na ponta do lápis (ou do excel), se eu investir o dinheiro com o qual compraria o apartamento, mesmo que seja na poupança ou no tesouro direto, eu vou ganhar mais dinheiro do que o valor do aluguel, e ainda vou ter todo o dinheiro ali pra quando/se eu precisar.

Segundo, percebi que comprar um apartamento ia me trazer uma dívida enorme e loooonga. E eu odeio ficar devendo. Vai contra o que eu quero pra minha vida, que é simplicidade e liberdade. Imagina aqueles financiamentos de anos... Quero me livrar de amarras, não buscar mais uma.

Sem contar que eu ia ficar morrendo de medo de perder o emprego e não ter como pagar as prestações.

Sem contar ainda que meu dinheiro ficaria parado, e eu não poderia usá-lo caso aparecesse uma oportunidade de investimento ou de vida mesmo.

Tem mais motivo ainda... Eu acho importantíssimo morar perto do trabalho. Há dois meses meu trabalho mudou de sede. Antes eu morava a 5 km de distância, hoje são 15 km. Perco preciosas horas (sim... horas, no plural) do meu dia no trânsito. Tempo jogado fora. Estou pensando em alugar um apartamento perto do trabalho, mas comprar não. Vai que eu compro um apartamento perto deste trabalho de agora e a sede muda de endereço de novo... Ou então que eu mude de emprego.

Comprar apartamento pode ser uma ótima ideia para muita gente, não nego. Mas não combina com o que quero pra minha vida e com o momento em que estou agora. Então, não comprarei.

domingo, 19 de agosto de 2012

Meu guarda-roupa de trabalho: 17 peças

Trabalho em uma empresa conservadora. Os executivos usam terno e gravata. As executivas usam de tudo, de vestido a terninho, e maioria prefere os saltos.

Comecei a desconfiar que os executivos é que se dão bem. Terno é quente e caro, mas o prédio tem ar-condicionado, eles ganham bem, e terno é tão uniforme que é bem provável que muitos dos meus colegas tenham um ou dois e só troquem a camisa e a gravata. Sem falar dos sapatos sociais masculinos, que são baixos, confortáveis e geralmente pretos. De novo, aposto que a galera tem um par ou dois e troca todo dia só as meias. E tem mais: como o terno cobre tudo, os moços não precisam se preocupar se estão em forma, bronzeados ou hidratados.

Aí tive um estalo: a manha do guarda-roupa de trabalho enxuto é a descrição. Várias peças tão parecidas e coordenadas que o povo registra que você trocou de roupa mas nem presta atenção no que você está vestindo.

Depois de vários testes e considerações, cheguei ao guarda-roupa abaixo, que é adequado ao meu ambiente de trabalho.

(Usei o Polyvore: foi fácil achar peças iguais ou muito parecidas com as minhas. É tudo básico mesmo.)


Para mim, essa seleção tem várias vantagens:

1) tudo combina com tudo. Isso é verdade tanto quanto às cores (preto, branco, cinza, azul e vermelho) quanto às proporções. E as bainhas das calças são do tamanho certo para ambos os sapatos (ambos baixos).

2) Os acessórios são de uma cor só, neutra (preto) e poucos (uma bolsa, dois sapatos).

3) Nada aperta, machuca ou incomoda. Acho a combinação calça + camisa muito confortável.

De manhã, não tem drama: é catar uma calça e um sapato diferentes do que eu usei no dia anterior, uma parte de cima qualquer, um blazer, e tô pronta pra luta. Quando preciso caminhar, nem pisco o olho. E não me preocupo em "dar lance" se me abaixo ou cruzo as pernas.  

Tem funcionado muito bem.

sábado, 18 de agosto de 2012

O dia em que eu voltei para casa

Foi um dia traumático. Eu não sabia que tinha acumulado tanto porque todas as minhas coisas ficavam espalhadas em um espaço maior, dentro de vários armários e gavetas. Foi chocante ter tudo ali diante de mim. Putz! Como a gente junta coisa nessa vida.

Meu novo/velho quarto semi arrumado, no dia da mudança.
Tinha tanta coisa ali que eu não fazia nem ideia. Coisas que eu não usava há 10 anos. Coisas que eu não tinha usado uma única vez na vida. Coisas estragadas. Coisas de outras pessoas que eu tinha esquecido de devolver. Enfim... Muitas coisas.
Muitas coisas e pouco espaço.

No calor do momento, já aproveitei para doar algumas roupas que não usava mais para a minha irmã, separar outras para doação e jogar umas papeladas inúteis fora. Coloquei todas as coisas de outras pessoas em uma caixa, que deixei bem à vista para eu não esquecer de devolver.

Mesmo quarto, mesmo dia, outro ângulo, mais coisas.
Arrumei essa bagunça da foto ainda no dia, mas ficaram duas caixas para fora. A caixa com coisas dos outros e meus sapatos. Simplesmente não sobrou espaço.

Assim como a Lud, estou passando por um processo. Fui aos poucos me organizando, me desapegando, doando coisas, deixando de comprar novas.

Hoje meu quarto está bem mais arrumado e o mais incrível: eu sei de tudo e uso tudo que tem dentro dele. Bom... Quase tudo... Mas tenhamos calma. O minimalismo é um processo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O caminho do desapego

Não foi do dia pra noite que resolvi viver com menos. Li, resmunguei e esquentei a cabeça bastante antes de me convencer de que o minimalismo fazia sentido. 
O caminho é longo. E tão bonito!

A verdade é que eu gosto de guardar coisas. Não chego a ser uma acumuladora de programa de televisão porque não sou das mais consumistas, mas "quem guarda tem" é (ou era!) meu lema. Adoro precisar de um objeto aleatório, tipo um terminal de trilho suíço, correr pra uma gaveta, tirar de lá o tal objeto aleatório e brandi-lo vitoriosamente.

Só que eu cheguei a uma encruzilhada: continuar minha rotina, cercada das minhas coisinhas, OU topar abrir mão de tudo e sair pelo mundo. 

Em um mundo ideal, eu seria milionária e manteria um apartamento montado no Brasil enquanto pipocava por aí. Na vida real, eu tive de escolher. 


Escolhi virar uma pessoa portátil. 

A viagem estava marcada para o fim de 2014. Então, eu tinha um longo e confortável prazo para ir diminuindo gradativamente minhas posses e selecionando o que eu queria guardar (álbuns de fotos! diplomas!  lembranças de viagem!). 


Aí adiantamos a viagem para o fim de 2013 e tive que correr com o andor. 


Comecei pelas roupas e sapatos. Passei para os cosméticos. Deixei de comprar. Esvaziei gavetas. Me entusiasmei. Despachei os livros. Pedi presentes consumíveis ou digitais. Vendi os móveis, eletrodomésticos, enfeites e objetos de cozinha e mudei para um lugar muito menor e mobiliado. Continuei sem comprar.


E, para minha grande surpresa, e apesar dos momentos de choro e ranger de dentes, o  processo está sendo divertidíssimo.


Me livrar dos meus objetos está sendo muito menos dolorido do que eu imaginava. A verdade é que, depois de umas horas ou dias, eu nem me lembro mais deles. E quer saber? Estou achando que viver com menos é muito mais prático e legal mesmo. 

Descobrindo o minimalismo

Há quase um ano, voltei a morar na casa da minha mãe. Além de motivos familiares, um dos meus objetivos era economizar para poder comprar meu apartamento.

Ao voltar para meu pequenino quarto de infância, tive que fazer com que tudo que eu tinha adquirido coubesse naquele espaço mínimo. Foi meu primeiro desafio minimalista. Tive que começar a desapegar de parte dos meus bens para ter onde guardar os que sobraram. Tive que ir desenvolvendo também um senso forte de organização (eu já tinha algum).

Na mesma época, comecei a planejar a tal compra de apartamento e fui aos poucos desistindo da ideia. Os motivos são vários, mas o principal é evitar uma dívida. Eu tenho pavor de dever. Me sinto amarrada. E um desse porte então! Eu preciso me sentir livre de dívidas para ficar em paz. Tenho que saber que posso largar o trabalho se as condições começarem a me incomodar demais.

Essa necessidade de não ficar aprisionada pela necessidade de dinheiro me fez ainda começar a repensar o tanto que eu consumia, e como eu poderia investir para que meu dinheiro me trouxesse liberdade e tranquilidade.

Para arrematar, há cerca de 8 meses, em uma consulta médica, eu descobri que estava com uma gastrite nervosa e acima do peso, tudo resultado de stress. Comecei a buscar então maneiras de simplificar minha vida.

Resumindo: morar em um lugar pequeno me fez repensar no que eu já tinha; querer independência financeira me fez pensar duas vezes antes de comprar mais coisas; precisar melhorar minha saúde me fez buscar simplificar meus hábitos e focar no que é importante.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Minimalizar por quê?

Em poucas palavras? Para viver uma grande aventura.

Ou em muitas? Eu tinha 30 e poucos anos, era uma pessoa tranquila e contente, casada, com casa montada e emprego seguro. Um dia, eu e o marido começamos a especular sobre o futuro:

"A gente podia mudar para a Europa quando se aposentar, né? Daqui a uns 20 e tantos anos."
"É."

Uns meses depois:
"20 e tantos anos é muito tempo. A gente podia economizar muito para juntar bastante dinheiro, se aposentar em 12 anos e se mudar para a Europa, né?"
"É."

Mais uns meses:
"12 anos é muito tempo. Que tal a gente tirar uma licença do trabalho daqui uns anos e ir morar uns tempos na Europa?"
"Ótima ideia. Mas será que a gente tem grana suficiente? Pagar as despesas lá, o aluguel aqui..."
"Nossa, fica caro mesmo. Esquece."

...
"E se a gente entregar o apartamento e colocar os móveis em um depósito?"
"Puxa, temos tanta coisa. O depósito vai ficar caríssimo. E depois dizem que eles nunca tomam conta direito, que as coisas podem mofar, estragar..."
"É mesmo. Esquece."

...
"E se a gente entregar o apartamento e nos desfazermos de todas as nossas coisas?"
"Nos desfazermos das nossas coisinhas? Os presentes que ganhamos de casamento? Os móveis que a gente comprou com tanto carinho? As lembranças que trouxemos das viagens? Os livros?!?"
"É."
"Peraí que eu estou tendo palpitações."

...
"Então, sabe aquela ideia de vender tudo e sair viajando pelo mundo?"
"Sim?"
"Eu topo."

Boa troca, né não?